Toledo dispensa apresentações. Construída sobre 7 íngremes colinas parece uma miragem e convida a percorrer o seu emaranhado de ruas e becos estreitinhos. Conhecida como a “Cidade das 3 Culturas”, por ter albergado durante séculos culturas tão diversas entre si como o são a judáica, cristã e mulçumana, que ali conviveram (quase) pacificamente, Toledo é berço de alguns dos mais belos mitos e lendas sobre a História e as estórias das gentes que ali habitaram. É, também, lugar de passo do belo Tejo que contribui para que o postal de Toledo seja ainda mais idílico (sobre isso escrevi em Fevereiro de 2010).
El Greco, polémico pintor helénico dos Sécs. XVI e XVII, radicado em
Toledo e vanguardista para a sua época, soube captar a essência da cidade.
Outros houve, que apaixonados, ou não, se inspiraram em Toledo para escrever
páginas que fazem parte da História da Literatura Espanhola: Cervantes, Becquer, Zorrilla, etc...
Como há tanto que escrever e contar sobre a cidade e a mim ainda me
falta tanto por conhecer vou deixar Toledo- Cidade e vou vos falar de Toledo
alternativo. Pela mão do pai do David, o Emílio, conheci “pérolas” abandonadas
nos campos secos de Castilla La-Mancha que teriam
de ser de passo obrigatório. Esquecidos pelas autoridades que deveriam por bem preservá-los, estes monumentos são,
contudo, lazer de famílias e apaixonados pela História e Arqueologia- Indiana Jones- que aos fins-de-semana
trocam o buliço dos centros comerciais por agradáveis passeios no campo
manchego.
Por ser uma região de passo de diversas culturas são muitos os vestígios
deixados, sobretudo por Romanos e
Visigodos. Não é, pois, de estranhar que a apenas 40Km de Toledo, após uma
caminhada pelo campo, nos encontremos com a bonita Ponte de Canasta, ultimo vestígio do que
terá sido uma calçada romana que unia a Ciudad de Vascos, em Navalmoralejo, a
Toledo. Há umas rochas imponentes que convidam a estender a manta e a picnicar por ali. Cuidado se levarem
crianças! Pode ser perigoso devido à altura.
Saindo de Toledo como referência, a cerca de 50 km em direcção a São
Martin de Montalban, está o Castelo de
Montalban (que não tive oportunidade de visitar) e a Igreja de Santa Maria, incorporada no Complexo de Melque onde se encontram as instalações de um antigo
mosteiro visigodo bastante bem conservado. Existe uma exposição que recorre um
pouco a história dos Visigodos na Europa e, em especial, na Peninsula Ibérica.
A entrada é gratuita. Nas redondezas também se podem apreciar os restos de um
antigo aqueduto romano.
Em direcção ao Casal Gordo, a cerca de
5,1KM da estrada principal, estão as ruínas do antigo mosteiro visigodo San Pedro de la Mata, possivelmente
construído no séc. VII. Já pouco resta da sua estrutura original mas ainda se
pode ver, ou adivinhar, a serventia dada a cada espaço: cozinha, dormitórios,
capela etc... Mesmo ao lado, a 10m, está uma casa familiar. Os donos têm patos,
galinhas e cães no pátio. Que privilégio viver paredes meias com um monumento tão antigo, mesmo que seja um monumento que já ninguém
quer!
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