segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O meu nome é Sónia, nasci num dia quente de Junho de 1983, homónimo ao desaparecimento de José Saramago umas décadas depois. Sou lisboeta por convicção. Por muito que viaje e conheça sítios líndissimos não encontro em nenhuma parte a melancólica e agradável companhia de Lisboa.

[“…Efímero aliento el de esta luz vacía que abre los ojos a la nostalgia...”] 

Gostaria de poder continuar a afirmar que sou 100% portuguesa e que Lisboa é a minha casa mas há muito que recolhi a âncora. Mesmo quando ainda perdia os meus passos no cantinho à beira mar plantado já a minha mente divagava por outras paragens. O Mapa-Mundis é a minha obra de arte favorita. Este blog é um convite a que conheçam lugares tão distintos entre si como a República da Macedónia, as ruas de Lisboa, o alegre buliçio de Madrid e os cús de Judas aka Moçambique, com paragens em diferentes apeadeiros europeus e regulares descrições do que na minha mente preguiçosa se produz. 

[“Viajar! Perder países!... por a alma não ter raízes...”] 

Pretendo, mais que nada, fazer justiça aos lugares e pessoas que vou conhecendo e lamento se pareço confusa nalgumas divagações. Quando for grande talvez seja uma dessas pessoas que “nunca têm dúvidas e raramente se enganam”. Por agora fico feliz por ser uma pessoa de multiplas opiniões. 

[“…aunque ya conoces mi inestabilidad, que sigue igual y me encanta…”]

domingo, 30 de outubro de 2011

Suécia


Vista parcial de Estocolmo

Na Suécia encontrei um dos países mais acolhedores que visitei até hoje, enganam-se pois, os que pensam que os países nórdicos estão feitos por e para gente fria.

O verde é a cor predominante e o ar é 100% fresco e limpo nas zonas de campo ou subúrbio.

Os subúrbio são decorados com casinhas unifamiliares, com pequenos jardins à volta e,Estocolmo, como tem muitos canais por onde circulam as águas do Báltico, é uma cidade bastante agradável, amiga do ambiente e pouco ruidosa. Apesar de ter mais carros do que eu imaginava,há uma sensibilização muito grande para as causas ambientais e para a Saúde e necessidade de fazer desporto, portanto é normal ver passar em bicicleta executivos e senhoras de salto alto.

Tive a sorte de ser recebida por uma família: a Brigita e o Jan, mais os filhos Enrik e Magdalena, respetivos pares, a Carolina e o Gustav e, ainda, a Toska, uma cadela muito linda e campeã. Vivem em Nortlajie, a 1 hora a Norte da capital. São gente que tem muito que contar, partilhar e receber. Sobretudo têm um coração onde cabe toda a gente. Receberam-nos na sua típica casa nórdica - que por fora parece uma casinha de chocolate- com um pequeno jardim à volta, cheio de plantas aromáticas, pequenos arbustos e uma maravilhosa árvore de groselhas, com as quais me deliciava cada manhã.

De pequeno-almoço serviam-nos pão negro, com compota natural, ovos e legumes. O almoço e o jantar quase sempre eram servidos com comida totalmente saudável mas, e, sobretudo, saborosíssima. Para eles é algo fundamental consumir produtos locais e essa foi sem dúvida a grande mudança operada em mim, depois da volta a Espanha. Consumir produtos locais significa ajudar os pequenos produtores e lutar contra o imperialismo das grandes superfícies, que cada vez mais e sem pudores, nos vendem produtos geneticamente alterados, que nos fazem apodrecer por dentro. Embora sejam mais caros, eu acho que vale a pena investir. Por exemplo, experimentem comer uma cenoura ou um tomate biológicos.

Passeamos muito, andámos quilómetros e descobrimos lugares e pessoas inesquecíveis. Fiquei com a certeza que, apesar de serem países muuuuito caros (1 café no centro histórico custa em média 3 ou 4€), eu quero voltar lá acima. Ficou tanto por ver, tanta e mais gente simpática por conhecer, tantos produtos locais, cheios de sabores, que não provei.

Obrigada aos meus amigos suecos e ao David. Agora posso dizer que eu já fui muito feliz na Suécia.

P.S: confirma-se: são uma gente mesmo gira.


casa típica, nos subúrbios de Estocolmo


Produtos locais (pão também)


Eu, o Báltico e "O cerco de Lisboa"

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Fiel, Fiel




A minha mae vive numa zona do país que é mais uma entre as zonas do país onde os animais sao abandonados no Verao ou em època de caça.
Quando a minha mae foi viver para essa zona eu apaixonei-me por um cao preto e branco com cara de desenho animado e muito divertido. Este sr. cao gostava particularmente de me roubar as havainas ou o saco da comida. Ao principio ficava assustada com a energia sem limite do quadrupede mas lá fomos ganhando confiança e, acabámos apaixonados um pelo outro (sem direito a beijinhos que eu nao gosto dessas confianças com os caes. Amigos, amigos, beijinhos à parte).
Sucede que o cao era do meu vizinho e estava a ser "experimentado" para ver se "dava para a caça", senao "logo se via o que ia fazer com ele". Quando, por fim, o meu vizinho, um macho ribatejano muito homem, descobriu que o animal nao dava para a caça (qual deles, já agora?) decidiu oferecer-me o cao preto e branco. Andámos ali indecisos entre continuar a chamar-lhe Fiel ou começar a chamar-lhe Fidel (até lhe pusemos um lenço vermelho-comunista ao pescoço). Por fim, decidimos chamar-lhe fiel. Ia bem com ele, com a sua personalidade.

Foi a nossa primeira adopçao canina. Depois dessa seguiram-se 1 dúzia de adopçoes mais. Quase todos acabaram mortos ou pelo venatório* ou por animais notívagos. E o Fiel ia sempre resistindo a tudo. Depois de uma época áurea como o maior sedutor das redondezas, tinha-se reformado e passava os dias debaixo ou da palmeira, ou da betoneira. No Inverno tinha autorizaçao para subir ao alpendre e deitar-se no baloiço com uma mantinha. Agora que o Fiel tinha reunido todas as condiçoes para viver uma reforma tranquila, eis que o bicho-porco, um desses bichos nojentos que vivem no sub-solo, que atacam pela calada da noite, apareceu e matou-o. Chupou-lhe o sangue e deixou-o abandonado na vinha do Vitor Jorge. De manha, quando a minha familia o encontrou, fez-lhe um enterro digno de um amigo de 4 patas. Está previsto plantarmos uma árvore em memória dele, no Passeio dos Amigos. E assim, a árvore dele ficará junto a outras arvores de outros amigos de 2 patas.

Poderia passar o dia a contar histórias divertidas sobre o Fiel, como por exemplo, que no Natal comeu as galinhas do Zarolho mas, uma vez patente o carinho que sentiamos e a saudade que vamos sentir dele, prefiro utilizar este espaço para sensibilizar-vos para a importância de tratar bem os animais. Nao têm de viver como principes, nem têm de ser tratados como Deuses mas nada justifica que sejam abandonados em meio de auto-estradas. Nao vos apetece levar o vosso fiel amigo nas próximas férias? Vao ter um bebé e já nao vos apetece que o Bobby partilhe casa convosco? Pois bem, há lares de acolhimento para esses animais. E, sobretudo, há gente que procura um fiel amigo, que tem o bom senso de nao pagar 500€ por ele e que, recorrem a esses centros de acolhimentos. Para esses centros de acolhimento funcionarem é apenas necessário que enviemos donativos para a alimentaçao dos animais ou que lhes levemos diretamente sacos grandes de comida seca. Um bocadinho aqui e um bocadinho ali e haverá uma data de Fiéis que deixarao de ser pisados pelos nossos carros, no asfalto português.

*Venatório= entidade semi-clandestina e gerida por caçadores. Tem como finalidade prevenir que os fiéis amigos nao cheguem aos coelhos, lebres e perdizes antes deles. Para isso têm uma soluçao simples: distribuem carne envenenada por regueiras e terrenos nao habitados. Quando os caes comem a carne, os caçadores ficam automáticamente sem concorrência.....A minha familia há uns anos acordou e tinha 4 caes mortos, espalhados pelo quintal....

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Os Illusions fizeram 20 aninhos



E alguns de vocês devem estar a pensar "Ai, se eu tivesse 20 anos outra vez".
Já a mim apetece-me dizer " ai se eu tivesse 9 aos outra vez e fosse o Verao de 1992". Bah, que Verao maravilhoso. Penso que nunca mais voltei a ter um Verao tao bonito, tao intenso, tao cheio de novidades. Sobretudo, foi o ano em que despertei para a música. O mundo girava à volta dos Domingos depois do almoço. A essa hora começava o Top+ apresentado pelo gadelhudo e pela Catarina Furtado e era mais certo que a morte: entre a 10 posiçao e a 1, pelos menos 3 video clips eram dos Guns N´Roses. O video clip da November Rain era a loucura, o êxtase. E todas queríamos casar com o vestido de noiva da escultural Stephanie Seymor (nem sequer nos passava pela cabeça que poucos anos depois começariao os complexos com o corpo, portanto um vestido daqueles já seria impensável). No entanto, o melhor de tudo, era a banda. Aquele Axl era liiiindo. O homem era mesmo perfeito. E todos juntos desprendiam uma energia tao boa, tao rock, tao jovem, tao cheia de ilusoes, tao forte e boa. Inesquecível.

O ano de 1992 foi grande para música nacional e internacional. A tabela do Top+ estava cheia de maravilhas: Ugly Kid Joe (i hate everything about you), Metallica(black album), Nirvana(nevermind), Pearl Jam(Ten), Rolling Stones, Madonna, UHF (Sarajevo), Xutos (chuva dissolvente, ela sorriu), GNR (rock in rio Douro e o Sangre Oculto, com o vocalista dos La Frontera), ONDA CHOC (cabeçinha no ombro) etc...no entanto, nada foi mais forte que os Illusions. Os Illusions ajudaram-me a formamr-me como gente, acompanharam-me na busca do meu caminho, foram a melhor companhia para as minhas ilusoes. E passados 20 anos (19 anos desde que os conheci) continuam a ser fortes, bons amigos e companheiros de viagem.

Obrigada. Tem sido um prazer conhecer-vos.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

VITALDENT



O mundo está perdido quando, entre outras coisas, vamos ao dentista fazer uma limpeza de manutençao e, em lugar de um dentista, somos atendidos por uma equipa de comerciais.

Já nao é a primeira vez que me acontece e garanto-vos que é bastante desagradável sentir-me um potencial cliente, numa clínica dentária. Até aceito ser assediada numa loja com produtos de coméstica, de eletrodomésticos, de telemóveis mas no mercado da saúde básica acho que é inadmissível.

Ora, ia eu fazer uma limpeza/destartarizaçao de rotina quando sou atendida por uma rapariga simpatiquíssima. Percebi logo o que ia acontecer! Pois bem, feita a radiografia da praxe, descobriram que apesar de ter uma dentiçao perfeita, tenho de tirar os 3 dentes do juízo, pela módica quantia de 267€ cada um. Ah, e teria de pagar de entrada à volta de 540€. Eu disse-lhes que nao tinha esse dinheiro e a resposta foi: pode sempre pedir um crédito. Desculpe????Um crédito Sr. Dr? Mas se acaba de me dizer que tenho uma dentiçao perfeita?

Se tivesse os dentes todos estragados ou tivesse a entrar na 3.idade, eu até poderia ponderar a hipotese de pedir um credito para arranjar os dentes, contudo, tenho 28 anos e, como o Sr.Dr.comercial-dentista disse, uma dentiçao perfeita. Estamos a brincar ou quê? Ah, e vocês nem imaginam a cara de nojo que eles fizeram quando eu me levantei e disse que tinha de pensar melhor. Foi como se toda eu fosse uma ferida infectada, nem sequer me olharam nos olhos para dizer "Obrigada, ate logo"

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

terça-feira, 20 de setembro de 2011

¡Vamos nessa Vanessa!



Li por aí que a Vanessa esteve 15 meses retirada porque padecia (padece) de Anorexia e Bulimia e que agora voltou às lides desportivas.

Quero transmitir o meu apoio incondicional e todo o meu calor humano à Vanessa Fernandes e a todas as Vanessas da vida. Eu já achava que ela era uma campeã. Agora, com ou sem medalhas, acho um bocadinho mais.

Allá guapa

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Nao gosto particularmente do blog mas é isto mesmo que eu sinto quase sempre...

Quinta-feira, 30 de Junho de 2011
Há 1 ano atrás tudo mudou.

Só foi há um anito. A decisão foi tomada depois de muito bem pensada. Ver a vida das pessoas mais importantes a passar e não poder estar presente foi talvez o aspecto que mais pesou. Mas houve mais.
A decisão foi tomada, e depois veio tudo ao mesmo tempo. Tudo de novo. Como se tivesse que ser sempre assim. E passei por momentos em que pensei "Se soubesse o que sei hoje não teria vindo", mas depois sentava-me e pensava na minha vida em Madrid, na monotonia em que se tinha tornado...e tirava logo esse pensamento da cabeça. Mas foi complicado, o inicio cá. Aos poucos foi-se tudo endireitando, ainda estou nessa fase, devagarinho, devagarinho... E gosto tanto de cá estar. De poder ir a um jantar de amigos (e de só gostar de 2 dos 20 pratos da ementa!!) e estar com as pessoas que eu conheço. Mas tenho tantas saudades de Madrid, mas tantas. Aquela cidade é mais a minha casa que Lisboa, talvez um dia isso mude. Em Madrid ficou tanto de mim.
E às vezes ainda me pergunto...teria eu novamente coragem de largar Portugal? Há dias que sim, há outros que nem pensar. Aprende-se tanto quando se esta longe, mas também "ganha-se" tanto quando se está perto. Será sempre assim que pensarei, talvez por isso nunca conseguirei responder a essa questão, talvez por isso nunca diga Não.


Fonte:http://eeeagora.blogspot.com/

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Living the live!

Por fim, vamos estar juntos: eu e o meu amantíssimo mestre.

Lembro-me bem quando Espanha era a minha ilusao e, entre o Chiado e a Almirante Reis, para o caminho ser mais curto, punha os head-phones e o meu cérebro devorava as palavras de Sabina. Assimilava-as uma por uma.E quando falar Espanhol começou a ser obrigatório, sacava da manga expressoes que aprendi nessas viagens pedonais pela Lisboa da minha vida.

Agora, sempre que o ouço, o meu coraçao é arrebatado pela nostalgia. Recordo a sensaçao de beleza que as ruas e ruelas de Lisboa me causam e sinto-me bem porque acho que o Sabina encaixa perfeitamente no cenário. Penso que ficaria orgulhoso de saber que Lisboa também é a casa dele desde que eu decidi que ele seria o meu professor de Español.

E essa cara e essa pinta de malandro da viola fazem-me lembrar o meu ainda mais amantíssimo pai. Que saudades!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

28 anos



Faltam 3 horas em Espanha e 4 em Portugal para entramos no dia do meu 28ª aniversário.
Bah, parece incrível! Ainda ontem tinha 13 anos, vivia num sofrimento atroz provocado pela dolorosa adolescência, passava os dias a escrever, a ouvir Guns n´Roses, a apaixonar-me e agora tenho uma vida das 8 às 17h!! O que me mais me impressiona é o constante dejà-vous. Constatar que as frases que durante tanto tempo ouvia e me resultavam tão infamiliares “foi há 15 anos...”, “não via o António há pelos menos 20 anos”, “aiiiii quando eu tinha 18 anos...” afinal são o pão nosso de cada dia e retraram a rapidez com que o tempo passa. Muitas vezes comparo tudo isto com os jogos de consola e sinto uma angústia tremenda quando percebo que não há vidas extra, que só me resta viver esta e aproveitá-la ao máxima. E então a angústia torna-se mais aguda porque por mais que viva a vida ao máximo , como há tantas coisas para fazer, tanto por encontrar, tanto por visitar, fico sempre com a sensação que ainda não fiz nada e que, no fim das contas, não vou ter tempo nem para alcançar 1% das minhas ambições. Sobretudo angustia-me o fato de saber que não vou poder vivir em todos os países do mundo e, pior, que por falta de tempo na agenda da esperança média de vida, nem sequer vou poder visitar grande parte deles.

Também me dói pensar que com 28 anos uma pessoa já não vai para jovem. Até aos 26 anos todos se compadacem de nós. Se temos um acidente de carro ou ficamos doentes ou nos passa algo muito grande, todos são unânimes em dizer que éuma pena, que era tão jovenzinho mas no mesmo cenário pessimista, se o ator principal tiver 28 anos a coisa já não é bem assim porque “devia era ter juizínho”. Além disso um jovem de 26 anos desempregado por opção, a viver na casa dos país e a terminar a licenciatura há 8 anos é considerado pela maioria um jovenzinho esperto “ele é que é esperto que sabe gozar a vida. Para que é que ele se há-de meter em complicações de empréstimos e casas. Ele que aproveite o bem-bom da comida da mamã. Não lhe faltará tempo para conhecer o fel da vida”, mas já um jovem de 28 anos na mesma situação é brindado com frases como “é mas é um espertalhão. Não quer fazer nenhum. Está todo o dia de corpinho bem feito em casa, a explorar os pais que trabalharam tanto para agora andarem a sustentar um/a marmanjão/ona. Ele que vá mas é trabalhar....”

Bom, se pensarmos também na forma como somos manipulados pela especulação no mercado laboral chegamos à triplamente angustiante conclusão que a coisa começa a ficar apertada para nós. Ora vejamos, com 26 anos não nos contratam porque ainda não tivemos tempo para fazer 2 mestrados, falar 3 idiomas fluentemente, ter a carta de condução, experiência laborais internacionais e toda essa parfenália ridicula que costumam ser os requisitos mínimos numa oferta de trabalho. No entanto, com essa idade, ainda vamos muito a tempo para um estágio não remunerado. Com 28 anos já estamos obsoletos, já estamos cansados para ir atrás dos não-sei-quantos mestrados etc...etc...e também já não há uma oferta muito grande estágios que se compadeçam com a nossa data de nascimento.

Mas não me tomem como uma péssimista. Já sabem que não sou. Na verdade o que mais gosto de tudo isto de ir ficando mais velha é, além da variedade de cremes anti-rugas que tenho à disposição no mercado, a sensação de já ter vivido isto antes e, portanto, poder escolher entre diferentes opções. É este princípio de maturidade. É o ter consciência que, embora as coisas não sejam fáceis e compreensíveis, o tempo ajuda a secar feridas e a apaziguar os ânimos. E o melhor é que mesmo tendo necessidades materiais, na maioria dos casos já fico enusitadamente satisfeita com pequenos detalhes. Não almejo presentes opulentos, nem caprichos. Há outras mariqueces que me fazem feliz, como por exemplo, viajar por Espanha ou receber a foto dos meus sobrinhos, ela com sarampo e ele com maquilhagem de sarampo. No entanto, creio que este ano, poucos presentes, serão superiores ao texto que la madre que me parió escreveu para mim. Sinceramente, acertou na muge e amoleceu-me o coração com a descrição muito parecida da pessoa que sou eu.

Mas para que este texto não se fique só pela rama dos meus desejos, partilho convosco que se, eventualmente, esta noite me aparecesse o génio da lâmpada e me concedesse apenas 1 desejo, por mais filosofia pró-humanista que eu defenda e apregoe, eu pedir-lhe-ia, mesmo correndo o risco de ser egoísta, uma porta de entrada em África...porque posso ir ultrapassando obstáculos que eu mesma me proponho mas o sonho de ir lá, onde tudo começou, e poder aportar algo ao desenvolvimento da Humanidade, far-me-ia a pessoa com 28 anos mais feliz do mundo.

Obrigada

“Pelo segundo ano consecutivo,estaremos distantes neste dia,mas também o que importa é que estejamos felizes e eu estou feliz porque tu estás e porque sabes voar,voas para cuidares de ti e dos teus propósitos de vida e é realmete o que importa,estamos sempre perto mesmo longe na distância,garanto-te.
...Para mim és sem duvida a filha que qualquer mãe que ensina os filhos a voar gostaria de ter,a tua valentia enche-me de orgulho,mas também preocupação...”

terça-feira, 10 de maio de 2011

Nacionalismo=Perigo


Imagem de uma, entre muitas, guerras nacionalista: Sarajevo
Fonte:google.es

De cada 10 dos meus "amigos" do Facebook, 1 postou os famosos vídeos Portugal vs.Portugal (ups, Finlândia), ou seja, ao todo vi umas 14 vezes cada um dos vídeos. Pareceu-me uma bimbice, sobretudo pelos argumentos apresentados mas achei que o tema ficasse por aí até que fui dar um passeio por mentes alheias e descobri que há imensos blogs e portais que estão a noticiar o fato.

Ora, eu que me considero portuguesa hasta los huesos considero também que o Nacionalismo, exacerbado ou não,é tóxico, é como uma doença que vai alastrando dentro dos seres humanos e que se propaga aos demais e que, inclusive, pode ser genético e transmitido durante gerações e gerações. A maior deficiência intelectual com a qual me deparei até à data foi com o Nacionalismo. De verdade, não conheço nem me lembro de algo que possa ser pior que uma pessoa totalmente corrompida por valores que se baseiam em fronteiras, crenças religiosas, superioridade de raças, inferioridade de culturas.

E o pior: eu já tinha previsto que isto ia acontecer. Quando vi as bandeiras à la Scolari perdurarem no tempo e nas janelas, e nas blusas, e nas toalhas de praia dos portugueses eu vi logo que a coisa ia acabar assim. E a isto junto o discurso do Paulo Portas e resultados dos inquéritos de intenção de voto dos portugueses e penso que a coisa tem ingredientes suficientes para piorar ainda mais. Ah, e as ideias brilhantes do Sarkozy e do Galãsconi e a previsão da subida do desemprego e só me apetece fugir porque, por mais que busque e rebusque dentro de mim, só me vêm maus exemplos à memória, sendo que os mais latentes dizem respeito às guerras nacionalistas da ex-Jugoslávia e à questão do mapa cor-de-rosa/Conferência de Berlim...

Gosto de alguns dos fatos que estão patentes no vídeo. São importantes e penso que devem ser revistos ou aprendidos como conhecimento geral no entanto, não acho piada nenhuma ao vídeo. Acho de muito mau gosto e penso que a resposta da Finlândia foi um chafurdar na lama. Não concordo com muitos dos argumentos expostos e aproveito para lançar um repto aos Naciolistas que me lêem: o que vos parece do fato de 20% da população luxemburguesa ser composta por portuguesas? E que me dizem da comunidade portuguesa em Paris? Se estão todos tão contentes com esses dois dados "brilhantes" digam-me onde é que está o mérito de Portugal que eu não vejo? Vejo apenas que há uma diáspora muito grande de portugueses pelo Mundo porque o país não reúne condições para os receber. E aproveito também para perguntar que vos parece se os luxemburgueses e os parisienses começassem a tratar os nossos emigrantes como nós tratamos os imigrantes que chegam a Portugal? Se lançassem o boato que todas as portuguesas são prostitutas e todos os portugueses preguiçosos, como nós fazemos com os brasileiros? Se excluíssem dos cargos intelectuais todos os portugueses por acreditarem que são uma "gente inferior", como nós fazemos com os negros?

Nós não precisamos destes videozinhos da treta. Nós temos a nossa Cultura e devemos valer-nos por isso, por nós mesmos e pelo nosso trabalho. Ainda não percebi o que é que o FMI está a fazer em Portugal. Li algures que depois deste "resgate", o país está endividado 130%, ou seja, mais uns 20%...

Apenas me ocorre uma coisa boa desta triste e humilhante situação: os portugueses ficaram a saber mais sobre os finlandeses e vice-versa :)

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Tento não dramatizar mas...

A Minha Alma Partiu-se

A minha alma partiu-se como um vaso vazio.
Caiu pela escada excessivamente abaixo.
Caiu das mãos da criada descuidada.
Caiu, fez-se em mais pedaços do que havia loiça no vaso.

Asneira? Impossível? Sei lá!
Tenho mais sensações do que tinha quando me sentia eu.
Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir.

Fiz barulho na queda como um vaso que se partia.
Os deuses que há debruçam-se do parapeito da escada.
E fitam os cacos que a criada deles fez de mim.

Não se zanguem com ela.
São tolerantes com ela.
O que era eu um vaso vazio?

Olham os cacos absurdamente conscientes,
Mas conscientes de si mesmos, não conscientes deles.

Olham e sorriem.
Sorriem tolerantes à criada involuntária.

Alastra a grande escadaria atapetada de estrelas.
Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros.
A minha obra? A minha alma principal? A minha vida?
Um caco.
E os deuses olham-o especialmente, pois não sabem por que ficou ali.

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

terça-feira, 5 de abril de 2011

Durante muitos anos venerei os Guns N´Roses...Achava-os Deuses. Eram o meu maior entretenimento.
Por gostar tanto de uma banda de drogados pude passar a adolescência imune às tentações das drogas porque estava alerta; aos fins-de-semana não me apetecia fazer os t.p.c, no entanto não hesitava em traduzir uma e outra vez as letras dos Illusions; o facto de me manter fiel a uma banda da qual já ninguém gostava permitiu-me vincar a minha personalidade e aprendi a ser leal às minhas vontades, o que até hoje me permite fazer muitos amigos e, me permitiu no passado, embarcar numa série de aventuras. Não me consigo lembrar de nenhuma influência negativa nesta minha paixão portanto entendo perfeitamente os adolescentes e seguidores de musicos, séries, sagas, livros etc...

MAS...

Hoje vi várias noticias relacionadas com o histerismo das adolescentes espanholas, na passagem por Madrid de um fedelho chamado Justin Bieber e acho que há qualquer coisa que me escapa...É que no meu tempo estas coisas não aconteciam. Normalmente gostávamos de gajos com pinta de mauzões e não de miudos com pinta de quem ainda faz xixi na cama...gostávamos de homens que pudessem ser nossos namorados e não de meia-lecas parecidos com os nerd de físco-quimica, da C+S...

segunda-feira, 28 de março de 2011

AMO-TE

No Sábado achei que morria...Estava num desses bares tipicos de Madrid, cheio, a abarrotar de gente, cervejas a 3,50€ mas com 2 pratos cheios de tapas das boas e eis que o amor da minha vida cai redondo no chao, inanimado, branco,frágil e bate com a cabeça no chao, a menos de 5cm da esquina dos degraus. E eu, sabendo que ele é um rapaz forte e saudável, achei que a coisa era grave e entrei em pânico...Senti que me arrancavam a alma...E o pior é que o vi cair em câmara lenta e vi imagens de felicidade passarem diante dos meus olhos.

Por sorte, foi apenas um "mareio" seguido de muito vómito e um resto de fim-de-semana abraçadinhos e muito felizes por estarmos conscientes da sorte que temos de poder estar juntos.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Breve reflexao sobre o complexo de Edipo




Se há coisa nesta vida que me dá pavor são os homens que "cheiram a mãe". Refiro-me a homens que falam mais da mãe do que de mulheres jeitosas ou futebolistas ricos; que usam a mãe como exemplo e referência para tudo e que consultam a mãe para tudo e que, inclusive  telefonam à mãe para dizerem que já estão a chegar, que já estão na porta do prédio e que, aiaiai, já estão a por as chaves na porta... Não há pachorra...

Eu não sou mãe e, quizas, um dia quando for me reveja numa situação de Édipo Jocasta mas oxalá que não porque eu acho que a mãe é importante no imaginário do filho até aos 11/12 anos. Creio que a partir daí há que deixa-los ir à vidinha deles e manter uma presença de (muito)afecto mas discreta. E imputo a culpa às mães: por favor, deixem-nos viver a vida deles, apalpar miúdas  partir vidros, andar à porrada e, sobretudo, incentivem-nos a fazer amigos.

Não os mantenham debaixo das vossas saias. As únicas saias que devem interessar aos vossos filhos são as saías das filhas dos outros. Talvez vocês não se dêem conta mas ao serem tão galinhas estão a criar autênticos deficientes afectivos. Mais tarde, quando são adultos, são incapazes de manter um relacionamento estável com alguém porque 2 é bom, 3 são demais...
E o pior de tudo é que criam seres mentirosos e cínicos...

E tudo isto veio a propósito da minha mania de observar. Ora bem, há um rapazinho novo, educado e giro aqui no escritório e que, estranhamente, não tem namorada/o. Inicialmente achei muito, muito, muito estranho mas agora, quando o vejo pegar no auscultador para ligar à mae (e ouço as conversas) ou a referir a mãe em variadíssimos contextos de conversação  já faz sentido a solidão do muchacho com boa aparência...

Enfim...

sexta-feira, 18 de março de 2011

Onariná

Os dias de Primavera, como este, sao autênticas vitaminas C para o meu espírito. Nao fosse o cd de música africana que estava no ponto-de-escuta e hoje abdicaria das saudades e toda essa parfenália que compoe, tal é a motivaçao que estes dias de Sol inesperado e os ritmos africanos me provocam.

Quase, quase sem réstia de nostálgia, comparto convosco a música que me pôs alegre e aproveito para dizer que hoje, estranhamente, nem me apetece Lisboa (Toma! Embrulhem!) mas que, ainda assim, se eu estivesse aí hoje, sem duvida saíria para dar um pézinho de dança africana...


quinta-feira, 17 de março de 2011

Lembrei-me disto...

Há 3 horas por dia em que estou práticamente sózinha no escritório. E, se nos dias em que estou afogada em trabalho essas horas caem que nem ginjas porque posso estar concentrada fazer e refazer o meu trabalho sem que ninguém repare nos meus erros e crie imediatamente grandes conspiraçoes, filmes e dramas, há outros dias- esses dias em que tenho de disfarçar e fingir que estou super ocupada-vou saltitando de jornal em jornal, de foto em foto, de blog em blog. Pois bem, hoje li um texto que me fez rir muito e lembrar um episódio da minha adolescência que quero partilhar convosco. Ora aqui vai:



Era uma vez, há muitos, muitos anos, quando só os ricos tinham telemóvel e a internet parecia coisa de extra-terrestes, falo de 1998, estava no Mc´Donalds de Queluz, com os meus colegas do Liceu e com o meu namorado da altura, o Bruno. Estávamos a dar beijinhos e até eram beijinhos sem grande espalhafato, os chamados xôxos (nao sei como se chamam agora). Era pois uma situaçao normal, considerando que tínhamos 16 anos e estranho seria estarmos em casa a fazer crochet. Eis que uma velha dessas que usam muita laca, têm as mamas em forma cónica e blusas com padroes "esquisitos" começou a gritar a dizer que era inadmissível, que era uma pouca vergonha que 2 "crianças" estivessem aos beijos num restaurante, que era um atentado à moral etc...os funcionários e o gerente da loja vieram ver que escândalo era esse que se estava a gerar e, de uma forma politicamente correcta, disseram à Sr.Púdica Maria que ela estava a exagerar e que fizesse o favor de se acalmar um bocadinho. Claro, ela como viu que nao tinha angariado o apoio dos demais, ameaçou-nos a TODOS e informou-nos que o filho a ia buscar e que ai é que íamos ver quem tinha razao. Nós, do alto da nossa "cagança" de adolescentes começamos a vacilar e a imaginar que o filho seria um desses filhos muito maus e muito feios e cheios de força e que vingam a honra da família...e o gerente da loja, com receio que a caso ficasse feio para o lado dele, começou a mudar de opiniao e convidou-nos a comer mais depressa...Já estávamos quase no ir quando ela começa a falar em voz mais alta e a dizer em direçao à porta "Ai filhooooo tu sabes lá...." e nós, com o cú muito apertadinho, fomos lentamente virando a cara em direçao à porta à espera da setença final: uma grandessíssima sova para todos e allez-vouz...mas nao foi isso que aconteceu, quando se abriu a porta, entrou um meia-leca, quizás de 1,60 mais baixinho que qualquer um de nós, chinelos de plástico verdes, calçoes de ganga com dobras e camisa muito justinha que levantou as palmas das maos e disse com uma vozinha muito cutxi-cutxi "Oh mae entao? acalme-se lá...vá,váá, váá..." e, perante nós, desculpou-se pelos excessos da mae! Conclusao: risada geral.



E pronto, era esta recordaçao que eu queria partilhar convosco :) :)







o filho era mais ou menos assim mas um bocadinho menos atlético

ah pois é!

Irra!...que saudades que eu tenho de escrever...

segunda-feira, 14 de março de 2011

"Há mês a mais para o meu salário"


fonte:visao.pt

Nao vos entendo! De verdade. Se os cidadaos nao exercem o direito de voto, nao comparecem nas manifestaçoes, nao fazem greve é porque se demitiram das suas responsabilidades civicas mas se saltam para a rua, provocados pelo apelo de lutar por um pais mais justo PARA TODOS é porque sao uns fetichistas, uns preguiçosos que nao querem fazer nenhum etc...

Eu dava tudo para ter estado nessa manifestaçao. Parece-me que o golden point nao é meramente a revolta da geraçao rasca, senao a revolta de várias geraçoes contra a situaçao degradante do mercado laboral, que, num ciclo vicioso, provoca um enorme retraso social, cultural, intelectual etc...Eu vi fotos e vi desde o avô ao netinho, jovens, maes, tios, primos e porteiras e achei impressionante. Nao esperava e, calculo que os velhos do Restelo também nao.

Foi bonito. Parabéns Portugal.

sexta-feira, 11 de março de 2011

¡Eso es!

concordo em tudo com ele e, sobretudo, quando diz assim " É frenética, e nao parece parar nunca. Jamais. Porque se andas por Madrid e nao te estas a divertir...vai por mim, algo de mal se passa contigo"

E se nao me estou a divertir a responsabilidade é apenas minha. Nao sei muito bem como reverter a situaçao mas espero ter algum surto de criatividade e fazer alguma coisa para que a minha passagem por Madrid seja memorável, sobretudo para mim.
Há características culturais que por mais que se entendam, é quase impossível aceitar-las. E, mesmo quando as aceitamos, custam a tragar, sobretudo se vêm da parte de alguém que adoramos.

Estou sinceramente cansada da maneira pouca delicada dos espanhóis. Quando é o senhor do bar, a mulher no autocarro etc...a coisa ainda se aguenta mas quando sao aqueles que nos sao mais próximos e a quem queremos com todas as forças do mundo fico lixada, frustada e sem ilusao nenhuma!

E de tudo isto o que mais dói é o estar consciencializada de que nao posso fazer muito mais para reverter a situaçao a favor de ambos. Nao me posso adaptar e moldar mais. Já sonho em espanhol e estou disposta a abdicar de uma série de coisas que considero importantes para viver aqui mas nao se esqueçam que eu sou portuguesa. PORTUGUESA. A minha gente é delicada, coño! Nao puxem mais por mim que começo a sentir-me esgotada!

terça-feira, 8 de março de 2011

Dia Internacional da Mulher?



É o Dia Internacional da Mulher e falamos de discriminaçao positiva, falamos de leis da paridade mas eu nao acredito em nada disso. Enquanto os salários nao forem equilibrados e pagos de acordo com as habilitaçoes literárias, esforço e desempenho laboral para mim tudo sao medidas "para inglês ver"! Lamento a descrença. Sei que o simbolismo deste dia é um meio para atingir um fim mas nao suporto tamanha hipócrisia.

Ora vejamos, o Durao Barroso, um tipo importante, diz que um dia, quando escrever as suas memórias, vai contar as dificuldades com que se deparou ao tentar defender, junto dos seus colegas, a nomeaçao de mulheres para cargos governativos. E porquê esta desresponsabilizaçao? Nao tem tomates para contar agora? Agora é que precisamos que ele conte tudo e use a influência que tem em prol de uma mudança!

Etc..etc...

Continuamos a ser escravas! E, apesar do "desenvolvimento social" que vivemos, a verdade é que quando uma mulher se queixa do quanto está cansada de conciliar as tarefas laborais com as tarefas domésticas e ainda demonstra que tem uma série de objectivos pessoais, a voz vrenácula do povo, a mesma voz que neste dia se congratula com o maravilhoso Dia Internacional da Mulher, é a primeira a dizer entre dentes "é bem feita, quem lhe manda querer/crer tudo!"

Sei que para nós as coisas estao mais "facéis", diria mesmo "melhores"mas todo o desprezo que sinto por este dia pretende-se com o paternalismo com que estamos a ser tratadas. Parece que todos nos estao a fazer um favor.Badamerda cpara este dia!

sábado, 26 de fevereiro de 2011

O melhor de España

O testamento da Srª. Napomocena Garrido Faria

Contra factos não há argumentos:o meu dinheiro e a minha imaginação apenas me permitem comprar roupa nas lojas do costume contudo, muitas vezes abstraiu-me de adquirir novas peças porque me chateia ir vestida como a toda a gente. Não gosto que olhem para mim e digam "esta rapariga é Zara" ou, ao longo de um dia de caminhada pelas ruas da cidade, ver 200 blusas azuis iguais à minha. Assim,acabo sempre por vestir a mesma coisa porque tudo ao meu redor está demasiado estereotipado para o meu gosto e as lojas com o meu gosto são demasiadas caras ou demasiado alternativas. No entanto, quando o rei faz anos e as calças já tem as costuras demasiado gastas, abro excepções. Gosto sobretudo de comprar acessórios. Muitos dos que tenho não farão a diferenças porque são, precisamente, dessas lojas onde toda a gente vai porém há peças que são intemporais. Por exemplo, hoje vi um lenço com flores na HM, 9.90€. O meu pensamento imediato foi "não, toda a gente tem um" mas depois comecei a pensar que este lenço com flores pode ser vulgar mas ao mesmo tempo intemporal. Em todas as épocas se usaram lenços com flores e é quase mágica a reação das pessoas quando me perguntam onde comprei algum dos lenços que costumo usar e lhes digo que herdei da minha mãe, irmã ou avó...Portanto, eu hoje comprei um lenço standard na HM, que é apenas um lenço mas que para os meus herdeiros será uma relíquia e que, seguramente, os fará viver momentos de glamour.

Filhas e netas, se me estiverem a ler é porque a internet ainda não é um meio de comunicação demasiado obsoleto. Julgo, pois, importante deixar claro que os meus lenços são a minha herança. Não há mais que isto! Espero que saibam apreciar a vossa mãe/avó visionária :)

Beijinhos

Te quiero

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Welcome cheirinho a Primavera


Fonte:Google.es

Está um frio de rachar mas este "quase cheirinho a Primavera" tem qualquer coisa que mais coisa nenhuma tem...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A tua voz de xanax



Hoje conto-vos 1 história de desencantar: ERA UMA VEZ há mais ou menos 35 anos. Ele não era feio e ela era linda, cheia de olhos grandes. Uma princesa! Casaram e, suponho, que terão sido esporadicamente felizes. Ele tratou-a mal, sempre. Bateu-lhe, humilhou-a, fê-la crer que era desprezível. Aos 50 anos ela decidiu que a vida era demasiado aproveitável para ser compartida com um sapo demagogo.

É a história de uma mulher heroína que teve o ímpeto de dizer basta ao carrasco com quem afogou os seus sonhos, ilusões e esperanças de que a vida é bela!
Infelizmente é uma história comum. Não me deveria surpreender porém a história desta princesa maltratada resulta-me muito mais heróica e pessoal porque é a história da minha tia.

O que me chateia nestas histórias de violência doméstica é que não são as típicas histórias com um final feliz. Nos casos de violência doméstica o anti-herói é sempre vencedor sempre, sempre, sempre e sem excepções. Ora, vejamos o caso desta princesa: desde que ela pediu o divórcio perdeu práticamente todo o património que tinha adquirido, em conjunto, durante os anos de casada. Por lutar pela casa com 3 assoalhadas, ele voltou várias vezes e sempre para a espancar. Não satisfeito e, conhecendo, a fobia a reptéis, generosamente, decorou-lhe a casa com cobras vivas -dessas castanhas e nojentas que vivem no campo- que quase a mataram de coração. Agora quando vai a tribunal responder pelos crimes que cometeu, comporta-se como um anjo.É um cobarde! E ela, mesmo sendo uma heroína, sentir-se-à sempre como uma perdedora. E conta-me, com voz arrastada e triste, que está bem e optimista e que só está a tomar uns calmantezinhos...

--FIM--

Pode ser diferente. Como cidadãos podemos tentar mudar estas historias de desencantar, sem pés, nem cabeça.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Crónica das horas perdidas e do quanto vos quero


Madrid por la noche
Fonte: Google


Tenho muitas saudades de escrever. Para vocês. Para mim. Escrever com a ilusão que as minhas palavras vão mudar o mundo. Perder as horas nos bares de cadeiras confortáveis e jogar com palavras e ideias para depois partilhar convosco.

Não tenho tempo. Dirão que é a desculpa perfeita, o clichê. Mas não é. Não tenho tempo para desfrutar da vida através das palavras. E quando me sobra o tempo escasseia a paciência e o animo para inventar um mundo novo.
Resumindo, meus amigos, estou sem rumo! Tenho tudo o que quero: vivo no "meu" país, falo diáramente numa lingua estrangeira, tenho trabalho, saúde, amor e, pela primeira vez na vida, dinheiro .Pela primeira vez não tenho de esticar até ao fim do mês e, mesmo assim, não tenho tudo.
Quem me conhece sabe que sempre fui uma mistura de existencialismo, melancolia e optimismo sem fim porém, ultimamente, quando o despertador toca ás 6h30, sento-me na cama e penso "para quê isto? sou uma escrava das minhas ambições".

Visto-me, a apanho o cabelo (porque não me apetece arranjar-lo) e saio para a rua com o saquinho da mamita. Entro no metro cheio de gente com a mesma cara de apatia.Lemos todos os mesmos livros: os que estão de moda. No fundo, somos todos irmãos gémeos, de diferentes proveniências. Trabalho 8 horas num escritório sem pés, nem cabeça. Estimo os clientes porque também são meus gémeos. Pico o cartão e digo "au revoir". Cruzos as ruas da cidade e refaço-a comos meus olhos (é nestes momentos de intimidade com Madrid que mais tenho saudades de escrever). Chego a casa, leio se me apetece. Cozinho porque a marmita não pode ir vazia no dia seguinte. Deito-me. Ás vezes também durmo. Aos fins-de-semana sou feliz mas até essa felicidade me agonia um pouco porque é controlada. Não será um "espelhismo"? Uma tentativa de encontrar o meu par? A verdade, verdadinha, é que continuo a viajar sózinha de avião .

E as semanas repetem-se neste ciclo vicioso. E o mais deprimente é que pela primeira vez estou sem criatividade. Não importa querer saltar se não sei para onde. E pela primeira vez não encontro a mulher valente que há/houve em mim. Em suma: estou só e perdida. Apetece-me voltar a Lisboa, quero ir para África mas já não sei viver sem Espanha. Preciso reformar o meu roupeiro de ideias e voltar a sorrir com a cara e os olhos. Estou cansada de brincar ao "ter uma vida" porque, tal como o poeta, sou uma sombra da minha existência.

E nestes momentos tenho a certeza que a acompanhada a vida é muito mais divertida.