quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Minha alma está de pranto!

Morreu Stéphane Hessel, autor de Indignai-vos!

 Ler mais aqui:

Fonte:google.com (argentina)

http://www.publico.pt/cultura/noticia/morreu-stephane-hessel-autor-de-indignaivos-1585945 

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Viagens por mi España: Toledo alternativo III - Guadamur


Para fechar estes 3 capítulos de Toledo alternativo, vou-vos falar, como não, de Guadamur, uma aldeola a 12 Km de Toledo. À parte o bonito castelo e a fábrica do afamado queijo manchego de Guadamur, Flor de Guadamur, que fazem desta aldeia um lugar tão bonito não há, aparentemente, mais nada para ver. Infelizmente as infraestructuras hoteleiras são inexistentes deixando patente a falta de visão e sentido de oportunidade das autoridades e particulares locais. Guadamur é um potencial para o turismo porque está no epicentro de um sem fim de pontos de interessente turistico de Castila La-Mancha.

Bom, como dizia, aparentemente Guadamur não tem práticamente nada, no entanto, um passeio pelo tempo e revelam-se uma série de marcos importantes. Por exemplo, conta-se que no Séc. XVI, Joana, a Louca, pernoitou no castelo. Até hoje as crianças dizem que o fantasma da Rainha ronda a aldeia. Contudo, o que faz de Guadamur um lugar de referência nos livros é o descobrimento, no Séc.XIX, do tesouro de Guarrazar, o  tesouro dos reis visigodos, do qual fazem parte as coroas dos famosos reis Recesvinto e Suintila.

Certo dia um casal que tinha ido a Toledo para que a sua filha fizesse o exame de professora, ao passar por Guadamur, depois de ter caído uma grande chuvada, viram que algo brilhava e, ao perceberem que se tratavam de objectos de valor, voltaram à noite para investigar. Ao encontrarem parte das jóias e coroas que compunham o tesouro decidiram vender metade a um joalheiro de Toledo que as fundiu. A outra metade, até então descoberta, foi levada por um militar francês e vendida ao Museu Cluny, em França.
A restante parte do tesouro foi encontrada nos anos seguintes e vendido à Rainha Isabel II que o depositou na “Armería Real”. Posteriormente foram feitas réplicas, umas das quais exposta na Ermita de Guadamur, e o tesouro original foi vendido em peças.

Perto do local onde o tesouro foi achado ainda se podem ver ruínas do antigo mosteiro de Santa Maria de Sorbaces. Especula-se que o monges, fiéis depositários do tesouro visigodo, na eminência de serem atacados pelos árabes, decidiram enterrá-lo. E assim esteve até ao Sec.XIX.

Ainda em Guadamur, é imperdível um passeio até ao hito geográfico para desfrutar da vista 360ºC: Montes de Toledo, Serra de Gredos etc...e sugiro também uma paragem no Cerro del Bu.

Atenção: estes lugares não estão assinalados portanto não há outro remédio que pedir indicações aos transeuntes.
Castelo de Guadamur

Castelo de Guadamur
Cerro del Bu

*Pido disculpas a mis amigos por no respetar sus derechos de imagen. Cuando me vaya por ahí lo arreglamos con unas cañitas, vale guapos? Guillermo aka Presidente, Laura, Marijosé, Enrique, Juli y David (Aqui su blog).

Viagens por mi España: Toledo alternativo II – Malamoneda e Navas de Estena



Perto da Sierra de Cabañeros, em Hontanar, está Malamoneda*. Um lugar remoto e de díficil acesso, sem estradas ou indicações, perdido no meio da serra. Fora da povoação, um passeio pelo campo revela-se mágico já que correm o risco de se encontrarem com uma antiga necropólis composta por mais de 100 campas a céu aberto ao longo de uma vasta área. É um mistério o interesse que Malamoneda despertou nas diferentes civilizações que a utilizaram desde a Idade do Bronze mas o facto é que é um lugar algo mágico e esóterico. Entre as diferentes campas há vestígios de pedras de sacrificios, antigos centros de reuniões, sitios de oferendas e a sepultura de um pai e de uma filha com inscrições em romano. Ponto de passagem dos Templários, lugar mágico afoito aos mais diversos rituais religiosos e pagãos e, mais recentemente, por volta do séc.XIX, esconderijo de um tesouro mais antigo que os próprios romanos (motivo pelo qual as campas, até então práticamente intactas, foram violadas), são várias as lendas e mitos que acompanham a História do lugar.

Para chegar até este pedaço de História perdido na serra é obrigatório o passo por uma antiga torre de menagem do séc.XIII que agora serve de canil a um agricultor local. Esta torre deu origem a uma aldeia abandonada há vários séculos.  Ainda em Malamoneda, perto do rio, existe uma intrigante construção em ruínas que ninguém sabe dizer ao certo qual a serventia que teve. Existem várias teorias: um castelo, umas termas romanas, um convento. A verdade é que é uma incógnita. A única certeza que vos posso dar é que à porta destas ruínas existe um frondoso loureiro que eu gostaria de ter no meu pomar!
 

Sepultura familiar
Vista parcial de Malamoneda
Detalhe de uma campa violada
 Também a Sierra de Cabañeros oferece uma série de actividades e paisagens gratuitas. Sugiro que parem no Risco de las Paradas, um miradouro com uma vista deslumbrante. Desde aqui, no inicio do Outono é possível ouvir o acasalamento dos veados.  Depois sigam em direcção ao Boquerone, numa aldeia chamada Navas de Estena. Aqui há um parque de merendas muito tranquilo ao lado de um riacho com águas do Rio Estena e um percurso pedreste com grau de dificuldade baixo.

Curiosidade: Chama-se Boquerone- um pequeno peixe que serve de pestisco aos espanhóis,parecido com a sardinha- porque a junção de duas grandes rochas existentes neste local recorda a alguns a cabeça de dito peixe.




Risco de las Paradas**
habitante de Navas de Estena



Mesa do nosso Picnic
Rio Estena

Boquerone
 
Detalhe
* O texto sobre Malamoneda foi feito com recurso a fontes orais e ao blog http://mtogetafe.blogspot.com/2012/07/el-fantasma-templario-de-malamoneda.html

**Mis amigas Vane, Ici, Bárbara (su blog) y yo en el Risco de La Parada
 

Viagens por mi España: Toledo alternativo I


Toledo dispensa apresentações.  Construída sobre 7 íngremes colinas parece uma miragem e convida a percorrer o seu emaranhado de ruas e becos estreitinhos. Conhecida como a “Cidade das 3 Culturas”, por ter albergado durante séculos culturas tão diversas entre si como o são a judáica, cristã e mulçumana, que ali conviveram (quase) pacificamente, Toledo é berço de alguns dos mais belos mitos e lendas sobre a História e as estórias das gentes que ali habitaram. É, também, lugar de passo do belo Tejo que contribui para que o postal de Toledo seja ainda mais idílico (sobre isso escrevi em Fevereiro de 2010).

El Greco, polémico pintor helénico dos Sécs. XVI e XVII, radicado em Toledo e vanguardista para a sua época, soube captar a essência da cidade. Outros houve, que apaixonados, ou não, se inspiraram em Toledo para escrever páginas que fazem parte da História da Literatura Espanhola: Cervantes,  Becquer, Zorrilla, etc...

Como há tanto que escrever e contar sobre a cidade e a mim ainda me falta tanto por conhecer vou deixar Toledo- Cidade e vou vos falar de Toledo alternativo. Pela mão do pai do David, o Emílio, conheci “pérolas” abandonadas nos campos secos de Castilla La-Mancha que teriam de ser de passo obrigatório. Esquecidos pelas autoridades que deveriam por bem preservá-los, estes monumentos são, contudo, lazer de famílias e apaixonados pela História e Arqueologia- Indiana Jones- que aos fins-de-semana trocam o buliço dos centros comerciais por agradáveis passeios no campo manchego.

Por ser uma região de passo de diversas culturas são muitos os vestígios deixados,  sobretudo por Romanos e Visigodos. Não é, pois, de estranhar que a apenas 40Km de Toledo, após uma caminhada pelo campo, nos encontremos com a bonita Ponte de Canasta, ultimo vestígio do que terá sido uma calçada romana que unia a Ciudad de Vascos, em Navalmoralejo, a Toledo. Há umas rochas imponentes que convidam a estender a manta e a picnicar por ali. Cuidado se levarem crianças! Pode ser perigoso devido à altura.

Saindo de Toledo como referência, a cerca de 50 km em direcção a São Martin de Montalban, está o Castelo de Montalban (que não tive oportunidade de visitar) e a Igreja de Santa Maria, incorporada no Complexo de Melque onde se encontram as instalações de um antigo mosteiro visigodo bastante bem conservado. Existe uma exposição que recorre um pouco a história dos Visigodos na Europa e, em especial, na Peninsula Ibérica. A entrada é gratuita. Nas redondezas também se podem apreciar os restos de um antigo aqueduto romano.

Em direcção ao Casal Gordo, a cerca de 5,1KM da estrada principal, estão as ruínas do antigo mosteiro visigodo San Pedro de la Mata, possivelmente construído no séc. VII. Já pouco resta da sua estrutura original mas ainda se pode ver, ou adivinhar, a serventia dada a cada espaço: cozinha, dormitórios, capela etc... Mesmo ao lado, a 10m, está uma casa familiar. Os donos têm patos, galinhas e cães no pátio. Que privilégio viver paredes meias com um monumento tão antigo, mesmo que seja um monumento que já ninguém quer!


S.Pedro de la Mata em evidente estado de abandono

Igreja de Santa Maria- Melque

Puente de Canasta


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A minha nova perdição literária chama-se William Somerset Maughan



A conselho do meu simpático amigo António (deixo-vos aqui o blog dele) comprei, no Verão passado um exemplar em 2ª mão de “A Servidão Humana” (“Of Human Bondage”). Deixei-o de parte para ler em Moçambique e comecei 2013 na companhia de Philip Carey. Desde a primeira página senti-me maravilhada pela história, pela escrita e pela forma humana como o autor se expressa. Nalguns momentos senti-me identificada com o personagem pelas perguntas que se coloca referentes à condição humana e ao papel que representa a nossa passagem pelo mundo/vida. Nalgumas páginas vislumbrei a resposta às minhas próprias dúvidas existencialistas. Noutros momentos odiei o Philip pela fraqueza dele. Senti-me incapaz de o perdoar por ser tão estupido mas quando a ultima página chegou senti, sobretudo, uma grande tristeza. Até hoje sinto saudades dele e da sua imensa dignidade e fico ansiosa que o tempo apague da minha memória detalhes da sua vida para eu ter uma desculpa para voltar a ler o livro.

Depois em conversa o meu querido amigo Jan, recomendou-me“ No Fio da Navalha” (The Razors Edge”), também de Maughan. Comecei a lê-lo há 2 dias e tenho de me autocontrolar para não ler tudo de rompante. Com muito cuidado cheguei só à página 70 e já estou novamente perdida de amores pela escrita humanista desde escritor. Sinto-me agradávelmente surpreendida por voltar a encontrar as mesmas questões existencialistas que o Homem , mais tarde ou mais cedo, se coloca ( reconheço que não TODOS os Homens). E Maugham parece ter sempre uma resposta simples mas lógica a cada uma dessas questões.

“Creo- dijo Larry gravemente- que no alcanzaré la paz hasta haber formado una opinión concreta acerca de las cosas- vaciló-. Es difícil expresarlo con palabras. En cuanto procuro hacerlo, siento algo así como vergüenza. Y me digo: ¿quién soy yo para quebrarme la cabeza de esto, y lo otro y lo de más allá? Quizá no sea más que un pedante y un necio. ¿No me valdría más tomar el camino trillado, y no preocuparme de lo que me pueda ocurrir?....
…Es difícil no preguntarse cuál es el significado de la vida y si tiene sentido, o si todo ello no es más que un trágico error de una fatalidad ciega.”

“El Filo de la Navaja”, pág.68, Edições El País, Clásicos del Siglo XX


Jogo de Xadrez, Parque dos Profesores, Maputo

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

NORMATIVA DE CONVIVIO EN LA REPUBLICANA VIVIENDA de 3m2 DE LOS FARIA-MELAR

Cuando las palabras habladas no son suficientes para poner en práctica la paridad domestica tenemos la obligación de sacar el D. Quevedo que llevamos dentro y poner manos a la obra.
 
 
Hola Bolo que te voy a montar un pollo!
 
De 7 dias se compone 1 semana
Sábado y Domingo descansamos
Y los demás días curramos
 
Yo pongo la lavadora
Y tú tiendes las ropitas
Que para eso me implico
En estas rimitas
 
No olvides recoger cada día
Tus calcetines, blusas sucias
Y otros afines
 
Que yo seré un ejemplo
A lo que al ruido de las puertas
Dice respecto
Me sentaré con más parsimonia
Oh no me llame yo Sónia
 
Dejas la habitación patas arriba:
Libros, meticais, gafas, periódicos
Así es, tal y cual
Ya me falta la paciencia de oriental!
 
No seas mandrión
Tampoco refunfuñón
Recoge tus cacharrerías
Y todo van a ser alegrías
 
Prometo dejarme de mil potingues,
Naranjas e yogurtines
Pero por favor no seas ruñozeño
Cuando en el supermercado
Nos saque la cuenta el mozambiqueño
 
Y para terminar
Que no te quiero cansar:
 
Yo soy portuguesa
Pero podría ser duquesa
Después de hacer la cena
Me cuido las uñas, la piel
Y sueño con Madriz
Mientras recoge la cocina
Mi amor, mi Daviz
 
Ven, embarca conmigo en esta canoa
Y si no te gustan mis reglas
Hago mis maletas y me voy para Lisboa!
 
Valor y cara al Toro
Y no olvides hablarme con decoro
Que si en tu país todo es bolería
A mi me da por la melancolía
 
No me saques de quicio
Que no se te vaya de la pinza
Todo esta en nuestras manos
Y olé a nuestros países hermanos
 
A nadie se le antoja
Ni a Rocío, ni a Pantoja
Ni a Sabina, ni a Carreras
Rimas tan saleras
Mué que le vamos a hacé?Ni a Monserrat Caballé

Muchas gracias, obrigadiño
Y luego te canto un fadiño.

Firma: Dueña ex-Conchita Quevedo,



obra de arte moderna exposta diariamente na cama do meu amor
 

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Sónia e o Optimismo (?)



Passaram 2 meses e algo desde que chegámos a Moçambique.
A nossa vida não mudou demasiado comparando com os ultimos meses em Espanha.Acordamos e não temos nada para fazer. O David tem mais actividade intelectual que eu.

Para alguns esta seria uma vida de sonho. Para mim é desprezível. Não gosto de viver assim. Perco dias e dias de vida útil. Acho aborrecido acordar de manhã e pensar “ E hoje vou-me aborrecer com o quê?”.

Tento procurar fontes de entretenimento: faço desporto (estou um bocadinho mais magra), vou à dança (Lingy Hop), passeio muito pela cidade, de vez em quando tomo um café com amigos e conhecidos, faço planos maqueavélicos para poder aceder 5 minutos à internet, estudo on-line e leio. Gostaria de poder pensar mas o tico e o teco tornaram-se demasiado preguiçoso. Esta seria a oportunidade ideal para escrever um livro mas a minha imaginou pifou no dia em que deixei de estudar para o código (Junho de 2012).

Tento, em vão, procurar uma porta- ou uma janelinha- de entrada no mercado de trabalho moçambicano mas é dificil contudo, embora em alguns momentos a melancolia me visite, estranhamente sinto uma espécie de alegria silenciosa. Às vezes é uma alegria latente, por exemplo como quando acabo de fazer exercício físico, mas, normalmente, é uma “picadinha” omnipresente. Uma espécie de bom feeling e vontade de sorrir aos que passam por mim na rua.

Há dias fomos a Muhalaze, o sítio onde supostamente vamos viver e trabalhar, e essa tal alegria fez-se presente. À parte o aborrecimento dos meus dias e o esforço sobre-humano que faço para não me deixar abater uma das coisas que mais me cansa é viver em Maputo, num bairro de brancos com dinheiro. Vivo numa borbulha. Eu sei que Moçambique não é assim mas não consigo alcançar o verdadeiro país, a verdadeira cultura moçambicana enquanto estiver aqui. Quando entro em lojas ou visito feiras de artesanato não compro nada. Os feirantes não sabem mas eu tenho tanta liberdade financeira quanto eles. Salvo raras excepções, a maioria olha para mim como um potencial comprador por isso fazem má cara quando lhes digo que não posso, que não quero comprar, que não tenho dinheiro.

Foi numa dessas vezes que conheci o Luis. Eu queria entrar na Catedral de Maputo e ele mostrou-me onde era a porta. O Luis é vendedor de lâminas (quadros de tecido pintados à mão) e disse-me que ia esperar por mim para falarmos. Eu dei-lhe logo a entender que não lhe ia comprar nada. Fiquei mais de 30 minutos a desfrutar do silencioso dentro da igreja e, finalmente, quando saí, o Luis continuava à minha espera. Eu contei-lhe a minha vida em Moçambique e ele contou-me a dele. É estudante de Engenharia e pinta lâminas para pagar as propinas. Em nenhum momento me mostrou qualquer uma delas e, na despedida, desejou-me,genuínamente,  sorte. Foi, quizás, uma das poucas vezes que pude falar com um local sem o estigma cor-de-pele a interferir.

Voltando ao passeio em Muhalaze gostei, sobretudo, do contacto com as pessoas. Praticamente não falei com ninguém mas gostei de ajudar os vizinhos que pediam boleia a subirem para a parte de trás da pick-up. E os meninos da escola que faziam uma gritaria quando nos viam passar. As casas também são mais bonitas. Feitas de palhotas ou mal acabadas em blocos de cimento estão, normalmente, construídas debaixo de frondosas árvores. E nos pátios (alpendres) as crianças brincam e/ou tomam banho enquanto os país convivem com os vizinhos numa amena cavaqueira.

Por tudo isto, acredito que as coisas vão melhorar, que a viagem a Moçambique e a mudança radical de vida vão valer a pena quando o meu dia-a-dia se misturar com o dia-a-dia de essas pessoas simples e alegres e que, aparentemente, vivem a vida como se esta fosse uma capulana: alegria, cor e movimento.

[“Come Sónia, come chocolates que os chocolates não têm metafísica”]

Detalhes de Muhalaze:




terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Núcleo de Arte, Maputo

Segundo pude entender há bastantes lugares interessantes para sair a tomar um copo e ouvir música, dançar e pôr a conversa em dia com os amigos, o problema é que não são constantes. Se um bar oferece uma boa Quinta-feira numa semana, não significa que na próxima Quinta-feira a proeza se repita. Por isso, as pessoas vão de um sítio ao outro à procura da melhor “balada”.

Uma das grandes excepções é o Núcleo de Arte, na Rua da Argélia, bairro da Polana. Geralmente aos Domingos está à pinha e oferece música ao vivo. Os que chegam primeiro não têm de pagar entrada mas a partir de uma certa hora (ou lotação) cobram 100Mt sem direito a bebida.

Construido ora com cimento, ora com canas, ora com chapas, o Núcleo é, além de um bar e de uma sala de espectáculos, o atelier e montra de artistas plásticos moçambicanos. Nas traseiras do bar estão as oficinas onde os artistas costumam trabalhar. Nas mesmas instalações expôem as suas obras de arte, informam e negoceiam com potenciais clientes, que somos todos os que os visitamos. Igualmente podemos visitá-los sem que para isso seja necessário comprar. Eles estão lá a pintar, a falar, a fumar coisas que fazem rir, a distribuir simpatia e a trocar ideias. Tive oportunidade de falar com um desses artistas. Falámos de polémica na pintura, do Museu do Prado e de como ele gostava de poder visitar os grandes museus do mundo.

No passado Domingo fomos com o Pedro, um moçambicano que o David conheceu em Madrid e o Sebastian, um suiçobrasileiro com namorada russa, de St.Gallen (cidade perto da qual eu passei os primeiros anos da minha vida) tomar um copo e curtir o som do “Chico António”, conceituado artista moçambicano. Com um par de cervejas começamos a divagar sobre política, Moçambique e formas de compôr o mundo.

Gostei muito de conhecer o Núcleo e adorei a filosofia do espaço. Uma ideia exportável.




sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Era uma vez um Consulado Português: Panteminice e o Registo Criminal.



Poderia ser o nome de um romance policial de qualidade duvidosa, no entanto é a realidade daqueles que têm de recorrer e depender das entidades públicas portuguesas.

Não quero ser velho do Restelo. Aliás, quem me costuma ler sabe que sou bastante pró-Portugal e que me aborrece a crítica gratuita mas há alturas em que me sinto impotente. A engranagem não anda e, apesar de toda a minha energia, não consigo fazer nada para reverter a situação que é do meu total e exclusivo interesse.



Posto isto parece-me tudo uma grande panteminice e na minha cabeça, além do fado “Uma casa portuguesa” ecoa a pergunta “para que é que esta gente está aqui? Considerando o nível de produtividade não estariam melhor em casa a ver o programa da Fátima ou da Julia?? Há coisas que não têm sentido. São incongruentes no seu todo.



Como já vos contei aqui candidatei-me a um concurso para a Embaixada Portuguesa. Entre a mais diversa burocracia pediam-me o registo criminal de Portugal. Fiz uma declaração de plenos poderes e a minha irmã por 3,50€ e 15 minutos de espera tratou-me do assunto, enviou-me um scan e eu pú-lo na papelada solicitada. Telefonaram-me da Embaixada para dizer que o unico impedimento para que a minha candidatura não fosse aceite era o facto de dito documento ser uma cópia. Aconselharam-me a ir ao Consulado e a pedir uma cópia autenticada. Fui. Sofri.



Compreendo e aceito que não possam autenticar a fotocópia de uma fotocópia mas, tendo em conta que o próprio Consulado demora 3 meses a entregar o registo criminal (que é precisamente a data de validade do documento) e que como alternativa apresentem soluções que implicam gastos evitáveis se as coisas funcionassem com lógica (esta vez falaram-me da telecópia disponivel nos notários que custa a módica quantia de 50€) porque é que o cidadão tem de sofrer as consequência desta grande panteminice que são as entidades e instituições públicas portuguesas?

Se num concurso público da Embaixada, aberto durante 15 dias, me pedem um certificado de registo criminal que o consulado não tem capacidade de me facultar em menos de 3 meses porque é que não encontram alternativas? Porque é que eu tenho de abdicar de me candidatar a um posto por culpa da incompetência e falta de articulação entre as entidades. Se fosse a Embaixada de Portugal na China e o Consulado de Portugal no Dubai compreendo que não tivessem porque articular estratégias mas neste caso não há desculpas. Ou é distração ou os postos de trabalho já estavam previamente destinado a duas criaturas privilegiadas cujo apelido será Cunha.



Esta imagem poderia representar a degradação de Portugal no seu todo.

(Av. Eduardo Mondlane, Maputo)


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Serviços de Migração: Odisseia Homérica- Habemus DIRE



Reconheço que fui precipitada nas minhas primeiras apreciações sobre o Serviços de Migração de Moçambique.


É certo que a grande maioria dos estrangeiros tem motivos de queixa e, como já mencionei, alguns trabalham e vivem aqui e regressam aos seus países de origem sem terem recebido o DIRE.  Não ter o DIRE significa ter problemas na contratação ou, em termos mais imediatos, ter de andar sempre com o Passaporte na carteira.



Tinham-nos dito que fossemos levantar o DIRE no inicio de Fevereiro mas uns dias não fomos por esquecimento, outros por descrença “Ah, de certeza que não vai estar pronto.”. Finalmente, passei por lá e não só estavam prontos como o do David era o primeiro na fila. O funcionário até brincou. Disse “Estava aqui à espera de ser levantado”. Incompreensivelmente tem erros nos apelidos dos pais dele mas tudo bem, até Janeiro de 2014 podemos viver legalizados em Moçambique.



Tchintchin...