sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Recordar é viver

Andava a passear por perfis e páginas de amigos, na net,e encontrei fotos antigas.
Todas reflectem felicidade e amizade.
Decidi partilhar convosco:






bbbrrr. que medo



21 de Dezembro de 2008
Escrito no voo Sofia-»Munique

Não sei onde estou, não sei que horas são mas sei que estou borrada de medo.
O avião balança muito. Talvez porque estou no penúltimo lugar, junto à cauda.
À minha frente tenho uma foto deliciosa dos meus sobrinhos com a minha irmã e um livro que eles costumavam usar no banho. Tenho também uma fotografia com o Padre Cruz. Não sei bem quem foi mas o meu padrasto deu-me antes de partir para a MKD. Acho que ele também não é muito crente mas ás vezes é bom termos as nossas muletas espirituais. Quando a vida aperta conosco é bom chamar por alguém sobre o qual não sabemos muito. Sabemos apenas que nos vai confortar.
Esta noite não dormi muito bem.Estou esgotada. Quero descansar mas com este treme-treme do avião não consigo.
De verdade que sinto um certo fascínio pelo Leonardo da Vinci, sobretudo depois de ter visto pessoalmente algumas das suas obras mas ,por vezes,odeio-o por ter pensado nos aviões e odeio todos aqueles que sonharam e contribuiram para que o avião seja hoje um meio de transporte essencial.
Oxalá ninguém se tivesse lembrado desta maquineta. Em contrapartida o comboio, o meio de transporte mais charmoso e propício à socialização, teria sido desenvolvido e seria hoje o único rei entre os meios de transporte do planeta


(*o comandante do avião acabou de dizer que estamos a sobrevoar Budapeste)

Sónia em Sofia









































21 de Dezembro de 2008

Estou sentada num mercado coberto em Sofia, Bulgária.
Nesta cidade as fatias de pizza são enormes e custam menos de 2 BLG (cerca de 1€). São boas e reforçam a minha teoria de que as piores pizzas do mundo comem-se em Itália.
Gosto de Sofia. Confesso que o meu coração está dividido entre Sofia e Belgrado.Ambas são as cidades mais interessantes que visitei nos Balcãs.
A Bulgária tem caracterísiticas de um país em desenvolvimento. Entrou na União Europeia em 2007 e isso é visível no poder de compra: os carros, as lojas, as roupas, as obras públicas. Enfim, a confiança dos cidadãos. Desde 2007 sabem que nada de muito mau lhes poderá acontecer porque terão sempre o suporte da UE. Claro, um dia quando os campos estiverem desertos, quando a sociedade for predominantemente terciária (em prole da agricultura nos países ricos e fortes e da indústria implementada em países onde a mão-de-obra é barata)os búlgaros vão provar o fel da UE. Ainda assim acho preferível pertencer a esta grande união que nos protege com uma mão e nos empurra para o precipício com a outra. As vantagens sobrepõem-se e, talvez, a tão aguardada 1ª geração europeísta nunca sofra as consequências nefastas.
É interessante ver a evolução destes novos países-membros.Como se sabe é característica dos países em desenvolvimento a ostenção de bens materiais. Em Portugal também passámos por este processo, nos anos 80. Inicialmente não comprávamos porque não tínhamos dinheiro. Depois começámos a comprar mais porque tínhamos mais dinheiro. Quando começámos a ter ainda mais dinheiro, deixou de ser suficiente para os nossos hábitos de consumo e começamos a usar cartões de crédito. Agora já não usamos dinheiro porque estamos cerca de 115% endividados mas contínuamos a gastar, talvez até um pouco mais.
A grande diferença em relação a estes novos países reside no processo de adaptação ao mercado capital. Talvez porque a sociedade de massas fosse bastante mais humilde e naquela altura tínhamos como veículos de informação o rádio, a televisão e as revistas que chegavam de Espanha e traziam notícias com algumas semanas de atraso.
Lembro-me que quando era mais miuda (ainda sou miuda) tinha de escolher: se quisesse os ténis de marca tinha de me contentar com as Levis dos ciganos e as blusas do continente.Não existia a urgência de comprar que se verifica hoje.Agora a MTV, a internet não permitem atrasos. Aqui em Sofia não se vêm Zaras ou Bershkas. Não existe o meio-termo. As grandes avenidas estão recheadas de lojas caras como Miss Sixty, Calvin Klein, Stella McCartney, Lee Cooper e todo um cardápio de consumo topo de gama. Os búlgaros já não precisam esperar e tudo isto está espelhado nas ruas. As pessoas têm uma excelência aparência.
Não os invejo, nem os condeno. É tudo uma questão de auto-valorização. E de verdade que gosto de olhar para estes povos no Balcãs e vê-los sempre tão produzidos, como se estivessem sempre prontos para irem para uma festa de Sábado à noite. It´s evolution, baby!
Sofia é uma cidade lindíssima, com grandes monumentos e avenidas a perder de vista. Merece gente bonita, actualizada e com charme.
Nota-se que há Europa nesta cidade. Ao fim de 3 meses e 1 semana nem imaginam como é reconfortante encontrar "semelhantes sociais" e rever notas de Euro.
Dentro de 4 horas apanho os aviões para Lisboa. Estou ansiosa por namorar outra vez a minha cidade e ver o que mudou. Ver a evolução e comparar.
Não é pecado comparar. Quero que o mundo que tenho visto me torne uma portuguesa construtiva. Não somos melhores, nem piores, somos apenas diferentes. Temos a nossa cultura. Por vezes gostava que Portugal tivesse gerido melhor a oportunidade europeia porém encontro nos outros países mais ricos as mesmas dificuldades e a mesma dependência chocante do cartão de crédito.
No fundo não nos saímos assim tão mal e...todos gostam de nós.

Até já Portugal.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

"Soneto do Amor Total" a um louco, como eu!



















Amo-te tanto meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te enfim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Vinicius de Moraes
Passaram 3 meses e 3 dias desde que cheguei a Macedonia.
Ultrapassados os dias de estar so (rejeito o termo solidao), o receio de me confrontar com o meu “eu” desconhecido, ter de gerir as minhas emocoes perante os outros, ter de comunicar sem ter outra hipostese , ter de confrontar-me com o meu lado mais timido e selectivo sinto que estou adaptada.
Nao sinto que faco parte da Macedonia porque, de verdade, nao faco mas sinto que a Macedonia ja faz parte de mim, para sempre. Sinto uma simpatia enorme por este povo de sorriso aberto e acolhedor.
Penso que nao e obrigatorio gostarmos de nos proprios todos os dias. Nao e vergonha dizer que vivo confrontos interiores na busca da minha auto-passividade. Por vezes odeio o espelho e a sociedade mas nao os culpo pelos meus desastres. Sinto agora maior simpatia por mim. Continuo sem compreender muitas coisas mas entendi que o tempo me vai ajudar a atingir os meus objectivos. Por exemplo, desisti de tentar decorar os rios, os vales, os lagos e as capitais dos 56 paises africanos. Tenho 25 anos. A esperanca media de vida para as mulheres da minha geracao esta fixada nos 81 anos . Tenho, portanto, 56 anos para aprender a geografia africana e tantas outras coisas que desejo aprender mas que nao consigo.
Descobri um prazer enorme em viajar e conhecer mundos. Todos os dias a minha lista de sitios a conhecer aumenta. Todos sao realizaveis. Talvez a Patagonia seja o destino que mais me preocupa pela nao-facilidade em conhecer quer pela distancia, quer pelos custos, quer pelo medo que tenho em andar de aviao.
Nao quero fazer balancos ao que ja vivi aqui. Provavelmente esta experiencia nunca me vai permitir quantificar os resultados. Sinto que o que aprendo aqui se vai prolongar por muitos anos alem do termino do projecto em Junho de 2009.
Agora vou regressar a Portugal. Quero ver a minha familia. Quero ver a minha cidade (em Bitola conheci uma americana que ja viajou por meio mundo. Disse-me que perante esse meio-mundo nunca conseguiu esquecer Lisboa).

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O Lago Ohrid e a Felicidade


















A água foi e será sempre uma inspiração para os seres humanos. Talvez por, segundo os cientistas, a vida Humana ter começado na água...Talvez porque a água nos transmite verdade, paz, terror, miséria. Enfim, sentimentos inerentes à condição humana.
Há alguns dias tive o privilegio de conhecer um sitio povoado de magia e História: o Lago Ohrid no Sul da Macedónia.
Para os Macedónios Ohrid é o Mundo. Falam dele como de um precioso tesouro. Talvez seja tendo em conta que a Macedónia não tem muitos pontos que atraiam turistas , excepto Ohrid e as pequenas vilas contíguas, que no Verão se enchem de gente de todos os cantos do mundo que vêm brindar a este pequeno grande paraíso. À parte a realidade turisitica, Ohrid é um lugar cheio de História. Chamam-lhe a "Pérola dos Balcãs". Foi lá que Saint Clement aperfeiçoou a escrita cirilica etc...
Quanto aquilo que vivi e senti.Quanto à magia do lugar e dos meus sentimentos confesso que tendo em conta todas as referências que tinha de Ohrid fiquei um pouco desiludida. Esperava uma grandiosidade fora de comum mas talvez seja apenas porque a minha grandiosa referência é o Oceano Atlântico... Contudo foi inspirador olhar para aquele Lago de águas límpidas, rodeado de montanhas cobertas de neve e ,ainda assim, sentir o sol de Inverno aquecer-me a pele, queimar-me as sardas no rosto, abrir-me um sorriso e encher-me a alma de alegria.É bom estar num sitio onde as águas ainda são claras-mesmo transparentes-ver barquinhos de madeira atracados a estacas artesanais,escarpas com pequenas casinhas, ruas pequeninas com pavimento provavelmente colocado na Era Otomana. Encontrar igrejas, Castelos e vestígios arqueológicos de um tempo que o meu cérebro não consegue alcançar pela quantidade de zeros.( as vezes dou-me conta que a Humanidade já existe há tanto tempo....).
Sentei-me no muro de uma dessas igrejas ortodoxas construídas em rochas que se debruçam sobre a agua do Lago(ver foto).Inspirei o ar fresco.Senti o vento e a energia. Algures nas montanhas do lado direito estava uma das fronteiras com a Albânia(um dos antipáticos vizinhos). Pensei na vida. Na situação privilegiada. Imaginei o futuro e não vislumbrei nada. Pensei que as vezes a vida é como o Lago Ohrid. As águas são aparentemente paradas mas no interior há sempre nascentes que trazem novo fôlego e que fazem com que o Lago seja tão límpido, transparente e fresco. Há sempre algo que acontece. Há 1 ano atrás estava a trabalhar no Serviço Pós-Venda da Worten. Era extremamente infeliz mas descobri tantas coisas sobre mim. Agora estou aqui tão longe dos que amo mas a aprender a amar outros. Talvez não torne a ver os amigos que aqui fiz mas serão sempre meus amigos. Sem eles não seria igual. Eles não sabem (talvez saibam) mas ajudam-me a entender aquilo que tenho e a aceitar aquilo que os outros têm. Às vezes choco-me, outras vezes emociono-me. Na maioria das vezes amo a herança cultural portuguesa.
Nestes dias em Ohrid vivi novamente momentos que me marcaram profundamente.
Aqui vivo numa espécie de Torre de Babel. Por vezes quase morro de prazer. Outras vezes assusto-me com as diferenças e a violência expressa nestas diferenças.
Claro que, perto do Lago, acompanhada ou só, a paz existe. Ou talvez nunca exista realmente. Ou talvez eu queira muito que ela exista. Falo agora da paz interior, ou seja, paz de espírito. Será possível alcançar a paz de espírito mesmo quando se é extremamente feliz?Silenciar, por segundos, os sonhos, as ambições, os medos, o sofrimento, as recordacões? E como se faz para se aprender a ser ainda mais feliz?E como se faz para fazer os outros felizes?E ainda mais felizes?
Percebi que nunca se vive totalmente em paz. Percebi que a felicidade é escolhida por nós sem influências astrológicas ou raio que o parta(ao Zodíaco).
Ora reparem, eu estava quase em cima do Lago Ohrid e não estava mesmo feliz. Pensei " E se o Lago fosse o meu Atlântico é que eu era mesmo feliz". Em Portugal passo meses sem ver o Oceano e sou feliz e sou infeliz. Significa que não preciso dele para ser mesmo feliz.
Portanto, concluo que a felicidade é comandada pela nossa vontade.
Assim, sugiro que sejam bons comandos e criem os vossos momentos de felicidade. Por exemplo eu sinto-me muito feliz quando sinto que estou viva. Sinto, sinto, sinto!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Sonia.fm













O que toca na minha Playlist:

-Dyer Maker-Led Zeppelin
-Time-Pink Floyd
-You could be mine- Guns N Roses
-Crazy Mary- Pearl Jam

-Menina dos Olhos d'Agua-Pedro Barroso
-Nao queiras saber de mim- Rui Veloso
-Alfama- Madredeus
-Os Buzios- Ana Moura

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Hoje fiz 1 amigo

Às vezes, no silêncio da noite eu fico a imaginar tantas coisas. Imagino muitos posts que vou escrever neste blog. A maioria das ideias nascem nas noites de sonhar acordada. Na primeira oportunidade sento-me num dos 1001 magníficos cafés-lounge de Skopje , peco um café ou chá turco-outras vezes peço um chá de tília porque me lembro da minha avó- e as palavras atropelam-se nas linhas do meu caderno amarelo e, mais tarde, no computador com teclado eslavo.
Às vezes risco e outras vezes improviso. Leio e releio. Se soa bem sigo em frente, se não, reescrevo, refaço ou, num impulso, publico como esta.
No inicio desta aventura tinha ideias novas de 5 em 5 minutos. A minha cabeça parecia uma fábrica de ideias.
Tudo era novidade: as caras, os hábitos, os cheiros, as cores, as tradições, os lugares, as cores. Algumas vezes precipitei-me na interpretação daquilo que via. Noutras acertei.Muitas das coisas que vejo, ainda que já não sejam novidade, continuam a ser novas para mim.(um dia, com mais tempo, falar-vos-ei dos problemas étnicos).
As ideias, a curiosidade ainda me assolam mas "hoje fiz 1 amigo e coisa mais preciosa no mundo não há".
Já não passo tempo sozinha e, se passo, é porque é a minha escolha.
Já não tenho tempo para ir à ginástica. Tenho sempre uma companhia agradável para petiscar algures. A minha barriga e o meu rabo estão a aumentar. Para o ano faço dieta! Agora quero aproveitar todos os momentos.
Os últimos 2 meses e meio passaram rápido. Já falo um bocadinho Macedónio, continuo a cruzar-me com amantes da língua portuguesa e o Inglês esta melhor.

O tempo urge. Vemo-nos em breve

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Chinese Democracy numa manha de nevoeiro


Um dia tinha de acontecer...
Aproveitem. Eu continuo sem palavras. Acho que estou outra vez apaixonada...
http://www.myspace.com/gunsnroses