terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A tua voz de xanax



Hoje conto-vos 1 história de desencantar: ERA UMA VEZ há mais ou menos 35 anos. Ele não era feio e ela era linda, cheia de olhos grandes. Uma princesa! Casaram e, suponho, que terão sido esporadicamente felizes. Ele tratou-a mal, sempre. Bateu-lhe, humilhou-a, fê-la crer que era desprezível. Aos 50 anos ela decidiu que a vida era demasiado aproveitável para ser compartida com um sapo demagogo.

É a história de uma mulher heroína que teve o ímpeto de dizer basta ao carrasco com quem afogou os seus sonhos, ilusões e esperanças de que a vida é bela!
Infelizmente é uma história comum. Não me deveria surpreender porém a história desta princesa maltratada resulta-me muito mais heróica e pessoal porque é a história da minha tia.

O que me chateia nestas histórias de violência doméstica é que não são as típicas histórias com um final feliz. Nos casos de violência doméstica o anti-herói é sempre vencedor sempre, sempre, sempre e sem excepções. Ora, vejamos o caso desta princesa: desde que ela pediu o divórcio perdeu práticamente todo o património que tinha adquirido, em conjunto, durante os anos de casada. Por lutar pela casa com 3 assoalhadas, ele voltou várias vezes e sempre para a espancar. Não satisfeito e, conhecendo, a fobia a reptéis, generosamente, decorou-lhe a casa com cobras vivas -dessas castanhas e nojentas que vivem no campo- que quase a mataram de coração. Agora quando vai a tribunal responder pelos crimes que cometeu, comporta-se como um anjo.É um cobarde! E ela, mesmo sendo uma heroína, sentir-se-à sempre como uma perdedora. E conta-me, com voz arrastada e triste, que está bem e optimista e que só está a tomar uns calmantezinhos...

--FIM--

Pode ser diferente. Como cidadãos podemos tentar mudar estas historias de desencantar, sem pés, nem cabeça.

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