sábado, 31 de agosto de 2013

A curiosidade matou o gato...



Já há algum tempo que as noviças- raparigas que almejam ser freiras- e que vivem num convento aqui ao lado, me convidaram para ir assistir às aulas de música delas. Segundo as próprias, as aulas eram muito animadas porque cantavam ao mesmo tempo que acompanhavam com percussão (jambé).

Aceitei de bom grado, mas umas vezes porque o professor não veio, outras vezes porque elas estavam de férias, outras vezes porque eu me esqueci, fui adiando o projecto de assistir a essas aulas de música.

Hoje foi o dia! Para grande surpresa o padre que lhes dá as aulas é um padre ao qual secretamente eu chamo padre Mosquito. E explico porque é que o chamo assim. Há cerca de dois meses ele veio dar uma missa aqui ao orfanato. Como não tinha escapatória, assisti a essa missa e não me arrependo até hoje. Foi uma missa “tu cá, tu lá” e o Padre a certa altura, quando queria apelar ao bom senso das meninas, dizia-lhes:
- Vocês têm coração de pessoa ou coração de mosquito?
Querendo dizer que no coração delas cabe muito mais do que elas imaginam, e que têm de ser boas e portar-se bem etc...

O primeiro exercício na aula de música foi a leitura de uma pauta. Foi uma grande risada porque tantos as noviças, como as irmãs fazem batota. Em vez de lerem as notas directamente na pauta, escrevem debaixo os nomes das notas e vão lendo e cantado assim. Bom, quando já todas tinham lido a pauta e cantado as notas, o padre veio ter comigo e pediu que eu lesse. Eu expliquei-lhe muito encabulada  e vermelhona que não tinha ido para cantar, que cantar não é a minha vocação. Eu só queria assistir às aulas. Deixou passar mas não tardou em voltar e pedir que cantasse primeiro um Dó grave, depois um Mi e, finalmente, um Sol...Todas se estavam a rir de mim às gargalhadas.

No final da aula, deixei cair o assento de uma cadeira em cima da unha do pé...A curiosidade matou o gato e depois de me terem feito cantar em público já não volto a meter os pés (nem as unhas) nas aulas do padre Mosquito e das noviças malandrecas!

(Ah, e devo dizer que o analgésico mais eficiente para este tipo de pancadas tão sofregas nos pés é o tipico palavrão...como não pude soltar nenhuma verborreia de baixo nivel- não era o momento nem o local apropriado- garanto-vos que me doeu muito mais que outras vezes)

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Insólitos sala de aula #6

A  Cr., de 12 anos, disponibilizou-se para me ajudar a dar a aula às mais pequenas. Leu-lhes textos do livro da 3ª classe, entre eles, um texto sobre os Direitos das crianças. Depois, por iniciativa própria, perguntou-lhes o que é que tinham percebido e que Direitos consideravam mais importantes.

Umas responderam que tinham o Direito a ter uma família, outras a ter pais, outras a ir à escola. Já a S., de 10 anos, acha que como criança tem Direito a comer bolos e a L., de 6 anos, acha que tem o Direito a ter uma voz linda.

fonte: google.com

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Babalaze das Hienas

José Craveirinha, poeta maior da literatura moçambicana e primeiro africano a ganhar o prémio Camões (1992) cresceu no mesmo bairro onde o Eusébio deu os primeiros toques na bola, no periférico Mafalala, Maputo.

Nasceu em 1922 quando a antiga Lourenço Marques ainda nem era bem uma cidade, senão o embrião da metrópole em que se começou a converter anos mais tarde. Fez da escrita a sua vida e o meio mais-que-perfeito para denunciar abusos contra os Direitos Humanos.

Já se sabe que a ignorância é a namoradinha do preconceito. Devo admitir que eu era, estava e estou ainda muito ignorante em relação à obra do Craveirinha. Parti da minha ideia preconcebida que ele havia escrito essencialmente contra a ocupação colonial dos portugueses e a favor da construção da identidade moçambicana. Não sendo de todo errado, descobri graças a um livro emprestado, que o Craveirinha se deu ao trabalho de fazer as coisas tão bem feitas, que aquele que leia alguns dos seus poemas mas que desconheça quem é e de onde vem o poeta, pensará que ele está a descrever uma situação típica na Faixa de Gaza, na Síria, no Afeganistão e em tantos outros focos bélicos.

Quero com isto dizer que dei um pontapé na ignorância. Em troca ganhei o prazer da companhia de um poeta que é de Moçambique, dos moçambicanos e de todas as pessoas. Um defensor dos Direitos Humanos. E se não fosse assim ora digam-me lá porque é que ele teria escrito coisas como estas:

Cancioneiro de Xiguevengos

Mãe e filha partiram de Chidenguele
com todos os quesitos cumpridos
mais dois: outra filha e uma irmã raptadas

Três semanas antes tinham pedido ao Grupo Dinamizador
salvos-condutos de viagem à vizinha localidade
para evitar problemas no “control”

Com todos os seus requisitos em ordem
antes da curva do segundo canhoeiro
mãe e filha foram violadas.

Depois a récua de xiguevengos
foi antologiando as duas
no versátil cancioneiro
das catanadas

Outra beleza

Uns exibem insólitos perfis
de outra beleza
maquilhada
no mato.

Ou
do viés
ou de frente
perfeitos modelos de caveira
desfilam sem nariz.

O Seio

Mamana
amamentando
vale a pena sobreviver
ao holocausto da horda?

Ela
a olhar
os cães devorando
sua carne do seio ampuntado?

João Matangulana

Refugiado na emergência do volante
João Matangulana súbito conseguiu
Reforma de condutor
Há 35 anos
Encartado

No paradeiro do emboscado Mercedes Benz
A família identificou João Matangulana
Pela meia chapa da matrícula
Apanhada no entulho

Propaganda

Era tudo falso.
Tudo propaganda do inimigo.
Cabala infame.
No corpo intacto não se notava
Nenhum sinal de tortura
Nem qualquer espécie de sevícia.

Só...
Cabeça reclinada na areia
Ele repousava degolado.
José Craveirinha 1922-2003

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Un comunista en calzoncillos



O que em português significa “Um comunista em cuecas”, da autora argentina Claudia Piñeiro, é uma obra que aborda o golpe de Estado na Argentina, em 1976, que depôs a Presidente Isabel Perón e que levou a uma das mais duras dictaturas de que há memória na América Latina, na última metade do séc. XX. Esta última opinião é escrita com base em textos que li por aqui e acolí para documentar-me um pouco. Não tenho demasiado conhecimento da História política latinoamericana para afirmar qual foi a ditadura mais forte, repressiva ou assassina porque desde a minha ignorância sobre o assunto todas as ditaduras que assolam o continente me parecem abomináveis. As de antes e as de agora...

Piñeiro conta ao leitor que a história que nos vai contar é também uma estória, ou seja, há factos que são reais e remontam à sua infância, adolescência, família e memórias pessoais, e há factos que são ficção. Deixa ao critério de cada um pensar o que é o quê e afirma que a memória tem tendência a engrandecer ou a diminuir a importância de uma vivência,segundo a influência que tenha para quem a viveu. Pede desculpa se os factos não se passaram de acordo com o que lhe conta a sua memória e justifica-se dizendo que os escritores são também um bocadinho mentirosos.
Vou, pois, dar a minha opinião sobre o que li e aprendi partindo do principio que tudo é verdade e não ficção porque, acredito que devido à seriedade dos feitos que são tratados, a obra merece ser analisada como descrevendo factos reais. Por uma questão de manter viva a memória colectiva/Histórica. Sou uma sonhadora e gostaria que os humanos aprendessemos com os nossos próprios erros, mesmo sabendo que a realidade é bem diferente. De todos os modos a ditadura em Argentina a duras penas pode ser esquecida.

Gummer, o diferente

Claudia é uma rapariga de 13 anos, de Burzaco, Buenos Aires, que divide as suas preocupações entre os verões passados na piscina do clube social que frequenta juntamente com a família, as amigas e as famílias das amigas, e a vã esperança de conseguir a atenção e aprovação do seu pai Gummer, numa série de questões de caríz familiar, social, filosófico e político.
Gummer é, contudo, um pai difícil não só porque não é carinhoso, mas também porque é um pai diferente dos outros pais. Gummer é comunista. Embora não seja aficionado do Peronismo, pressente o perigo dos tempos políticos que se adivinham e não tem pudor em afirmá-lo perante a sua família.
Cláudia sente-se confusa porque diante das suas amigas jamais pode partilhar a opinião da sua família sobre os mais diversos assuntos, nomeadamente políticos. Sabe que se os partilhasse isso poderia representar um grande problema para os Piñeiro. Mesmo assim sente orgulho no seu pai, um comunista diferente, um comunista em cuecas, incapaz de se enfrentar aos grandes perigos que a causa reclama mas com convicção política e uma forte consciência social. Gummer é, por assim dizer, um subversivo banana. O livro aborda, pois, a questão da chegada da dictadura e adivinha o medo e a repressão que se viveram nos seguintes sete anos.

Processo de Reorganização Nacional e o roubo dos recém-nascidos

Chama-se Processo de Reorganização Nacional ao período que durou a ditadura desde 1976 até 1983 mas pode também chamar-se simplesmente “O Processo”. Foi dirigida por uma junta militar composta por comandantes de três ordens militares diferentes que ao longo dos sete anos de governo foi mudada quatro vezes. Este período é também conhecido como a “Guerra Suja” e desenvolveu-se numa linha de terrorismo conforme a outras ditaduras militares que vigoravam na América do Sul, como por exemplo, a de  Augusto Pinochet no Chile e que, as “más-línguas” contam que foram habilmente alimentadas pelos EUA. (Fonte:wikipedia)

Lembro-me de sempre ouvir falar que nestas dictaduras sul-americanas as pessoas eram dadas como desaparecidas aos magotes. E muitas delas eram atiradas com vida de aviões em mar alto, portanto os seus corpos jamais apareciam. De acordo com alguns dados que li, durante os 7 anos d´O Processo, na Argentina desapareceram de 8.000 a 30.000 pessoas e o mais grave foi o roubo desmesurado de recém-nascidos e crianças. É também a este ponto que eu quero chegar e partilhar convosco algumas histórias que conheci sobre o sucedido e que me levaram a assistir a conferências e a ler um bocadinho mais sobre o assunto quando ainda vivia em Espanha.

Na ditadura argentina eram considerados subversivos e terroristas os comunistas ou aqueles que, embora não fossem comunistas, não demonstravam ter afinidades com o regime. Muitas vezes também as famílias eram consideradas farinha do mesmo saco mesmo que não tivessem qualquer consciência política sobre o que quer que fosse. Por isso, muitas pessoas tornaram-se injustamente reclusas e bastantes perderam a vida. Entre os reclusos havia mulheres que ficavam detidas em centros clandestinos como a ESMA e o Campo de Mayo, até darem à luz. Depois, uma vez que tivessem tido a criança, eram assassinadas e o regime apropriava-se das crianças dando-as em adopções ilegais. Os recém-nascidos eram entregues a casais que eram afim do regime e que, na maioria dos casos, conheciam a proveniência da criança adoptada (há excepções).

Homenagem às mães torturadas- ESMA
Asociación Abuelas de Plaza de Mayo

A Associaçãodas Avós da Praça de Maio foi criada ainda durante o regime ditatorial por mães de reclusas que procuravam saber notícias dos seus filhos e dos netos.

Não menosprezando toda e qualquer organização destinada a defender os Direitos Humanos, esta é uma das organizações mais poderosas e emocionantes que conheço, não pelo PODER mas porque personifica as máximas querer é poder e o amor move montanhas. Na altura em que foi criada, estas mulheres não sabiam do paradeiro dos filhos. Ainda não faziam a mínima ideia de que provavelmente tinham sido assassinados. Queriam apenas saber onde estavam, se estavam bem. Algumas das filhas tinham sido detidas quando já estavam grávidas, portanto, essas mulheres tinham também a ânsia de saber do paradeiro dos seus netos recém-nascidos. Mas toda e qualquer informação que chegava era em conta-gotas e censurada pelo Estado. Além disso, era perigoso estar associado a um subversivo correndo o risco de se ser considerado igualmente subversivo. Podem imaginar a angústia destas mulheres? E isto sucedeu só há poucos mais de 30 anos...e a associação foi criada nos primórdios da dictadura. Foram as primeiras a rebelarem-se contra o sistema dictatorial de Videla e companhia.

Quando em 1983 a Democracia foi restabelecida, foram investigados os crimes da ditadura e parte dos antigos dirigentes foram condenados. Contudo, o roubo dos bebés não foi considerado como parte de um Plano Sistemático do antigo regime, logo não foi contemplado na condenação dos antigos dirigentes. Finalmente, em 1985, as imparáveis avós conseguiram que o presidente Raul Alfonsín abrisse um processo de investigações, que com muitos solavancos e traições por parte do Estado, dura até hoje. Dos presumíveis 500 bebés roubados, 108 já foram recuperados pelas famílias biológicas (dados de 2013).

Deixo-vos m link para que leiam alguns testemunhos de torturados:

http://www.desaparecidos.org/arg/centros/campodemayo/

Se quiserem ler outros testemunhos ou consultar outros dados desta HHHHistória arrepiante podem consultar a página da Associação das Avós da Praça de Maio  www.abuelas.org.ar

Avós/mães 30 anos depois


Na vizinha Espanha, muito antes que na Argentina se roubassem os bebés das “comunistas-terroristas”, durante os anos que se seguiram à Guerra Civil Espanhola (1936-1939) desapareceram cerca de 30.000 crianças. A maioria foi arrebatada às mães, mulheres que haviam defendido a causa republicana e que por isso tinham sido presas. Mas havia outras formas de obter crianças e mantê-las baixo tutela do Estado. Invariávelmente, tal e como aconteceu posteriormente na Argentina, essas crianças eram entregues a casais que defendiam e sentiam o regime ditatorial. Muitos sabiam da proveniência dessas crianças, outros, quizás,desconhecessem.
O mais chocante no caso da Espanha é que o esquema de roubo das crianças atingiu tamanha proporção que foi mantido de forma massiva até meados dos anos 90, com alguns casos conhecidos já no actual século. E o choque é ainda maior sabendo que os responsáveis são conhecidos, mas que dificilmente serão punidos.
Nos últimos anos este tema começou a ser discutido publicamente,de forma massiva,no seio da sociedade espanhola. Começaram a ser conhecidos os meandros do tráfico de bebés e é, sem dúvida, um tema escabroso, negro e sujo. Conhecem-se nomes dos médicos envolvidos, o nome da Irmã Maria e  das diferentes instituições que estavam implicadas na rede mas a justiça continua a preferir olhar para o lado e assobiar.
Em 2008, o juiz Baltazar Garzón* elaborou um relatório onde detalha a forma como presumivelmente essas cerca de 30.000 crianças foram roubadas e entregues em adopção. Nesse sentido, Garzón pediu ao Ministério, às instituições e aos juizes que investigassem e reconhecessem os crimes que foram cometidos, tentando dessa forma reparar de algum modo o mal feito, já que muitas das vítimas- crianças e progenitores- ainda estão vivas. Incompreensivelmente, em 2012 Garzón foi acusado de prevaricação e foi considerado inabilitado e condenado a onze anos sem poder exercer como juiz, em território espanhol. Perdeu igualmente e definitivamente o título de Juiz da Audiência Nacional.
* É conhecido, entre outros casos polémicos, pelo combate à ETA,  pela denúncia das dictaduras na Argentina, Chile e pela causa contra Augusto Pinochet. Actualmente é assessor no Tribunal Penal Internacional de Haya.

Imagem da Guerra Civil Espanhola (1936-1939)


Testemunhos e papel da sociedade civil

Em Fevereiro/Março tive o privilégio de assistir a uma das obras póstumas do meu amigo Álvaro. Umas jornadas para a Memória Histórica, na Marabunta. Assisti a várias sessões. Em cada sessão era discutido um tema, normalmente vinculado ao franquismo. Numa delas, talvez a que mais me impressionou, discutiu-se o tema das crianças durante o regime e a conversa arrastou-se até ao tema dos bebés roubados até meados da década de 90. Foi então que um assistente, sentado na primeira fila rectificou e disse com toda a segurança:


- Não, não acabou nos anos 90. Eu conheço um caso no País Vasco, do ano 2011. O meu próprio caso.


Também li alguns testemunhos publicados nos jornais, de crianças roubadas que conseguiram encontrar as suas famílias biológicas. Num deles, uma mulher de cerca de 50 anos, contava que tinha sido adoptada por um casal de meia-idade que não tinha tido filhos e que estavam preocupados com a sustentabilidade na velhice. Essa mulher sabia que era adoptada. Jamais recebeu amor por parte dos seus pais adoptivos. Desde pequena que lhe disseram que a tinham adoptado para que ela os cuidasse quando eles fossem velhos. Quando ela tinha cerca de 12 anos, o “pai” começou a abusar dela sexualmente. Mesmo assim, ela esteve ao lado de ambos até que morreram. Quando conseguiu encontrar a pista da família biológica, com a ajuda da Asociación para la Memória Histórica, a mãe já tinha morrido, mas soube que esteve sempre à procura dela.



Nessas jornadas a que assisti, assim como em outras coisas que li, pessoas com quem falei etc…fica implícito que a questão da Memória Histórica e das crianças roubadas é um assunto inconveniente para algumas facções da sociedade espanhola. Rumoreia-se que um dos presumíveis implicados, antigo director de uma clínica onde durante os anos 70 desapareceram vários recém-nascidos, é tio de uma Ministra do actual governo. Há também outros detalhes sujíssimos que se comentam entre dentes mas que não passam disso. O único que teve um grande par de tomates para pôr o dedo na ferida, o juiz Baltazar Garzón, foi afastado das lides jurídicas, acusado de actuar à margem da lei.



Esta é uma atitude típica da sociedade espanhola: assobiar para o lado e esperar que a nuvem passe. Mas não vai passar. E é por isso que eu acho tão importante a questão da Memória Histórica, seja em Espanha, Argentina, Portugal ou em qualquer parte do mundo. É importante falar das coisas que aconteceram em voz alta, sem medo. Lembram-se quando o Salazar foi eleito o maior português de todos os tempos, seguido do Álvaro Cunhal, nesse programa de qualidade duvidosa que passou na RTP. Porque é que essas aberrações acontecem? Porque falamos do Salazar em voz baixa. Porque depois do Estado Novo, não houve um tribunal de Nuremberga que ajustasse as contas com os opressores. O mesmo acontece em Espanha. Os espanhóis não querem nem ouvir falar de um ajuste de contas. A Guerra Civil e os “dois bandos” estão demasiado enraízados nas pessoas. Mesmo aqueles que nasceram muito depois e que têm ideias claras sobre política e História, vacilam na hora de falar num ajuste de contas jurídico.



E enquanto isso os efeitos secundários vão continuar a notar-se passem os anos que passem sobre esses anos negros da nossa História.



Poderia escrever muito mais sobre o assunto mas sugiro que façam as vossas pesquisas e se informem por vossa conta e juízo sobre estes acontecimentos tão escabrosos que assolam a Espanha e Argentina modernas.



Deixo-vos alguns links de documentários que encontrei no youtube. A maioria estão em espanhol mas acho que se pesquisarem bem conseguem encontrar alguma coisa em português. Podem também clickar nos links que deixei nalgumas palavras do texto. Todos vos levarão a artigos de jornal, páginas informativas e documentários sobre os temas tratados.
Por último, gostaria de vos sugerir que vissem um filme do qual gosto muito, com um dos grandes actores hispano-parlante, o argentino Ricardo Darín e com Cecília Roth (Tudo sobre a minha mãe, de Almodóvar). Chama-se Kamchatk e retrata de uma forma quase simpática a história de uma família perseguida, logo no inicio da dictadura Argentina.