segunda-feira, 20 de maio de 2013

Indo eu, indo eu a caminho de África do Sul

Fronteira do Lebombo vista do lado moçambicano

A caminho de Nelspruit


Detalhe em Nelspruit

Skyview de Joanesburgo

Detalhe de ferro-velho em Joanesburgo

Nós e o Mandela

Souvenir típico: caca de Elefante

Detalhe de artesanato sul africano

 Extra:

Cidade do Cairo vista desde o aeroporto

sábado, 18 de maio de 2013

O 25 de Abril a meados de Maio

Recordações da Guerra Colonial/ Libertação

Aqueles que me conhecem sabem que me derreto com a “Revolução dos Cravos”. E não é de agora o meu interesse. É uma questão de educação.
Na minha casa não fomos substituindo tecnologia por tecnologia. O gira-discos sempre conviveu pacificamente com o leitor de K7 e, mais tarde, com o leitor de cd´s. Por isso, do meu repertório infantil e juvenil fazem parte dois vinis do Adriano Correia de Oliveira e uma k7 pirata do concerto dos Resistência ao vivo no Coliseu, com uma pequena homenagem ao Zeca Afonso. Mais tarde, já em versão digital, ouvi outros artista de inspiração revolucionária: Sérgio Godinho, Pedro Barroso, Fanha etc...

Desde o alto da minha arrogância de adolescente, o 25 de Abril era já muito mais que um feriado sem escola ou o dia do aniversário do Paulo David (o coleguinha mais giro da escola primária). Doía-me como algo muito pessoal que toda a gente fosse para o centro comercial desfrutar da folga, sem nem sequer fazerem uma menção de honra sobre o dia em questão. Ou quando faziam, diziam coisas tão banais como “Opá, tamos é a precisar doutra revolução para correr com esta escória” ou então “Bah, tanta revolução e não serviu para nada”.

Não quero dizer com isto que eu fosse uma criança-adolescente prodígio. Nada disso! Sentia a mesma simpatia pelo Carnaval e, depois, pelo dia da Restauração. Mas já então achava que a Revolução dos Cravos tinha sido algo excepcional.

Mais tarde, quando já estava na faculdade, conheci a Cecília, uma colega com filhos da minha idade, que tinha histórias biográficas relacionadas com a censura e a PIDE. No dia 25 de Abril de 2004 fomos juntas ao desfile na Avenida de Liberdade ao Rossio. Foi a primeira vez que me envolvi in persona no ambiente saudoso da revolução com a população, os cravos, o desfile militar, os sindicatos e a Cecília a contar-me de viva voz como tinha sido tudo.

Quando saí de Portugal para trabalhar num ambiente com pessoas de diferentes nacionalidades descobri que, para alguns, a nossa revolução era um referente. Sobretudo, os meus amigos espanhóis, falavam da revolução como um milagre. Ao princípio não percebia muito bem porquê e parodiava com eles. Dizia-lhes que estavam enganados, que a população tinha saído para a rua não para apoiar os militares, mas porque pensavam que a Junta de Freguesia estava a distribuir sardinhas, pão e vinho à borla. Depois, à medida que fui conhecendo a História Moderna de Espanha, percebi que o 25 de Abril foi para eles a luz ao fundo do túnel, depois da Guerra Civil e de mais de 40 anos sob a batuta do General Franco, e que só voltariam a respirar Liberdade e Democracia em 1977, sempre com o exemplo do país vizinho na mira.(n.b: Franco morreu em 1975, quentinho e recolhido no quarto, sem que o tivessem expulsado)

Nunca deixei de reflectir e de me apaixonar por um dia tão grande da nossa História. Lamento se vos soa a discurso inflamado de uma nacionalista. Não é isso, é apenas uma euforia passional. Não sinto a mesma paixão por outros referentes, talvez tão ou mais grandes da História de Portugal. ( que o Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a India? Que o Mário Soares foi Presidente da Républica? Importa-me tanto como o cú da burrica)

Logo, quando soube que a Embaixada de Portugal em Maputo estava a organizar várias sessões cinematográficas no âmbito do Dia da Lingua Portuguesa eda Cultura, dia 5 de Maio, e que entre os filmes eleitos estava “Capitães deAbril”, fiquei muito contente e, pela primeira vez, senti simpatia pela nossa representação diplomática ( depois de isto e isto).

Embora me tenha chocado o facto de só estarmos eu, o David e os três empregados da galeria de arte onde projectaram o filme -porquê tanto desinteresse?- uma vez mais pude comprovar que a minha admiração pelo 25 de Abril não é em vão. Foi mesmo um momento subversivo importante, que nasceu da vontade do Ser Humano ser Livre. Primeiro os militares, depois os populares que se juntaram e mais tarde a opinião pública.

[ “... Deus quer, o Homem sonha, a Obra nasce...”] Fernando Pessoa, in "O Infante", Mensagem, 1934

Embora algumas cenas do filme sejam lugares comuns, adorei a forma como a Directora Maria de Medeiros filmou e contou as 24 horas da Revolução. No dia seguinte vi o making-off e, ouvi, sem grande surpresa, como um dos produtores comentava que na gravação da cena no Largo do Carmo, antes e depois das negociações entre Salgueiro Maia e Marcelo Caetano, os figurantes -actores e anónimos portugueses- gritavam palavras de ordem de uma maneira eloquente e espontânea, sem que fosse necessário que o staff os instruísse para tal. Igualmente constatei que, uma das poucas coisas boas que nos deu a ditadura, foi o facto de as circunstâncias terem levado a que seja um período extremamente musicado.

Para aqueles que a viveram in loco, para as gerações sacrificadas e massacradas pela Guerra, para os perseguidos e maltratados pelo regime, nós, os privilegiados filhos da Revolução ou aqueles que a ela sobreviveram, temos a obrigação de seguir contando e comentado as coisas tal e como aconteceram ou até mesmo à nossa maneira sem, contudo, permitirmos que caia no esquecimento. E faz ainda mais sentido se tivermos em conta a época tão dura que se vive na Europa, onde os ditadores financeiros pautam a nossa vida, ou até a situação que se vive nos PALOP onde aqueles que outrora lutaram pela Liberdade dos seus povos e cultura, agora se deixam encantar pelo canto da sereia e do cifrão e sacrificam a sua gente.

[ “...amigo, maior que o pensamento...não percas tempo que o vento é meu amigo também...”] José Afonso




quinta-feira, 16 de maio de 2013

Moçambique: “Nós matámos o Cão Tinhoso” e a literatura reinvidicativa.


Pensava que a Revolução dos Cravos, em Moçambique, seria sentida ainda com mais arrebatamento  que em Portugal, contudo chegou o dia 25 de Abril e percebi que os moçambicanos, em geral, vivem na ignorância sobre essa data de tamanha importância para a História de todos nós.

25 de Junho é dia de festa rija, com direito a feriado, aqui em Moçambique. Em 1975, com os Acordos de Lusaka, portugueses e moçambicanos chegaram a um consenso mais que esperado, que levou à total independência de Moçambique. Depois, seguiu-se um longo período de Guerra Civil, que terminou em 1992, mas isto são histórias para outro post.

Por um lado, quando em 1975 os Palop alcançam por fim a soberania merecida, passavam já mais de 40 anos desde que a Independência das colónias africanas era claramente defendida pela opinião pública nacional e, sobretudo, internacional.

Nos mais diversos âmbitos crescia um sentimento pan-africanista que culminou na indepêndencia de muitos países africanos depois de terem sido “raptados” durante vários séculos e, posteriormente mutilados no processo da Conferência de Berlim, em 1885.

Essa crescente consciencialização ficou patente, entre outros, na aceitação da realidade africana como inspiração literária pelos próprios autores africanos. Não é possível explicar a descolonização sem recorrer à literatura, facto patente em autores como Agostinho Neto, poeta e primeiro presidente de Angola independente ou Amílcar Cabral, poeta e criador do Movimento de Indepêndencia da Guiné e Cabo Verde.

Brasil foi o “godfather” da literatura africana de expressão portuguesa.  O movimento modernista brasileiro, concentrado sobretudo na consolidação da identidade brasileira, contribuiu de forma indubitável para a construção da identidade de países como Angola e Cabo Verde. Já no séc. XIX eram denunciados, através da literatura ou do jornalismo, o racismo e os abusos colonialistas, mas foi a partir dos anos 40, do século XX, que vários intelectuais negros, mulatos e brancos começaram a reclamar de forma mais insisíva a independência dos seus países e reconhecimento das culturas autóctones, assimiladas até então pela cultura do colonizador. (Re)Nascia o sentimento nativista.

Em Moçambique as coisas não tomaram um rumo diferente. Os moçambicanos tinham necessidade de denunciar os abusos colonialistas. Assim, a partir dos anos 40, grupos de intelectuais negros, mestiços e brancos juntaram-se para denunciar um sistema que há 500 anos os humilhava. Aí, reside uma das maiores grandiosidade - e, a meu ver, beleza- da resistência anti-colonialista Palop. Ao contrário do que se verificou noutras colónias, tais como as francófonas, onde nem os colonos, nem os seus descendentes se mesclaram com os denunciadores do sistema preconizado  por eles , a resistência anti-colonialista nos Palop foi uma resistência multi-racial.

Luis Bernardo Honwana: o encontro com o escritor

Luis Bernardo Honwana à esquerda com o escritor Ungulani Ba Ka Khosa
Bom, esta pequena dissertação sobre luta, resistência e literatura Palop vem a propósito de um acontecimento sobre o qual vos quero falar: um encontro que houve no passado dia 3 de Maio, na livraria Minerva, na Baixa de Maputo, com o escritor Luis Bernardo Honwana, autor de “Nós matámos o cão tinhoso”, o  seu único mas marcante livro.

Através de uma conversa informal em que o escritor tentou que os ouvintes fossem os actores principais, Honwana, que partilhou mesa, conversa e divagações com outro escritor moçambicano, o Ungulani Ba KaKhosa, foi explicando quando, como e porquê surgiu a obra que é um livro-matriz, um farol da literatura moçambicana. Comentou que a consciência colectiva começou no jornalismo. Depois, os mesmos que denunciavam as injustiças sociais através da imprensa começaram “a experimentar a mão”.
Segundo Ungulani, pertencente a uma geração posterior à de Honwana, a obra, é um dos imbondeiros da sociedade moçambicana. Disse também o seguinte: “O Luis deu-nos o espaço. Chamou-nos a atenção. O horizonte cultural estava vazio”.

Recomendo vivamente a leitura da obra em questão. Trata-se de um livro que reúne sete contos que abordam de uma maneira tão transparente, como dura a realidade da sociedade moçambicana e, sobretudo, dos moçambicanos negros na era colonial com o preconceito e a violência que a caracteriza.

“O Cão-Tinhoso tinha uns olhos azuis que não tinham brilho nenhum, mas eram enormes e estavam sempre cheios de lágrimas, que lhe escorriam pelo focinho. Metiam medo aqueles olhos, assim tão grandes, a olhar como uma pessoa a pedir qualquer coisa sem querer dizer.” In “Nós Matámos o Cão Tinhoso”, Edições Afrontamento, Lda



segunda-feira, 13 de maio de 2013

Fechado. Motivo: Viagem





Mas....


"Quando gastamos tempo demais a viajar, tornamo-nos estrangeiros no nosso próprio país." 
René Descartes

terça-feira, 7 de maio de 2013

Peculiaridades linguísticas: Portuguesismos versus Españolismos



Todas as línguas têm as suas nuances malandrecas, falsos amigos etc...porém até começarmos a estudar uma língua e aprendermos os seus mecanismos e truques não somos capazes de avaliar até onde é que nos podem levar essas peculiaridades e riquezas linguísticas.

Sabemos que os espanhóis e portugueses somos perfeitos desconhecidos uns dos outros. Se é verdade que os portugueses conhecem muito mais dos nuestros hermanos do que ao contrário, também é verdade que muito desse conhecimento está baseado em estereotipos e mitos urbanos. Por exemplo, nós portugueses achamos que os espanhóis têm salários muito superiores aos nossos, que têm uma rede industrial muito mais potente que a nossa e que grande parte do consumo alimentício é interno. Acreditamos também que os espanhóis são morenos e bonitos, sedutores natos, e que as espanholas usam vestidos vermelhos com bolinhas brancas ou de outras cores muito garridas nos dias de festa. Além disso, todos os portugueses falamos espanhol fluentemente, por isso, quando cruzamos a fronteira para comprar caramelos e entramos num bar de um Pepe qualquer, seguros do nosso quase bilingüismo, pedimos sem nos atrapalharmos “dois sanduíches de Ramón y dois cueca-cuelas”. Não é, pois, de estranhar que com tanto “conhecimento” uma percentagem crescente de portugueses considerem que Portugal seria um país muito mais próspero se formasse uma união de Estados com a Espanha ( e, na minha opinião, seria também um pais muito mais inculto, pobre e reprimido se assim fosse).





Bom, mas voltando ao meu ponto de partida, hoje quero escrever sobre algumas peculiaridades que existem entre a língua portuguesa e a lengua española e que podem levar a algumas situações constrangedoras se não houver certo cuidado no manejo de ambos os idiomas.


Por exemplo, há muitas palavras que em espanhol começam por H e que em português começam por F e que têm o mesmo significado. Assim, Horno é Forno, Hijo é Filho, Harina é Farinha mas Hoja não pode ser Folha porque Folha significa Fod*%a. Logo, se estiverem em Espanha e quiserem comprar uma base de harina e pão para fazerem no horno tenham cuidado com o que dizem ao panadero porque correm o risco de que soe a algo assim “Por favor, dê-me uma base de massa fodi*%da para a minha empanada”.

Falando de comida, se vos apetecer presunto devem ter algum cuidado quando falarem com um espanhol sobre o assunto pelos motivos que detalho à continuação:
- presunto em espanhol significa presumível. Assim, um assassino que ainda não foi julgado é um presunto assassino ou está presuntamente implicado num crime;
- devemos ter cuidado quando falamos de presunto, com espanhóis, por causa da lusodificuldade em pronunciar o “R” e o “J” espanhóis. Ora, como os portugueses bem sabemos, presunto diz-se “Jamón” mas, considerando a nossa dificuldade na correcta pronunciação dos sons supramencionados o mais provável é que digamos “Ramón”. Não seria grave se “Ramón” não fosse um nome típico e bem acolhido na nomenclatura espanhola. Assim, imaginem que entram no talho do Ramón e ingenuamente lhe dizem “Oh Ramón põe-me aí 1 quilinho do teu Ramóncito...”.

Bom, a estas alturas já podem ver que há coisas que definitivamente não soam bem e que, afinal, os portugueses, não dominamos assim tão bem a língua dos nuestros hermanos, no entanto, os equívocos não ficam por aqui.

Aqueles que viajaram a Espanha certamente já repararam que não há jipes modelo Pajero, da Mitsubishi. Não obstante, repararam que há um modelo que apenas pode ser visto em Espanha, o Mitsubishi Montero e, seguramente, até os mais distraídos já repararam que é gémeo do Pajero.
A explicação é simples: para os espanhóis Pajero é aquele que faz uma paja. Paja, que em português significa tão somente palha, é para os nossos vizinhos o acto de masturbação masculino. Logo, ninguém quer ter um carro que acusa injustamente aquele que o conduz e que leva a um sem fim de maus entendidos e alcunhas desnecessárias que podem manchar um currículo e uma vida. Vocês gostavam de conduzir um jipe da Mitsubishi, modelo “Punhetas” ou “Punheteiro”?


E a propósito de punheteiro, em Espanha podem perfeitamente dizer a quem quer que seja que é um punheteiro ou, inclusive, podem-no mandar fazer punhetas sem que isso seja ofensivo. Punheta é o gesto que o “Zé Povinho” faz com os braços e o punho.
E há outras palavras e expressões de índole ordinária que farião corar um português mas que para um espanhol são normais e politicamente correctas. Cagar, me cago en la leche (cago-me no leite) e di puta madre são expressões corriqueiras. Também não devem estranhar se ouvirem na televisão ou até o próprio Rei usar e abusar da interjeição Joder! E se alguém vos disser “La madre que te parió” ( a mãe que te pariu) ou “Eres la hostia” (És a hóstia) isso significa que disseram/fizeram algo muito bem feito.



Se estão convictos que estas duas linguas-irmãs não podem ser mais false friends eu aconselho a que deixem de estar porque convicto significa estar preso.

As mulheres espanholas não ficam grávidas, ficam embarazadas. Pobrezinhas. Nove meses de atrapalhação e bochechas coradas!
E quando estiverem para parir- porque parir é o que fazem as fémeas em Espanha- não chamem o INEM. Aliás, o INEM é algo que em Espanha se quer ver pelas costas já que se trata do Instituto Nacional de Emprego e é onde vai quem fica sem trabalho (equivalente ao nosso Centro de Emprego).

foto cedida involuntáriamente pela minha amiga espanhola Vane

Considerando que lâmpada de luz em espanhol se diz bombilha tenham muito cuidado quando forem ao supermercado, não se distraiam e não peçam uma bomba de 40W. Bomba em Espanha é uma palavra proibida e pode causar certo embaraço.

Ah, e nem falem da vossa tia Domingas porque isso vai fazer com que a espanholada se ria às gargalhadas já que Domingas são as mamocas.
E se tudo isto vos parece esquisito aconselho que não o ponham nesses termos a um espanhol porque exquisito é algo que está muito bem, ao passo que espantoso é algo que está péssimo. Logo, uma mulher bonita é esquisita e uma feia é espantosa.

Os príncipes e as princesas dos contos de fadas do “Era uma vez...” não foram felizes para sempre e viveram num palácio encantado mas sim “foram felizes e comeram perdizes...”.

Por fim, quando se despedirem dos espanhóis não estranhem se vos disserem “Até logo tio” mesmo que não sejam vossos sobrinhos e que estejam seguros que não os voltarão a ver na vida. Eles são mesmo assim, optimistas por natureza e  tio significa gajo, bacano ou brother.


sexta-feira, 3 de maio de 2013

Porque o Mundo é um momento…


Após uma breve ausência de 2 semanas estou de volta inspirada pela certeza de que a vida é uma caixinha de surpresas e de que o mundo é mesmo uma ervilha (ou um lenço de assoar, segundo os espanhóis). Acordamos de manhã e nunca sabemos como vai terminar o dia.

No outro dia fui até ao Francomoçambicano para visitar uma exposição sobre a bonita arquitectura de Maputo, “Maputopia”, e achei que a cara de duas das senhoritas que estavam sentadas na esplanada não me eram nada estranhas (concretamente a cara de uma e as costas da outra). Aproximei-me e pude confirmar que eram as minhas companheiras de EstudosAfricanos, a Inês e a Helena que estavam de férias e em prospecção de negócios na cidade das Acácias.


Seguiram-se dias de amena cavaqueira e galhofa, passeios, trocas de contactos, de amigos e muitas chamussas (gosto mesmo de chamussas, que pena!). Actualizámo-nos sobre o paradeiro de colegas e professores da Faculdade: uns casados, nenhum viúvo, outros aqui, acolí e acolá, um morto, um babyboom e a constatação de que há poucos que estejam a trabalhar na ramo e de que a Banca é uma área sortuda.

A Helena descobriu a verdadeira vocação: Massagem, Naturopatia, Reflexologia e outras ciências naturofilosóficas de cariz alternativo. Os olhos dela brilham quando fala do trabalho. Não posso deixar de sentir certa inveja das pessoas que conseguiram encontrar ainda tão jovens- ou até mesmo mais tarde- a meia-laranja profissional. Deve ser uma alegria acordar de manhã sem rabugice, nem receios pelas broncas do chefe. Ver o fim-de-semana chegar ao fim sem a típica letárgia de Domingo. (contacto profissional da Helena: helenacancado@gmail.com)

Este encontro com amigas mulheres levou-me a outras reflexões sobre as mulheres em geral. A capacidade que temos de nos reinventarmos e reciclarmos entre um sorvo de café, um parágrafo sério e uma cusquice. Não obstante a velha máxima inegável que afirma que as mulheres são “cabras” umas com as outras, é mesmo verdade que quando as mulheres se juntam a pensar o mundo fica um bocadinho mais civilizado. Para isso, basta que não deixemos corromper os nossos corações pela inveja extrema e sobérbia e as relações no feminino têm todos os ingredientes para funcionarem!
Posto isto decidi publicar aqui um texto sobre mulheres que vem muito a propósito da solidariedade feminina como sinónimo de desenvolvimento.

Cuando las cabezas de las mujeres se juntan alrededor del fuego

Alguien me dijo que no es casual…que desde siempre las elegimos. Que las encontramos en el camino de la vida, nos reconocemos y sabemos que en algún lugar de la historia de los mundos fuimos del mismo clan. Pasan las décadas y al volver a recorrer los ríos esos cauces, tengo muy presentes las cualidades que las trajeron a mi tierra personal.
Valientes, reidoras y con labia. Capaces de pasar horas enteras escucha
ndo, muriéndose de risa, consolando. Arquitectas de sueños, hacedoras de planes, ingenieras de la cocina, cantautoras de canciones de cuna.
Cuando las cabezas de las mujeres se juntan alrededor de “un fuego”, nacen fuerzas, crecen magias, arden brasas, que gozan, festejan, curan, recomponen, inventan, crean, unen, desunen, entierran, dan vida, rezongan, se conduelen.
Ese fuego puede ser la mesa de un bar, las idas para afuera en vacaciones, el patio de un colegio, el galpón donde jugábamos en la infancia, el living de una casa, el corredor de una facultad, un mate en el parque, la señal de alarma de que alguna nos necesita o ese tesoro incalculable que son las quedadas a dormir en la casa de las otras.
Las de adolescentes después de un baile, o para preparar un examen, o para cerrar una noche de cine. Las de “veníte el sábado” porque no hay nada mejor que hacer en el mundo que escuchar música, y hablar, hablar y hablar hasta cansarse. Las de adultas, a veces para asilar en nuestras almas a una con desesperanza en los ojos, y entonces nos desdoblamos en abrazos, en mimos, en palabras, para recordarle que siempre hay un mañana. A veces para compartir, departir, construir, sin excusas, solo por las meras ganas.
El futuro en un tiempo no existía. Cualquiera mayor de 25 era de una vejez no imaginada…y sin embargo…detrás de cada una de nosotras, nuestros ojos.
Cambiamos. Crecimos. Nos dolimos. Parimos hijos. Enterramos muertos. Amamos. Fuimos y somos amadas. Dejamos y nos dejaron. Nos enojamos para toda la vida, para descubrir que toda la vida es mucho y no valía la pena. Cuidamos y en el mejor de los casos nos dejamos cuidar.
Nos casamos, nos juntamos, nos divorciamos. O no.
Creímos morirnos muchas veces, y encontramos en algún lugar la fuerza de seguir. Bailamos con un hombre, pero la danza más lograda la hicimos para nuestros hijos al enseñarles a caminar.
Pasamos noches en blanco, noches en negro, noches en rojo, noches de luz y de sombras. Noches de miles de estrellas y noches desangeladas. Hicimos el amor, y cuando correspondió, también la guerra. Nos entregamos. Nos protegimos. Fuimos heridas e inevitablemente, herimos.
Entonces…los cuerpos dieron cuenta de esas lides, pero todas mantuvimos intacta la mirada. La que nos define, la que nos hace saber que ahí estamos, que seguimos estando y nunca dejamos de estar.
Porque juntas construimos nuestros propios cimientos, en tiempos donde nuestro edificio recién se empezaba a erigir.Somos más sabias, más hermosas, más completas, más plenas, más dulces, más risueñas y por suerte, de alguna manera, más salvajes.
Y en aquel tiempo también lo éramos, sólo que no lo sabíamos. Hoy somos todas espejos de las unas, y al vernos reflejadas en esta danza cotidiana, me emociono.
Porque cuando las cabezas de las mujeres se juntan alrededor “del fuego” que deciden avivar con su presencia, hay fiesta, hay aquelarre, misterio, tormenta, centellas y armonía. Como siempre. Como nunca. Como toda la vida.

Simone Seija Paseyro
Los Ojos del alma
fonte: http://esasmujeres1390.blogspot.com/