quinta-feira, 31 de julho de 2014

Desaparecidos de la dictadura española


Miles de inmigrantes desgraciados y medio-vivos llegan en pateras a Europa y son arremetidos a su insignificancia, después de que los europeos hayamos llegado a sus tierras en suntuosas carabelas desde hace poco más de quinientos años.
En Gaza se mueren miles de palestinos e israelíes a manos de una asquerosa política internacional que decidió recompensar a los judíos por el Holocausto, regalándoles tierras que no les pertenecían totalmente. En cambio, los israelíes, se divierten “jugando” al Holocausto sacrificando a los  palestinos Pero, ¿a quien se le ocurre regalar a un desconocido un territorio que no le pertenece? ¿No estaba claro que esto pasaría? ¿No lo habían visto ya con los efectos de la Conferencia de Berlin? (no nos olvidemos que Kosovo está ahí y es fruto de la misma fórmula política).
En Ucrania “algo” esta pasando. Los parcos y clandestinos relatos que llegan dan cuenta de una realidad horrorosa, a la que esta sujeta la gente que vive ahí y a quienes les importan tres pepinos, donde narices ponen la frontera los rusos y los ucranianos. Es como si Portugal se pusiera en guerra con España y reclamara un República Independiente de Olivenza. ¿Estaría la gente de Olivenza, Portugal o España dispuesta a perder a sus familiares y amigos a cambio de una puñetera línea dibujadas en el mapamundis? No confundamos identidad con represión, que es lo que en realidad está pasando.

Y no pasa lo mismo en España porque los condicionantes son otras, pero la verdad es que ya estamos todos hartos de las especulaciones Catalunya vs. España. Lo daría todo para ser una mosca y estar presente en las reuniones entre Más y Rajoy. Me apuesto la vida en como hablan de todo menos de la independencia de Cataluña. Os acordáis de cuando en el 2007, en Lisboa se hizo una cimera UE-África a la cual acudieran, entre otros, ¿Kadafi? Pues que al final todo fue una fea, muy fea taponera para un sin fin de juegos sucios. El más conocido es aquel en que Sakorzy y Zapatero negociaran con Kadafi la compra-venta de armamento.

Bueno, una vez expresado mi hartazgo con el mundo, vuelvo al tema que me movió a escribir estas líneas: una noticia leída en El País que me hace recobrar parte de mi esperanza en la justicia. Pues, parece ser que uno de los muchos comités de ONU que sirven, sobre todo, para montar despacho en barrios pijos de países tercer mundistas, ha hecho una especie de ultimátum políticamente correcto a España. El país del torito y de las morenas con vestidos con lunares tiene noventa días para darse prisa y decidir que hacer con las víctimas del Franquismo.

En este caso concreto se refieren al drama de las desapariciones forzadas durante el Franquismo. Una trama que sembró la muerte de miles de españoles y/o republicanos, entre los cuales el famoso Federico García Lorca, de quién hasta hoy no se ha encontrado sus restos mortales. Pero pueden también referirse al caso de los niños robados, entre otras mil y una trampas que se cocieran durante los cuarenta años de dictadura española. Aquí os he escrito un poco sobre el tema.

No podría dejar de manifestar mi impresión sobre esta noticia. Aunque crea no pasa de una noticia y que en realidad poco o nada se avanzará mientras esté este gobierno. La ley de la memoria histórica en España va de encuentro a unos cuantos lobbies. No es de la conveniencia de muchos que la suciedad de la Guerra Civil sea siquiera tocada.

De los tres años que pasé en España pocos temas me llamaran más la atención que todo el rollo de la Guerra Civil. No por fetiche, sino más bien porque es algo palpable. Aún hay muchos testigos vivos de esos días de violencia entre hermanos de sangre,  luego de la hambruna y de la represión. Hay aún muchas familias que buscan sus niños robados y otras más que no saben donde se encuentran sepultados sus seres queridos. Y no es que sea el vecino del primo del abuelo de Dª Pepita quién me lo contó. No. Yo lo he escuchado de gente que sigue sufriendo en la piel esa maldita represión treinta y siete años después de la muerte del fascista.

Y es que justo en mi último paso por Madrid, en abril, iba de paseo y paré junto a un “algo” que yo no sabia lo que era. Había una bandera de la República  y una placa en memoria de las mujeres encarceladas. Luego, me enteré que se trata del terreno con los despojos de lo que fue la antigua cárcel de  Carabanchel. Posiblemente en el futuro se hará algún condominio donde sólo los hijos de los que no sufrieran represión y, por lo cual no han visto sus vidas interrumpidas, podrán pagar un piso. Eso pasó en Lisboa con el antiguo edificio de la PIDE (Policía de la Dictadura del Estado Novo).



antigua cárcel de Carabanchel

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Galway

Situada a Noroeste da ilha, Galway é uma cidade jovem e estudantil devido às duas universidades aí instaladas, que atraem jovens de todas as partes do mundos (cheguei num Sábado cedinho e pude comprovar que efectivamente é assim).
Não tenho demasiados dados históricos sobre a cidade e, de pouco adianta fazer um copy/paste da wikipédia porque vocês também podem fazer a façanha, no entanto posso adiantar que é uma cidade que tem cerca de 70.000 habitantes, a maioria jovens e é a quarta maior cidade da Irlanda. Foi em tempos um grande porto comercial que manteve estreitas relações com Espanha, devido sobretudo à familia Lynch. Para a maioria dos irlandeses com quem tenho falado, Galway é uma das cidades mais lindas e que todos ABSOLUTELY me recomendam.

Caçadores de Salmão

Pareceu-me uma cidade viva, com uma energia particular e com uma beleza natural impossível de ignorar. Por isso, decidi escrever-vos sobre ela, sem fazer menção pormenorizada a dados históricos.
Ao longo das margens do rio Corrib, que atravessa a cidade dando-lhe um ar fresco e clean, há vários pescadores a capturarem salmão. Segundo pude entender através de uma breve conversa que mantive com um deles, para poder pescar é necessário pagar um preço diário que ronda os 90Euros. Contudo, o mais curioso é que é possivel encontrar estes pescadores não só nas margens, mas também no próprio rio. Aliás, segundo eles, esta é a forma mais eficiente de conseguir pescar o salmão.
Para que vocês possam compreender o “amor profundo” que os irlandeses sentem pela coroa britânica,em frente ao sítio exacto onde eu parei a falar com o pescador, o rio tem uma forma geofísica curiosa à qual os locais chamam “Queen´s Ass”, ou seja, “O cú da Rainha”. Assim, depreendo que frequentemente uma mãe irlandesa de um pescador que pergunte ao seu filho onde é que ele vai com a cana, pode obter como resposta “Vou com a cana ao cú da Rainha”.

pescadores de salmão no rio Corrib
Spanish Arch

Aí, aí, aí que estes espanholitos estão por t-o-d-a a parte.
Por todas as ruas desta pequena e bonita cidade se ouvem magotes de espanhóis a falarem alegremente (e ruidosamente) entre si, como é seu apanágio. Aliás, na Primark local acompanhei a acessa discussão dum grupo de jovens espanhóis que iam dum lado para o outro, a falar alto e bom som entre eles - como se fossem os únicos hispanohablantes do mundo-  e que estavam indecisos entre roubar ou não roubar uma camisa que um deles gostava. Toda a gente ouviu a discussão. Só não entendeu quem não podia mesmo entender.

Mas parece que esta já é uma tradição antiga, que vem desde o tempo do nosso “dear” Filipe I (Felipe II para os espanhóis). Os negócios entre os espanhóis e os locais começaram por volta do século XVI. O Spanish Arch, junto à Spanish Parade, era o sítio exacto onde os navios espanhóis atracavam quando chegavam à cidade para efectuar trocas comerciais. Traziam sobretudo vinhos entre outras mercadorias.

Hoje em dia o Spanish Arch é um local de encontro, junto ao movimentado bairro latino e ao museu da cidade. Quando eu passei por lá era um local de reencontro de concretamente uns dez bêbados irlandeses.



Musicos callejeros e a Baia de Galway

Para mim os dois pontos fortes desta pequena mas maravilhosa cidade são:
os músicos de rua, que estão em cada esquina e oferecem espéctaculos improvisados de qualidade impressionante. Aliás, segundo pude averiguar, as ruas são o melhor centro de casting do país. É muito comum os típicos Irish Pubs recrutarem os musicos residentes depois de os ouvirem por aí em actuações improvisadas.

E, claro, a enorme Baía de Galway, rodeada de montanhas e dumas pequenas ilhas que agora no Verão são um forte atractivo turístico do pais. Ao longo das praias que compõem a Baía, há uma praia só para crianças. Não entendi muito bem qual é a dinâmica porque o guia tinha um forte sotaque, mas promento averiguar a próxima vez que voltar à cidade.

Quando estive havia bastante buliço no Bairro Latino, um bairro cheio de bares e com esplanadas montadas debaixo de alpendres de madeira, típicos da paisagem irish, assim como um mercadinho de artesanato, que está lá todas as semanas.

Baía de Galway ao fim da tarde, com a maré vazia
"We are all in the gutter...but some of us are looking at the stars." O. Wilde

“Estamos todos na sarjeta...mas alguns olhamos as estrelas”, do polémico e fascinante escritor irlandês dublinense Oscar Wilde. Outro ponto forte da cidade é a estátua de Wilde com o estónio Eduard Vilde. Embora sejam contemporâneos, nunca se conheceram pessoalmente. A estátua representa um encontro imaginário com conversas que ficam à consideração de quem por ali passa. Em 2004 a Irlanda presidia  a UE quando a Estónia se incorporou como membro da comunidade. A estátua é o obséquio que os estónios ofereceram aos, então, anfitriões.

Também, bem no centro da cidade, encontra-se o parque Eire Square/Keneddy Park, com três ou quatro atrações, nomeadamente a estátua de Padraic O´Conaire, um escritor local e excelente contador de história de encantar, que morreu em Dublin em 1928.

A Eire Square é, também denominada Keneddy´s Park, porque quando o malogrado presidente dos EUA visitou o país, proferiu nessa mesma praça um inflamado discurso que fazia menção de honra aos seus antepassados irlandeses. Aliás, basta olhar para as fotos do sr. Keneddy e perceber, através daquele faustoso cabelo ruivo, que ali havia genes celtas.

Fica, pois, por escrever na rúbrica Da Irlanda para o mundo algo sobre Oscar Wilde e John F. Keneddy.

 

Por agora, espero que tenham desfrutado do altamente recomendado passeio a Galway.


Irish breakfast
Eu e um desconhecido junto à estátua de Wilde/Vilde

detalhe rockeiro na parede dum bar local

Informações úteis:

-Autocarro Cork-»Galway = 20EUR/3 Horas

-Autocarro turístico Galway (o melhor é do senhor velhote e pele encarnada J.J) =10EUR/1 Hora

-Irish Breakfast de comer e chorar por mais (eu chorei porque comi demais)= 5EUR na Abbeygate Street Lower



quinta-feira, 24 de julho de 2014

Primeira entrevista de trabalho na Irlanda

Foi AQUI que vos contei como tinha corrido a primeira entrevista de trabalho em Madrid. Na altura fiquei chocada com o comportamento imbecil do meu entrevistador. Volvidos quatro anos, voltei à pouco alegre e muito ardúa tarefa de enviar CV´s e acudir a entrevistas em moradas que para mim são chinês, montada em saltos altos e calças de tecido que me apertam nos pneus e me fazem o rabo demasiado redondo, e desorientada com as indicações controversas que me dão na rua. Desenrascar é mesmo a herança maior que um português pode receber (depois da língua), porque acreditem que quando estamos fora do nosso círculo de segurança e conforto é muito útil. Desenrascar é uma espécie de canivete suiço que nos transforma no Macgywer em situações de aperto.

Há duas semanas ligaram-me duma ETT para passar a triagem num processo que me interessava bastante, numa das muitas multinacionais recém-instaladas em Cork. Correu tudo bem e a entrevistadora gostou do meu CV e disse que ficou muito impressionada com algumas experiências que tive e que se adaptavam perfeitamente ao posto. Fui, pois, convocada para uma entrevista na tal multinacional. E o sexto sentido começou logo a activar um alarme de cor âmbar que me dizia que aqui as coisas são bastante diferentes. Uma entrevista é algo muito sério e não a conversa relaxada e, muitas vezes, da tanga, que se tem no Sul. No meu e-mail recebi uma espécie de guião preparado pela ETT com uma série de perguntas para as quais eu devia estar preparada para responder e, outras tantas, sobre as quais eu deveria reflectir: quais os meus pontos fortes e fracos, como é que eu me vejo daqui a uns anos etc...

Comecei a sentir-me nervosa na véspera e, para evitar imprevistos, saí de casa com três horas de antecedência. E até me dá vontade de chorar quando me lembro dos imprevistos pelos quais passei. Parecia que o universo estava do contra e tudo estava a correr mal. Sabem aqueles sonhos em que tentamos correr para alcançar as pessoas e não conseguimos? Tentamos gritar mas a voz não sai? E despertamos todos suados e em pânico? Pois, isso foi o que me aconteceu mas eu não estava a dormir...Estava elegante, perfumada e a tentar manter a calma para uma importante entrevista de trabalho.
Primeiro o comboio nao abriu as portas na estação onde eu deveria sair. Não sei o que se passou mas estavam bloqueadas. Para terem uma ideia, nessa linha só há um comboio por hora. Fazendo as contas comecei a sentir-me lixada com F, portanto quando cheguei à estação de Cork, reclamei. Não me serviu de muito, mas reclamei. Uma senhora, que tinha assistido à cena, foi a luz brilhante que não me fez perder a esperança. Pediu-me para ter calma, que tudo se ia resolver e que concerteza eu iria ficar com o posto de trabalho. Ajudou-me a fazer a reclamação e foi um amor (aqui as pessoas são realmente muito simpáticas).

Apanhei outro comboio na direcção contrária e desta vez as portas abriram. Resulta que a estação estava entre o nada e uma auto-estrada e não havia vivalma excepto eu e um casal de turistas que estavam igualmente perdidos. Fiz-me ao caminho e segui por um pedaçinho de passeio que havia ao longo da auto-estrada. Mais ou menos correspondia com o caminho que eu tinha visto no google maps. E então, cheguei a um enorme parque industrial e comecei a perguntar às poucas pessoas que passavam a pé onde ficava a empresa onde eu ia ter a entrevista mas...ninguém sabia. Entrei na zona Este do parque e, entretanto, já tinha passado uma hora e meia. A ampulheta já ia a meio...
Avistei um Costa Café e pedi ajuda. Ninguém sabia onde ficava a tal empresa mas, pelo menos, estava no parque certo. Olhava à volta e só via empresas e mais empresas e edificios para lá de outros tantos edificios, e todos iguais. Como ultimo recurso pedi que me dessem um contacto dum táxi.


Liguei à central e expliquei a situação. Que estava num parque industrial gigante, sabia exactamente onde me encontrava mas não sabia onde estava o sítio aonde tinha de ir, portanto precisava da ajuda dum taxista. Puseram-me à espera duas vezes, para me informarem que não podiam enviar um táxi para me deslocar dentro dum espaço tão “pequeno” (puta que os pariu...pequeno para eles que o estavam a ver no google maps).
Então, furiosa comecei a andar sem nenhuma direcção concreta e duzentos metros depois, numa esquina, detrás dumas árvores grandes, eis que surge o logotipo gigante e brilhante da “minha” empresa. Senti-me uma bailarina dentro duma caixa de musica, a dançar levemente ao som duma música fofinha....
Como ainda tinha quarenta e cinco minutos, voltei para o Costa Café e tomei um cappucino (o mais barato e mesmo assim EUR2,99), depois pintei os lábios tranquilamente, passei água no pescoço, sorri ao espelho e disse-me palavras de conforto como “agora é que vai ser”.

Não, não ia ser...

Na ETT tinham-me avisado que a empresa tinha mudado de instalações há muito pouco tempo. Os escritório que eu tinha visto na esquina eram os escritórios antigos. À medida que me fui aproximando e fui vendo como tudo estava vazio, com dossiers abandonados e janelas mal fechadas, apeteceu-me chorar...já só faltavam quinze minutos para a hora marcada e ia mesmo chegar atrasada...Tinham passado duas horas e quarenta e cinco minutos desde que tinha saído de casa...isto não me podia estar a acontecer. Estava a começar a suar outra vez e já tinha um lago no umbigo e uma catarata na espinha.
Havia por ali um jardineiro e precisei gritar-lhe duas ou três vezes para que me ouvisse por detrás da motosserra. Explicou-me onde estavam as novas instalações e, de salto alto, fui cortando caminho pelos passeios relvados e pelos canteiros de flores. Não sei como mas demorei cerca de cinco minutos a chegar ao local e cheguei cinco minutos antes da hora marcada. Os meus entrevistadores estavam numa reunião e a entrevista ia começar cinco minutos mais tarde...Foi o primeiro suspiro de alívio. Tive tempo de me recompôr e de beber quase toda a água do dispensador.

Não importa dizer como correu a entrevista. Os entrevistadores eram simpáticos. Um deles era espanhol. Uma espécie de irmão Rivera. Só não fiquei estrábica a olhar para ele porque as circunstâncias anteriormente descritas só me faziam ter vontade de adormecer debaixo dum duche fresquinho e acordar somente daqui a trezentos dias, quando tudo não passasse duma má recordação.  Aliás, se estou aqui sentada na biblioteca municipal a contar-vos com tanto detalhe a merda de dia que tive é porque não fiquei com o posto...mas, pelo menos, sobrevivi. Ainda tenho um nó na garganta e garanto-vos que não é normal todas as dificuldades com as quais me deparei naquelas malditas três horas, num dia tão importante. Creio que as superei com mérito mas quando cheguei a casa só me apetecia o colinho da minha mãe e, pela primeira vez, senti-me realmente assustada e percebi que estou outra vez sózinha no mundo. Embora muitas vezes as minhas palavras transmitam só confiança, há dias em que o mundo parece um terrivel buraco negro e não é nada fácil chegar onde queremos. O caminho é penoso e cheio de espinho e é dificil acreditar no que quer que seja...

Para terminar e para que não vão daqui com maus feelings, conto-vos que quando cheguei a casa tomei um banho fresquinho, fui ao jardim e estive deitada e a rebolar na relva, entrei na igreja para sentir um maravilhoso silêncio esmagador, à noite vi o filme “The other sister” e dormi nove horas seguidas. Deixo-vos uma imagem bem bonita que a mim provoca sensações que me fazem sentir essa tal bailarina levezinha...plim plim plim

 
Irmãos Rivera

domingo, 20 de julho de 2014

Da Irlanda para o mundo #1

A Irlanda é quase um caso de amor à primeira vista. E quanto mais olho mais gosto.

E não paro de me surpreender por descobrir que algumas coisas que me são muito gratas são produto desta ilhinha verde.

Os The Cranberries são da simpática, bonita e vizinha cidade Limerick.  Uma das minhas música preferidas aqui (olé às mulheres femininas de cabelo rapado)

"Though my dreams It's never quite as it seems Never quite as it seems"

Descobri também que os Thin Lizzy que me acompanharam na descoberta do Rock dos anos 70 e me abriram as portas a um mundo novo fora do Hard Rock dos anos 80/90 a que estava acostumada, são também da ilha.

Para vocês Dancing in the Moonlight, uma canção de 1977




quinta-feira, 17 de julho de 2014

Zara, the real one

Só há uma Zara em Cork e está num centro comercial fora da cidade.

A minha pergunta é a seguinte: como é que a mulherada vive e sobrevive sem a Zara?

Bom, se não tem tu, tem tu mesmo, não é?

Zara para velhotas grandotas, em Midleton

terça-feira, 15 de julho de 2014

Os "extras" e eu

Ando eu aqui como uma desgraçada a fazer pelos menos duzentas borboletas por dia e afinal a Marylin Monroe tinha os braços tão ou mais gordos que os meus...Sempre achei que os cânones de beleza da minha época não se adaptam às minhas formas.


Fonte: Chanel
E também tinha celulite:


google.com
E pneus desses que se aparecem sabe-se lá donde quando nos sentamos de lado:


Foto: Anthony Beauchamp

segunda-feira, 14 de julho de 2014

A casa dos trinta

fonte:google.br
Creio que aqueles que já passaram a barreira dos trinta conhecem bem essa sensação de engolir em seco e ver, pela primeira vez, que afinal é mesmo verdade que essa idade existe e que há qualquer coisa que muda dentro de nós. Não é uma mudança necessáriamente para pior. Aliás, devo referir que me sinto muito mais jovem e com energia numa série de aspectos da minha vida, desde que entrei nos intas. Sem dúvida, a maior vitória é mesmo a confiança que ganhei, a certeza de que nada é eterno e o domínio sobre as situações que me fazem sentir desconfortáveis ou que não quero de todo viver. Agora é mais fácil escolher o caminho porque já sei (quase) exactamente aquilo que não quero, logo chegar ao que quero é uma questão de paciência, disciplina e preserverança.

Mas sem dúvida que se dá um click interior. No meu caso, senti o caminho estreitar, não de forma definitiva mas numa espécie de chamada de atenção para tomar decisões que podem afectar o meu futuro, nomeadamente em termos profissionais. A estas alturas, aqueles que não estabelecemos como prioridade absoluta o êxito profissional, já chegámos à decepcionante conclusão que a esmagadora maioria das pessoas não trabalha naquilo que gosta. Que esse é um privilégio que assiste só a meia dúzia de privilegiados. Não que a esmagadora maioria não seja merecedora duma vida profissional prazerosa. Já conheci pessoas extremamente profissionais e dedicadas às suas funções. Mas porque ao fim e ao cabo é dificil saber o que é que afinal queremos ser quando formos grandes. E essa dúvida persiste mesmo quando já somos grandes. E quando sabemos, temos ainda de nos deparar com o factor C que domina uma boa parte dos postos de trabalhos interessantes.

Bom, mas este aspecto é um tema transversal aos trintas e, de uma forma ou outra, há sempre a possibilidade de mudar o curso da nossa vida profissional. Dependendo do carácter de cada, das possibilidades financeiras, da criatividade e das circunstâncias que vão surgindo ao longo da vida e que nos fazem repensar e actuar, eu acredito que é possível nos oitenta anos de vida expectáveis para a minha geração, que um executivo se torne, mais tarde, num carpinteiro, ou que uma mãe de família se torne numa pequena empresária de sucesso. Acredito que como nos videos jogos, a vida profissional tem vários créditos. É possível ressuscitar um morto no que toca à ambição profissional.

Já na vida amorosa, não estou tão segura que existem tantos créditos para consumir, sobretudo depois dos trinta. Talvez seja uma visão péssimista, mesmo para quem está habituada a ver o copo meio cheio. Para mim, a verdade é esta e é crua e dói. Dói muito.

São vários os factores que fazem com que cheguemos aos trinta solteiras e são raras as mulheres que se sentem plenas nessa posição de solteira inveterada. Podemos até apertar os dentes e encher a barriga de orgulho para dizermos que estamos solteiras por opção, mas a verdade é que bem lá no fundinho, já todas sonhamos com o dia em que finalmente alguém nos vai ajudar a carregar a porcaria dos sacos do supermercado e nos vai servir um copo de vinho antes do jantar, sem termos de andar à porrada com o saca-rolhas.
Não significa que sejamos todas umas solteironas, rejeitadas. Aliás, a prova disso é que cada vez mais as mulheres nos cuidamos e, já começa a ser dificil encontrar uma trintona que não seja gira, ou que pelo menos tente ser. Que não seja independente. Creio mesmo que a maioria das trintonas que ainda vivem em casa dos pais, o fazem para poupar dinheiro ou ter o dinheiro disponível para algo que as enriquece. Ao contrário dos homens trintões que vivem em casa dos pais, porque simplesmente lhes dá mais jeito que seja assim, e porque nunca tiveram o par de tomates para sair de casa.

Como dizia são vários os caminhos que nos levam a chegar aos trintas solteiras. Eu diria, sem qualquer base cientifica, que há dois motivos. O primeiro, a opção livre. Estudamos até aos vinte e quatro, vinte e cinco (recordem que somos pré-Bolonha) e depois demoramos algum tempo a encontrar o nosso cantinho no mercado de trabalho. Pelo meio vamos tendo namorados, mas nenhum que nos faça perder a cabeça. Segundo, porque estudámos, trabalhámos e encontrámos essa tal pessoa com quem um dia desejámos fazer conchinha, mas por algum motivo, perdêmo-la pelo caminho. (Eu encaixo-me em ambos perfis).



Os solteiros

Chegadas aos trinta, aquelas que gostamos de estar com homens da nossa idade e/ou geração encontramos três tipos de homens e, aviso já que a minha opinião muito resumida é “venha o diabo e escolha”.
Primeiro aqueles, que tal como nós, se mantém solteirões intactos, i.e, tiveram relações, algumas até duradouras e sérias, mas nunca assinaram papéis de qualquer ordem com uma mulher, bem seja de matrimónio, bem seja da conta do gás, água, luz.  E o que dizer destes homens? Na minha opinião, são o osso mais duro de roer porque não amadureceram numa série de questões e, sobretudo, não aprenderam a partilhar. E se aos vinte e tantos ainda torcem um bocadinho, a estas alturas já têm muito claro “antes quebrar que torcer”. Surpreendem-se que as muitas solteiras de trinta e tal anos queiram casar e ter filhos e falem abertamente disso, sem andar ali às voltas. Parece que lhes provocamos “muita pressão” (otários, vocês não sabem o que é viver numa borbulha chamada “Idade fértil”. Isso sim é uma verdadeira pressão).
Embora pela presente fique bem expressa a minha opinião, quero deixar claro que acredito que existam excepções. Que há homens de trinta e tal anos solteiros que merecem a pena e que tal como algumas de nós (como eu) tiveram um soluço forte, uma má aposta, um curva inesperada que lhes mudou inesperadamente o rumo da vida. Mas, já agora, onde é que estão esses? Alguém me pode deixar um para amostra de estudo?
  
Os casados

Depois existem os outros que são os casados ou divorciados, que hoje em dia são quase a mesma coisa, porque por um lado já ninguém casa, por outro a vida está dificil para descasar aquilo que há, mesmo que seja nada.
Lamento se vou ferir susceptibilidades, mas é neste nicho que eu gostaria de dizer que estão boa parte dos exemplares masculinos que valeria a pena explorar caso não estivessem na situação em que estão.
Depois de terem vivido uma vida conjugal cheia de dias bons e maus, cheia de sorrisos matinais e de remelas nos olhos, cheia de essa sensação de chegar a casa, abrir a porta e encontrar um ambiente familiar e roupa suja esquecida no chão da casa-de-banho, uma boa parte dos homens que já partilhou a vida com uma mulher, escolhida e amada por eles mesmo que numa época remota, já estão ligeiramente pulidos e, portanto são máis agradáveis no trato diário.  Estes homens já chegaram naturalmente à conclusão que as mulheres somos ora bichos do mato, ora puro mel e que uma coisa não implica a outra, portanto não se coíbem de comprar um ramo de flores ou preparar o jantar quando os ânimos assim o exigem. Que bom seria se não fossem casados!
Cuidado, muito cuidado, porque para estes homens, nós as mulheres de trinta e tal solteiras, somos uma perdição porque ainda somos jovens, mas já somos estáveis e suficientemente independentes. E mais cedo ou mais tarde todas vocês vão ter um atrás, a dar em cima. E todos nos vão dizer coisas que sabem bem ouvir, porque eles já aprenderam a dizer coisas bonitas e pulidas. E não é que não gostem de nós, tal e qual nos querem fazer acreditar, porque até gostam. Mas do que eles estão mesmo fartos é da rotina. Nós somos o raio de sol que eles perderam no dia imediato ao regresso da lua-de-mel em Punta Cana. Na grande maioria, em caso de aperto, não dúvidem que a escolha não vai recair sobre nós. Sobretudo se já há filhos a equação que eles fazem é muito simples: entre a rotina e uma só conta de débito para despesas e uma segunda oportunidade mas duas contas de débito para despesas...tirem as vossas conclusões. Vão dizer que somos o que eles andam à procura, que tudo faz sentido desde que nos conhecem, que a relação conjugal que têm não tem pés, nem cabeça. É mentira, mesmo que eles achem que é verdade. Mais tarde ou mais cedo, a esposa vai aparecer grávida ou linda e sorridente numa foto de familia tirada recentemente. Além disso, não podemos contar com eles para nada. Pensem que em caso de tristeza ou extrema alegria nem sequer lhes podemos telefonar porque nunca se sabe se o momento é “inconveniente”....
  
Os divorciados

Por último, estão os divorciados e neste campo vou falar como me der na gana porque tenho experiência e porque alguns dos meus amigos já estão divorciados, portanto já tenho suficientes casos de estudo.
Não sei muito bem em que posição colocar os divorciados neste ranking de três, porque a oferta é tão variada que até cansa, mas básicamente vou dividi-los em dois: os que sim e os que não.

Os que sim:
Estão divorciados e isso até poderia ser um ponto a favor. Do ponto de vista estritamente prático, são homens livres. Do ponto de vista romântico, são homens que viveram e que, ao menos uma vez na vida tomaram uma decisão (casar-se e/ou divorciar-se, partindo do principio que foi livre arbitrio ou uma decisão a dois). Dependendo da experiência que tiveram, são homens maduros, que adquiriram esse tal espírito de convivência, que amaram mas que por algum motivo as coisas não funcionaram. Até aqui tudo seria perfeito e, pode eventualmente ser, se esse divorciado não vier cheio de pica para “recuperar o tempo perdido” e “descobrir se ainda sabe seduzir”. Ou ainda, se for um desses homens que não deixou de acreditar no amor, mas sim deixou de acreditar na vida a dois.  Para aquelas que queiram ter uma relação com um homem que não deixa a escova de dentes mas que é, acima de tudo, um cavalheiro este pode ser uma opção. Para as que queremos pipocas no sofá, esqueçam.

Os que não:
Infelizmente são a maioria. Ora porque ser divorciados não foi uma opção pessoal e agora acreditam que todas as mulheres somos enviadas especiais do Belzebu -normalmente estes passaram por um processo de infidelidade e põem a culpa na mulher (será que a culpa foi mesmo só da mulher?)- ou, realmente tiveram má sorte e isso nem sempre se pode evitar.  Ora porque embora sejam aparentemente divorciados, na realidade ainda não o são. E não o são porque ainda estão em vias de...ou porque embora sejam, a ex-mulher ainda está tão presente na vida deles como Deus todo poderoso e omnipresente na vida dos crentes. E neste caso as coisas só pioram quando há filhos pelo meio. Normalmente, neste perfil de divorciados, os filhos são mesmo utilizados como bolas de ping-pong. E as novas/os parceiras/os dos papás/mamãs são vistas como madrastas e bruxas malvadas que vêm competir com as mães/pais.
Já vi casos em que o casal já estava divorciado há anos, que a mulher até já tinha um novo parceiro, mas quando o homem decidiu assumir uma nova relação as coisas pioraram. Eu imagino sempre que se o meu namorado tivesse crianças de anteriores relações, eu iria tratar essas crianças como se fossem meus sobrinhos: com todo o amor e carinho mas tendo claro que eu não sou a mãe e que o meu papel limita-se a ser de mimos e muita conversa pedagógica. É dificil encontrar uma familia onde os novos parceiros são aceites como novos membros da famiília e não como alvos a abater o quanto antes, mesmo quando a relação do casal já era inexistente. Quase sempre, estas novas pessoas que surgem, podem ser um ponto de união e não de fracasso e um virar de página para um novo capítulo de amor e familia.

Por fim

Assim, caras solteiras na casa dos trinta não sei muito bem o que vos dizer. Aliás, creio que não é necessário dizer nada porque a esta altura a grande maioria já percebeu que não existem formulas perfeitas e infalíveis. Mesmo assim, achei pertinente abordar este assunto. Como me dizia uma amiga de trinta e um, um destes dias, a grande vantagem que as mulheres temos sobre os homens, é que nós falamos sobre estas questões e aprendemos umas das outras. Isso faz com que amadureçamos. Os homens, ao contrário, saem para tomar cervejas ou falar de futebol, mesmo que no fundo da sua alma, estejam tristes e a precisar dum conselho.

Todas já nos sentimos a triste Bridget Jones naquela cena memorável do “all by myself” (ver aqui). Para as que sonhamos ter algo mais que uma one night stand, as coisas tornam-se ainda mais dificéis porque à nossa volta, aparentemente (e é mesmo só aparentemente) os amigos já têm as suas vidas orientadas. E não é que sejamos invejosas, porque não somos e estamos felizes por eles, mas inconscientemente perguntamos “quando vai chegar a minha vez, BOLAS? “.


Está claro que estou um bocado muito descrente nas relações e nos homens. Dói-me o coração e não estou muito disposta a que mo espatifem outra vez e me voltem a romper as ilusões. Mesmo assim, gostava de vos dizer que continuo o achar o AMOR o sentimento mais magnífico que alguém pode ser sentir por outra pessoa. E quando é mútuo é mesmo verdade que move montanhas e muda tudo, tudo, tudo...aiiiii e é tão bom e viciante que até chateia (suspiros).

sexta-feira, 11 de julho de 2014

As portas irlandesas

Detalhe de portas em Galway
Cartão de visita da Dublin, as portas coloridas não são um exclusivo da capital irlandesa. Também noutras cidades, vilas e aldeias, as portas dos irlandeses são coloridas e, geralmente, de madeira, de estilo georgiano.

Existem várias motivos e lendas urbanas que justificam esse facto. Eu andei a investigar na internet e, embora tenha encontrado algumas justificações bastante plausíveis, decidi quebrar o gelo e perguntar directamente a quem melhor me saberia responder: os irlandeses.

Infelizmente, a resposta não foi tão romântica como eu esperava. Primeiro pareciam estranhar o facto da Irlanda, sobretudo Dublin, ser conhecida pelas portas coloridas. Depois disseram-me que não era por motivo nenhum em especial. A escolha da cor das portas tinha a ver com o gosto pessoal do dono da casa.

Não satisfeita, continuei à procura de mais explicações e, consegui que as memórias ou conhecimento, fossem rebuscar informações mais elaboradas. Soube que as portas são coloridas porque as pessoas as pintavam segundo o Condado (distrito) do qual eram provenientes. Por exemplo, portas verdes para as pessoas de Cork. Assim, a tradição foi-se mantendo até aos nossos dias. Embora, a maioria da gente desconheça esse motivo, há uma espécie de lei municipal que impede os donos das casas de mudarem a cor das portas.

Mas, será  só esse o motivo?

Um amor muito real

Bom, vou então repetir as lendas urbanas que vi repetidas em enúmeras páginas da internet. Parecem-me bastante mais interessante e, segundo as minhas pesquisas, são essas lendas e teorias misturadas com factos históricos mas sem fundamento cientifico, que são apresentadas aos turistas nas visitas guiadas em Dublin.

Diz-se, pois, que a apaixonada Rainha Victória ficou devastada com a morte do seu Principe Albert, em 1861. Até aqui tudo coincide com a História. Aliás, o amor da Rainha Victoria pelo seu primo e marido Alberto é bem conhecida e costuma fazer parte dos livros que relatam as mais belas histórias de amor. O imponente Albert Memorial, em Londres deixa patente a devoção que a essa mulher tinha por esse hmem. E foi essa devoção e amor que a internaram num luto tão profundo que a afastou da vida pública e fez com que na época a monarquia perde-se bastante popularidade e os republicanos ganhassem terreno.

Voltando às portas irlandesas, na época da morte do Rei Alberto, a Irlanda estava anexada ao Reino Unido. Ora, isso era algo que desagradava muito aos irlandeses. Assim, quando a Rainha Victoria mandou que todas as portas fossem pintadas de negro como sinal de luto e respeito pela morte do seu amado, os irlandeses como protesto, fizeram exactamente o contrário e pintaram as portas o mais colorido que lhes foi possível para a época (reparem que então ainda não existia o rosa fuschia, o verde petróleo nem o azul klein).

Na minha cama com ela

Mas a minha teoria preferida tem a ver com esse costume tão irlandês de beber até cair para  lado.

Parece que muitos vizinhos, ao regressarem bêbedos, não conseguiam distinguir qual a sua casa e, por isso, repetidas vezes, se metiam na casa do vizinho. Conta a lenda que essa confusão de portas iguais e mulher-do-vizinho- com-direito-a-bastardos acabou numa recambolesca noite em que um irlandês, ao chegar a casa bêbedo, encontrou a mulher na cama com outro e os matou ali mesmo. O sanguináreo crime foi fruto da confusão das portas monocolor, porque em realidade, a mulher do bêbado –e agora- assassino dormia plácidamente numa casa ao lado, servida por uma porta normal e corrente, igualzinha à dos vizinhos assassinados.

Assim, as mulheres irlandesas, acostumadas ao assédio dos vizinhos que lhes irrompiam em casa a meio da noite e assustadas com esse terrível facto, decidiram pintar as portas de cores diferentes, para que os seus maridos bêbedos não se confundissem na hora de entrar em casa e não se pusessem para ali a esquartejar gente.

Como sempre as mulheres são a pedra e a cal das grandes decisões que se tomam neste mundo. Agora, a minha pergunta imediata ao ler esta última teoria lendária que justifica a palete de cores das portas irlandesas, foi “ Mães de Bragança, porque é que vocês não pensaram numa coisa assim, em vez de irem chorar a dignidade dos vossos pacatos maridos para as páginas da Time?”

Capa da Time, Outubro de 2003



segunda-feira, 7 de julho de 2014

Midleton

Cheguei ao aeroporto de Cork, num voo de 2h30 directo desde Lisboa, com a companhia Aer Lingus. À minha espera estava uma peruana de pura fibra que eu já não via há dois anos. Não faz mal porque quando os laços são de qualidade, o tempo não passa, só amadurece.
Instalei-me numa pequena e simpática cidade chamada Midleton, a 20 Km de Cork, conhecida por ter a destilaria do whisky irlandês Jameson “Jameson Experience”.
Midleton tem uma rua principal decorada com casinhas de 2 andares como muito, cada uma de uma cor diferente e cheia de pequenas lojas de comércio local. Há também uma estação de comboios, um Hotel, uma esquadra, dois rios e, como sempre, campos e mais campos de verde. O ar cheira a flores, estrume e fritos. E pouco mais tem. Mas as pessoas fazem os lugares e Midleton já é especial por isso.

A estação de comboios e a boleia

Logo no primeiro dia, sem entender “un carajo” do que estas pessoas diziam, toda a gente foi extremamente amável comigo. Deram-me todas as indicações que solicitei. No segundo dia, sai de casa para batalhar por um trabalho. No Posto de Turismo, a funcionária foi tão simpática e acolhedora que eu quase achei que ela me ia oferecer o emprego dela, tal era a vontade que demonstrava em que eu encontrasse um trabalho
Depois fui andando pela cidade para tentar perceber, sem perguntar, onde ficava a estação de comboios. Encontrei-a e senti-me uma otária a olhar para a máquina dos bilhetes, não porque sejam máquinas com uma tecnologia demasiado avançada mas porque me “informavam” gentilmente que um bilhete de comboio ida/volta até Cork (4 paragens) custa a módica quantia de mais de 8€ (vão roubar pró ca*%&(»%). Vendo-me estática a olhar para a máquina, veio logo um grupo de senhoras em meu auxílio perguntar-me se eu precisava de ajuda (não my Ladies, preciso dum desfribilador que está-me a dar uma coisinha má...).
Depois, já que estava ali com tanta gente à minha volta, perguntei onde ficava o Midleton Park Hotel, porque tinha pensado ir lá entregar o meu CV. Uma mãe de família que estava a deixar o filho na estação ofereceu-se logo para me dar boleia. Eu ainda perguntei com um sinceramente humilde “De certeza?? É que eu posso ir a pé”, ao que ela respondeu “Absolutely dear”. Vi-me, pois na obrigação de me justificar e dizer-lhe “não se preocupe que eu sou uma pessoa de confiança”,  ao que ela respondeu mais uma vez “ahahaha ABSOLUTELY  my dear”. Poderia ter sido uma viagem bastante mais desconfortável porque assim que entrei na carinha monofamiliar e tive de levantar a perna para me sentar, as minhas calças de ganga cansadas de andar para trás e para a frente nas colinas de Lisboa, fizeram um sonoro “GGGGGGGGGGGGRRRRRRRRR” e fiquei assim com metade da bochecha do rabo de fora e ainda tive de ir deixar o meu CV na recepção do hotel nesses preparos (secalhar é por isso que ainda não me chamaram)...
Bom, voltando à mãe de familia, foi super simpática e deu-me as boas-vindas à cidade. No fim disse-me o nome dela- o qual eu não percebi- e combinámos que se nos voltássemos a cruzar na cidade dir-nos-iamos “Olá”. Neste ponto, eu fui extrememante sincera e expliquei-lhe que o normal seria que eu não a reconhecesse porque à primeira vista todos me parecem absolutely loiros ou ruivos, absolutely de olhos azuis e absolutely de sardas. E referi “Tal qual nós vos pareceremos todos morenos lá no Sul”. Resposta: “ahahaha ABSOLUTELY”.

O morto

Os meus passeios não cessam e às vezes até me aborreço porque como a cidade é plana e pequenina, em menos de meia-hora já dei a volta completa e isso nem dá para desmoer o jantar ou para me cansar.
Como já referi, as casas são todas baixinhas e repetem um costume que eu já tinha visto no Reino Unido e na Suécia: deixar as grandes janelas abertas de par em par e não poem vedação nos jardins privados. Assim, é muito fácil ver tudo o que se passa dentro das casas. Imagino que para eles, ao tratar-se de algo normal, nem sequer reparam no que se está a passar no interior da casa dos vizinhos. Ora, eu sinceramente não consigo ignorar. Preciso sinceramente, sinceramente, sinceramente de OLHAR. E dá-me igual que os meus olhos se deparem com um gordo de meia idade deitado no sofá, agarrado a um peluche e a olhar para a tv, EU PRECISO DE OLHAR (para estar informada).
Ontem depois de ir correr, ia como sempre muito entretida a olhar para dentro das enormes janelas, quando vi uma casa que tinha o interior na penumbra mas umas dez velas acesas. Achei que eram velas demais e abrandei o passo e voltei a olhar. Deparei-me então com um caixão aberto. Era alguém que estava a ser velado na sua própria casa.

Destilaria Jameson, principal atractivo turístico de Midleton

Detalhe de casa em Midleton

Bairro familiar em Midleton

sexta-feira, 4 de julho de 2014

A Irlanda

Não sei se vou encontrar o pote de moedas de ouro no fim do arco-iris, o qual a Irlanda reclama ser a única detentora. Não sei se os deuses Celtas, os magos e os duendes do bosque me vão proteger nesta minha nova empreitada. A única coisa que sei é que preciso mesmo dum bocadinho de sorte para não voltar a ter a tentação de perder o meu sorriso.

Escolhi a Irlanda porque desde a distância já me pareciam ser uma gente muito nobre, com uma herança cultural ímpar e com uma forte Identidade. Senão, vejam como é que um país consegue ser uma república e ter uma lingua própria, depois de séculos e paredes meias com o poderoso Reino Unido. Essa preserverança que eles tiveram para lutar contra o gigante britânico sempre me fez admirá-los. É preciso ter um grande par de tomates...
Além disso, os irlandeses (a par com os polácos) eram conhecidos como os “negros” da Europa, i.e, nas vagas de emigração para os EUA, eram contratados para os piores e mais mal pagos trabalhos. Eram recorrentemente escravizados à maneira moderna.
Depois, como é que é possível resistir a estas pessoas com o cabelos mais cor-de-laranja que as laranjas de Valência e os narizes todos pintalgados de sardas? Mesmo tratando-se de senhoras de 80 anos, não posso deixar de sentir carinho por elas, porque me recordam ou a Pipi das Meias Altas ou o Tom Sawyer.

À parte questões de ordem intelectual e do imaginário romântico, a Irlanda, apesar de ser um dos países que fez parte da ultima tournée do circo europeu chamada Troika, está em crescimento. As grandes empresas já estão sediadas aqui e muitas outras estão a chegar: Inditex, Microsoft, Apple etc...Tudo porque o governo tem uma política fiscal liberal(desleal) e as grandes empresas que vêm para cá têm uma taxa de impostos muito vantajosa. Também, os salários em trabalhos remunerados, são muito atractivos e, por ultimo, a Irlanda não sofreu um boom imobiliário tão forte como os países do Sul, portanto os preços de aluguer dos apartamentos, são preços justos e adaptados à realidade do país.

Estes são os três principais motivos que me fizeram escolher a Irlanda e não outro país qualquer. Foi uma ideia madurada durante muitos meses, uma decisão ponderada, uma aventura medida.
Cheguei à 4 dias e já meio mundo tem o meu CV. Ainda não tive qualquer feed-back mas, como sempre, vejo o copo meio cheio. Tenho a certeza que algo bom vai acontecer e, se tudo correr dentro do previsto, a Irlanda há-de ser a minha casa nos próximos anos porque me parece um sítio que me pode dar os pózinhos de perelimpim que eu preciso para pôr em prática um série de projectos pessoais. E o que é da vida sem sonhos e projectos?

Em troca, a Irlanda pode estar segura que acaba de chegar a pessoa mais curiosa de todas, capaz de convencer o mundo inteiro que este é o sítio mais incrivel do mundo, que dentro de alguns meses já vou espontâneamente dizer com sotaque daqui “é que NÓS os irlandeses...”.

Como dizia o melhor português que Portugal já pariu “a minha casa é onde eu deixo o meu chapéu...”

E se os deuses Celtas que me quiserem dar um empurrãozinho eu também vou gostar muito....

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Glups!...

 Gémeos

1 de Julho de 2014

8 de Espadas 

"Uma vida gasta cometendo erros não é mais honrada, mas é mais útil do que uma vida gasta fazendo nada." (George Bernard Shaw) E não é errando que se evolui e aprende? Chega de se esconder na sua concha! Só quem se consegue expôs e arriscar é que, eventualmente, consegue vencer. Parta à descoberta… viva!
In astral.sapo.pt