sábado, 11 de julho de 2015

Bristol e Bath, UK

Ponte suspensa de Bristol
Fonte:google.uk
Eu queixo-me, aborreço-me, reclamo mas a verdade é que há uma parte de mim que sente certo fascínio pelas Ilhas Britânicas, aka, Irlanda e Reino Unido.  Se todos os dias pudessem ser secos ainda que cinzentos, frescos mas sem vento, este poderia bem ser o cantinho do mundo com uma das melhores qualidade de vida, mas...o clima torna a vida impossível de aguentar. Mesmo assim vou descobrindo lugares belíssimos, com pessoas muito simpáticas que não têm nada a ver com o estereotipo de gentio frio e fechado.

Desta vez vou-vos contar como foi a minha viagem a Bristol e a Bath, no sudoeste de Inglaterra, a cerca de 200 Km de Londres. 

Bristol e a ecofilosofia

Embora o ícono da cidade seja a Ponte de Cliffton, Bristol é este ano a Capital Verde da Europa e foi recentemente considerada a cidade do Reino Unido com melhor qualidade de vida.

Imaginem uma cidade com metade do tamanho de Lisboa, quizás menos, cheia de jovens e pessoas cosmopolitas que andam de bicicleta para todo o lado porque a cidade tem mais de 25 Km de ciclovia.  E não vos estou a falar de uma cidade plana porque Bristol tem encostas capazes de fazer suar o mais alfaçinha da Penha de França. Mesmo assim o espírito é percorrer a cidade, fazer tarefas diárias, ir trabalhar sem prescindir da bike.
Á parte as pessoas sorriem sempre. Desde os condutores de autocarro que são uma simpatia até às velhotas sentadas no banco do jardim, todo o mundo sorri. Talvez porque seja Verão (18ºC +/-), talvez porque a percorri de uma ponta à outra com o meu amigo das Canárias naturalmente simpático como todos os da sua terra (dúvido que nas Canárias haja pessoa antipáticas).

Não foi a primeira que estive em Bristol. Antes já tinha estado como visita numa casa de fachada inglesa e conteúdo espanhol, mas esta vez ia decidida a ser turista. Fiquei na mesma casa no bairro de Bedminster, que cada vez tem mais espanhóis, e embuí o meu canário com o meu espírito de turista. Nao calçamos as peúgas brancas e as sandálias mas partimos à descoberta.

Ponte suspensa de Clifton

De Beminster fomos a pé até à estação de comboios e bus Bristol Temple Meads. Quisémos poupar-nos à subida desesperante que liga o centro da cidade com a zona alta e nobre Clifton e apanhámos o autocarro (1,5£). Eu tinha muita vontade de conhecer a Ponte suspensa construída no século XIX pelo engenheiro Isambard Brunel. Assim que descemos do autocarro senti-me apaixonada pelo bairro de Clifton. São pequenas casas de quatro pisos no máximo com estilo georgiano, portas coloridas e fachadas cor de bolacha. O bairro está cheio de lojas de comércio alternativo: restaurantes, lojas de arte, lojas de caridade, lojas de bicicletas etc...O barrio está circundado por uma pequena floresta verde intenso, património municipal, lá em baixo a cerca de 75 metros está o Rio Avon, negro e algo sinistro. No alto a Ponte suspensa. Não é apenas a ponte que é bela, é tudo o que rodeia, o facto de estar tão alta e distante do rio, os balões de ar quente que alegram o céu, as curvas do Avon e, ao fundo, a cidade. Só para ver esse cenário valeu a pena viajar a Bristol

Contudo Bristol tem muito mais que este cantinho...

Vista desde Clifton e Ponte suspensa
Mercado de St. Nicolas

Embora o falafel seja uma comida típica do Médio Oriente, no mercado de St. Nicolas, no centro de Bristol está o melhor posto de venda desta iguaria. Gerido por espanhóis que acreditam que a comida é para ser desfrutada a 100% e com sabor, o falafel ocupa quase um papel secundário entre a cenoura, a salada, o homus, o molho de iogurte que sabem mesmo a comida e que todos juntos, custam a módica quantia de 4,5£, tanto faz que seja em caixa de plástico ou em pão pita.

À parte esta valiosa descoberta gastronómica, o mercado de St.Nicolas cheira a comidas do mundo e artesanato. Entre os cerca de vinte postos de comida de qualidade está um posto de comida portuguesa que, dizem os locais, tem um bacalhau com natas de fazer comer e chorar por mais. Eu provei a bica e, embora me tenha custado 1,20£, posso garantir que estava óptima e que valeu a pena o roubo.  Uma das características mais interessantes do mercado é que apostam no consumo de produtos biológicos produzidos localmente em quintas dos arredores de Bristol. Ao tratar-se de comidas do mundo óbiviamente que nem todos os produtos podem ser locais, mas isso não é escondido do consumidor final.

Mercado de St.Nicholas, Bristol
Fonte: guardian.com
Vida ribeirinha, Banksy e a Ovelha Xoné

Desde idos tempos que Bristol compete com Manchester e ambos reclamam ser o porto de maior importância no Reino Unido. O certo é que Bristol é uma cidade que respira Avon e ao longo dos braços do rio, que alguns kilómetros depois desembocam no Atlântico, há muita actividade sociocultural. O que outrora foram docas de chegada e partida de barcos, hoje em dia são bares com esplandas viradas para o rio.
Numa dessas esplanadas, no bar “The Olive Shed” que promete tapas meditterâneas e tem vinho português no menú, passei uma agradável tarde na esplanada entre um “tira-e-põe-casaco” típico do clima destas paragens. Os meus amigos consumiram cerveja da Galiza. Eu não queria nada e, sem que fosse necessário pedir, a empregada trouxe-me uma garrafa de design com água da torneira. Haverá maior simplicidade que esta? Não querendo consumir, não fui induzida a tal...Pois esse é o espírito da cidade de Bristol que embora seja a capital verde não apresenta sintomas de desinfeção. É uma cidade também suja mas em vias de conseguir o equilíbrio entre sustentabilidade, desenvolvimento e meio-ambiente. É uma cidade que promete a melhor qualidade de vida de Inglaterra mas sem deixar de ter carácter próprio.

As obras de graffiti repetem-se em cada esquina da cidade deixando de boca aberta até o mais conservador fanático da National Gallery. São obras de arte, em grande parte desenhadas pelo filho da cidade Bansky.
Bansky é um artista grafiteiro anónimo. Embora faça exposições, seja director de cinema e activista político a sua identidade é ainda desconhecida para o grande público. Em Bristol consideram-nos um Deus e qualquer das paredes pintadas por ele, são agora património municipal, depois de a polícia ter mandado derrubar há uns anos uns quantos muros como forma de perseguição aos artistas de graffiti.
Uma das obras de Bansky mais conhecidas mundialmente é a “Ballon Girl”, no South Park em Londres. A minha favorita de Bristol é “Well-Hunger Lover”, mesmo ao lado do pub mais antigo da cidade, o “The Hatchet” de 1606.

Outra famosa de Bristol é a “Ovelha Choné”. Desenhada nos Estúdios de Animação Aardman.  Actualmente existem várias réplicas da ovelha recriadas por diferentes artistas em diferentes pontos da cidade (parecido à exposição das vacas em Lisboa). A minha favorita está em frente à escola de música, já por si um edificio muito bonito e que merece ser visitado nem que seja por fora.

“Well-Hunger Lover”
Bath

Por um dia deixei Bristol e fui até à pequena cidade de Bath, Património da Unesco desde 1987.

Bath está para Bristol, como Sintra para Lisboa. Têm um carácter muito distinto uma da outra mas completam-se na perfeição. Visitar Bristol e não ir a Bath teria sido um erro muito grande. Assim, desde a mesma estação Bristol Temple Meads apanhámos a guagua (bus em dialecto canário) e seguimos até Bath. A viagem durou menos de uma hora.
Chegámos e encontrei uma cidade de traça aristocrática, de fachadas românticas e georgianas, envolvida no mesmo verde intenso que caracteriza a região. A diferença é que Bristol é descaradamente urbana, mas em  Bath se fecharmos os olhos podemos ouvir o corrupio de coches e o som do roçar no chão dos vestidos de nobres senhoras. Chegar a Bath é como entrar directamente numa cena daquelas séries da BBC que retraram a vida dos ricos de séculos XVIII e XIX.

Há mais de mil anos que Bath chama a atenção de visitantes e invasores que acodem pelas águas termais que dela emanam. Ao longo dos séculos a cidade foi-se desenvolvendo em torno aos banhos e ao templo de Minerva  construidos pelos romanos por volta do século VI e, mais tarde, em torno à Abadia  de Bath.
A Abadia tem entrada gratuíta, mas a entrada para os banhos custa cerca de 16£. Achámos caro e decidimos deixar para outro dia. Preferimos passear ao longo das margens do rio e subir a Gay Street até ao Circus, uma praça em forma de círculo com uma imponente árvore no meio, que em pleno século XXI estava rodeada de japoneses, mas que outrora era visitada por nobres que escolhiam Bath como destino de férias, o que na época era sinónimo de status social.

Vista Bath, Rio Avon
Bristol again, again and again

Há muito mais para ver e contar sobre Bristol. Vale mesmo a pena. É uma cidade frenética e cheia de actividade cultural sem, contudo, ser cansativa como acontece nas grandes cidades. Em Bristol ainda é possível cumprimentar o vizinho e, o facto de ser uma cidade verde e amiga da bicicleta, faz com que todo o mundo se cruze nas ciclovias ou nos autocarros urbanos. Há trânsito mas não é caótico e a cidade pode perfeitamente ser percorrida a pé. Ter transporte próprio não é um requisito obrigatório. As compras podem ser feitas ora no supermercado, ora nos mercado tradicionais. O município criou uma moeda própria. São libras de Bristol que podem ser usadas em lojas locais que tenham aderido à rede e servem para fomentar as compras no comércio local.

Uma vez mais adorei voltar lá, talvez pela companhia, talvez pelas good-vibes da cidade, a verdade é que penso voltar outra vez. Quero muito visitar o bairro dos jamaicanos e voltar a comer falafel no mercado de St. Nicholas.

Não sei que tal é a conexão entre Portugal e Bristol mas no caso de quererem passar um fim-de-semana no Reino Unido mas longe da caótica Londres esta é a melhor sugestão até ao momento. O bus do aeroporto à cidade custa cerca 11£ e o trajecto não dura mais de 30 minutos. 

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Paris

Torre Eiffel
“We will always have Paris

Se o Humphrey Bogard me viesse com esta história da promessa eterna a ser vivida em Paris eu mandava-o à fava. Como é que alguém pode ser feliz numa cidade à pinha de turistas?

Para mim visitar um lugar é sentir a sua alma. Paris é lindíssima mas achei-a tão caótica que não consegue sequer entrar para o meu Top 5. Visitei-a com pressa e talvez essa não seja a forma de visitar uma cidade que à partida tem tanto para oferecer. Mesmo assim vou-vos contar os quase quatro dias deliciosos que passei entre Paris e Rouen.

Depois de passar a noite a dormir dobrada nos cadeirões do aeroporto de Dublin acordei bem disposta porque era o dia do meu aniversário. O avião chegou a Paris às 9h30 depois de pouco mais de uma hora de voo. Foi muito rápido. Esperava encontrar um clima maravilhoso que há dias estava anunciado no boletim metereológico, mas a cidade estava cinzenta e parecia até que ia chuviscar a qualquer momento apesar de não fazer frio. Desde o aeroporto de Beuvais até Porte Maillot (muito perto do Arco do Triunfo) são cerca de 80 minutos mas o trânsito para entrar em Paris era caótico e demorou muito mais.

É já ali

Notre-Dame
 Esta frase não cola com os parisienses. Mesmo que seja realmente já ali eles dizem sempre que é muito longe e fazem um ar grave. Em Porte Maillot disseram-me que a Torre Eiffel estava a mais de uma hora a andar portanto tive de ceder ao metro. Comecei logo por pensar que era impossível os parisienses não terem outra fama senão de antipáticos. A fila para comprar um simples bilhete era enorme. Eu demorei mais de meia hora e, apesar de estar de férias, sentia-me violenta. Éramos todos turistas. Percebi que algo diferente estava a acontecer. Apesar de já ter viajado bastante não visitei grandes metrópoles. Londres é a minha referência de cidade gigante e de ambas vezes que estive lá nunca me senti sufocada pelos turistas. Na fila para o metro em Porte Maillot vi que estava num sítio de turismo massivo.

Saí na estação Hotel de Ville e fui a pé até à Notre-Dame. Não pude evitar pensar no Corcunda de Notre-Dame e no quão mais majestosa parece a sua casa no filme da Walt Disney. Talvez a catedral seja lindíssima mas tinha tantos turistas, tantos, tantos que não consegui sequer apreciar a fachada. A fila para entrar era uma serpentina. Perguntei aos meus botões como era possível...e esta era a fila mais pequenina que eu ia ver.

O Sena é lindíssimo. Dá à cidade uma aparência de romance, boémia e paz que só as cidades com rio conhecem. Paris foi construída nas margens portanto ele está em cada cantinho, em cada vista. Seguindo as suas curvas durante horas tropeçamos nos principais monumentos parisienses: Notre-Dame, Louvre, Torre Eiffel etc...

Eu tinha muito claro o que queria ver e sabia que estava limitada de tempo. Dali parti para um passeio até ao Panteão onde me disseram que havia um metro que me levaria até ao Pere Lachaise, porém algo aconteceu...

Panteão
Latinices...

Esta minha mania de falar com toda a gente já me fez perder muitas horas utéis. Um gentil senhor de pele morena deu-me passagem numa rua estreitinha encolhida por umas obras públicas. Eu sorri e agradeci e ele devolveu-me o gesto. Perguntei-lhe então onde era o metro, ele perguntou-me onde queria ir e disse-me para ir dali com ele que ele ia-me mesmo indicar. Resulta que o cavalheiro era da República Dominicana e começamos num blablabla desenfreado em español hombre y como no?
A entrada do metro nunca mais chegava e transformou-se num passeio a passo de caracol até à  paragem do autocarro 21 que me ia levar até St. Lazaire onde podia depois apanhar o metro até Pere Lachaise. Estava claro que ele queria conversa. Monumentos, História, Paris, Lisboa 1974, filosofia, enfim...fuel pró meu cérebro handicupado pela vida na Irlanda. Eu deixei-me levar até que já tinha passado mais de meia-hora e o autocarro estava parado há muito tempo numa das avenidas principais. Quando ele soube que era o meu aniversário convidou-me para tomar um vinho e ir dançar salsa mais logo. Parece tentador verdade? Paris, sotaque espanhol, culto, bem vestido...desenganem-se. Ai já estava com vontade de o matar porque eu só lhe tinha perguntado onde era o metro e o cabrão tinha-me metido num autocarro urbano em plena hora de ponta, ruas cortadas e uma manifestação sindical a complicar. Mais de uma hora depois vi-me livre daquele caos e num instante dentro do metro estava no meu destino.

Cemitério Pere Lachaise

È o cemitério mais visitado do mundo porque, entre outros “encantos” é a morada de uma lista infidável de nomes conhecidos: Delacroix, Oscar Wilde, Marcel Proust, Balzac, Edith Piaf, Chopin, Maria Callas, Jim Morrison etc...

Pere Lachaise era um padre jesuíta, ordem religiosa que ocupava o terreno do actual cemitério. O terreno foi comprado na época do Napoleão para ser transformado num cemitério municipal onde pobres e ricos seriam enterrados ora em valas comuns, ora em concessões perpétuas, aka, túmulos. Ao tratar-se de um cemitério público a religião não era condicionante para acolher os restos mortais de quem quer que fosse e, por isso, Pere Lachaise acolhe até hoje sepultura de católicos, judeus, mulçumanos e hindus. Aliás o primeiro mulçumano a ser sepultado foi uma mulher, a Rainha Malka Kachwar.
Como ficava fora da cidade no primeiro ano acolheu apenas cinco sepulturas. Hoje em dia conta com 1 milhão de sepulturas mais cerca de 3 milhões de restos mortais. Pere Lachaise é tão conceituado que existe uma lista de espera para se ser sepultado lá. Entre outros requisitos é necessário provar que algum familiar de até duas gerações se encontra sepultado lá. Depois é rezar até morrer para se conseguir um nicho nesse mundo de mortos superpovoado...

Há muitos anos que queria visitar o túmulo do Jim Morrison e assim que cheguei fui directa mas perdi-me pelo caminho porque o cemitério é tão incrivelmente bonito que é impossível não ficar rendido. Uma pequena rua de sepulturas ornamentadas com esculturas muito belas, leva a outra etc...È um museu de escultura imperdível e sem filas como os demais museus. É realmente incrível. Muito parecido com o cemitério do Alto de São João, em Lisboa, mas muito maior e cheio de árvores.
Quando por fim cheguei ao túmulo do Jim Morrison encontrei uma campa humilde, que quase passa desapercebida não fosse o gradeamento à volta. Estava um tipo a olhar fixamente a campa, com um sorriso nos lábios e a brindar com uma cerveja ao Jim Morrison.

O Pere Lachaise é o meu sítio preferido de Paris. Gostaria de voltar lá tantas vezes quanto possível porque é um lugar de Paz e arte.

Cemitério Pere Lachaise
Túmulo dos amantes Abelardo e Eloísa
afinal os chineses também são enterrados...
Detalhe de uma campa de uma criança
Túmulo do Jim Morrison
Os Hit-points de Paris

O resto da visita decorreu sempre a andar porque não queria perder tempo em filas intermináveis de turistas, muito deles que se estão a borrifar para o que estão a visitar e vão para todas as partes com o pau de metal dos selfies em riste, quais mosqueteiros da foto da treta.

O Museu do Louvre é imponente. O Palácio do Louvre, onde estão as instalações do museu, é lindíssimo e enorme. Eu tinha muitas saudades de rebolar na relva ao ar livre, por isso aproveitei a relvinha em frente ao museu, estendi a minha capulana e dormi uma relaxante sesta. Para mim a felicidade é feita sobretudo de pequenas coisas que nos dão prazer e pelas quais lutamos. Agora que vivo num país onde é impossível ficar sentada num banco de jardim mais de dez minutos sem que começe a chover, quando tenho oportunidade gosto de perder tempo na relva ou no jardim.

A livraria Shakespeare está mesmo ao lado da Notre-Dame. Para os mais despistados é a livraria onde o Jen e a Celine se reencontram no filme “Before the Sunset”. Infelizmente percebi que não sou a única seguidora do filme porque a livraria estava à pinha, cheia de turistas. Foi impossível entrar.

É incrível pensar que a Torre Eiffel foi construída com o intuíto de ser mostrada numa exposição e depois desmontada e atirada ao lixo. Ainda bem que ficou onde está. Dizem que tem uma vista muito bonita e gostava de subir algum dia mas Paris tem edíficios muito mais impressionantes, tais como os palácios da Praça da Concorde.

Os Campos Elíseos são uma avenida enorme e larga entre o Arco do Triunfo e a Praça da Concorde. Gostei muito de passear por lá, de entrar nas lojas low-coast, sentar-me e ver passar os turistas. Não podia deixar de pensar no quanto deve valer o aluguer duma casa ali. Na última noite fui jantar a uma cadeia de baguetes low-coast que descobri, adorei e repeti todos os dias, a Pomme du Pain. Já estava esfomeada e tinha percorrido Paris a pé. Nos Campos Elisios as baguetes são cerca de dois euros mais caras mas como não aguentava mais decidi entrar e pedir a minha vegetariana. Quando já estava servida percebi que a esplanada tinha ficado vazia. Assim na minha última noite em Paris jantei nos Campos Elisios pela módica quantia de 8EUR.

Louvre
Livraria Shakespeare no Bairro Latino

Rouen e o blablablacar

Tinha muita vontade de ir a Paris não só para conhecer a cidade, mas sobretudo porque uma das pessoas mais importantes da minha lista especial de amizades vive pertinho. A Edna foi minha colega de escola desde os 10 anos. Nos últimos 15 anos contam-se pelos dedos duma mão as vezes que estivémos juntas, mas cada vez que o fazemos é como se o tempo não tivesse passado por nós...falamos com a mesma soltura com que o fazíamos quando éramos adolescentes. A Edna e a família receberam-me em Rouen na casa deles e foram tão hospitaleiros que nem tenho palavras...

Para chegar até eles a Edna contratou-me um blablablacar. Nunca tinha andado mas fiquei rendida à simplicidade e segurança do processo. São cerca de 136Km entre Paris e Rouen. Combinei com o choffeur numa estação de comboios e fomos toooooodo o caminho a falar. O rapaz por coincidência é filho de uma portuguesa. Visita Portugal com frequência mas não fala a língua, só os palavrões. Mesmo assim dança no Rancho Folclórico de Rouen. Tinha um inglês óptimo e foi muito boa companhia. Fiz o trajecto de ida e volta com ele.

Rouen não é uma cidade muito grande mas é lindissima e bastante mais acolhedora que Paris. Cruzada pelo Sena, está rodeada de montanhas e entre outra efemérides é conhecida  por ser a cidade onde a Joan D´Arc faleceu. No centro da cidade há um catedral majestosa, a Catedral de Notre-Dame de Rouen. Perder-se pelas ruas da pequena cidade é como dar um passeio numa época de arquitectura medieval misturada com modernidade. No centro havia uma feira de solidariedade para com alguns países africanos e mulheres de todas as cores passeavam nas suas alegres capulanas, tal como eu. Numa outra pequena rua entrei numa loja de vinyl e fiquei enfeitiçada com o cheiro a disco vinyl antigo. Se um dia tiver uma biblioteca quero que tenha aquele cheiro...
Fiquei cheia de vontade de voltar. Rouen cheira a Normadia, a comida boa, vinho bom, largos passeios de bicicleta e muito ar puro e saudável.

Vista parcial de Rouen com o Sena
Estátua Joan D´Arc na Catedral Notre-Dame em Rouen

Detalhe ruas de Rouen
Relógio em Rouen
Confesso que tinha certa vergonha de não conhecer Paris.  É estranho ser colecionadora de destinos e não ter uma cidade tão importante na minha lista. Mesmo assim a cidade não entrou para o meu Top 5 embora os parisienses me tenham parecido simpatiquíssimos. Já a Normadia é outra história...

Sena no centro de Paris. Lindo!