domingo, 30 de novembro de 2014

Feijoada brasileira num Irish Pub

Na Estauce Street, no coração do Temple Bar, há um típico irish pub que esconde um “segredo” no seu interior. Entramos e imediatamente apertamos os olhos na expectativas de que se acostumem à tipica penumbra que caracteriza os pub irlandeses. As paredes estão forradas com velhos flyers de bandas rock n´roll old school. Logo à entrada há um enorme dos Guns n´Roses, por debaixo de um espelho posto gentilmente para que as senhoras se possam admirar e repintar os lábios (digo eu que é com esse propósito). À esquerda está um palco e logo depois um balcão enorme com cadeiras de pele dispostas a toda à volta. Por detrás um barman, um jovem roqueiro com barbas à zztop. À altura da cabeça dele há uma corda onde estão pendurados uma centena de soutiens que as clientes gentilmente cedem para a decoração do espaço.

Aos fins-de-semana não se ouve rock neste típico irish pub, nem se tomam guiness e quase não se ouve falar inglês. As guitarradas são substituitas pelo forró, o duro inglês pelo doce sotaque do português do Brasil e as Guiness por um prato de feijoada com farófia com sabor a comida de mãe. Um dos segredos mais bem guardados de Dublin é, afinal, conhecido por todo o mundo, sobretudo pela comunidade brasileira. Ao fundo do pub há um cantinho dedicado a um buffet de feijoada brasileira. Custa 6 euros o prato servido pelo próprio consumidor ou 8 euros com direito a repetir até rebentar. A bebida não está incluída e pode ser pedida ao simpático barbudo de sotaque impenetrável, mas tudo aquilo a que os admiradores da feijoada brasileira têm direito está lá: feijão preto, feijão manteiga, carnes, arroz no ponto, farófia, legumes, salada e pão.

Segundo as minhas “investigações”, a pessoa responsável por este sucesso, um brasileiro radicado em Dublin, há alguns anos decidiu começar a cozinhar  a feijoada aos fins-de-semana no seu apartamento e a convidar os amigos e os amigos dos amigos. O preço era simbólico e a qualidade boa e rápidamente o passa a palavra começou a atrair mais amigos de amigos de amigos. Uma colega de trabalho brasileira a quem comentei o caso contou-me que ela chegou a ir a casa desse tal patricio, sem o conhecer de lado nenhum. Havia uma fila grande nas escadas do prédio onde ele vivia e a feijoada era comida no colo, nos sofás ou nas cadeiras da sala de estar entre molduras com fotos de família e almofadas decorativas. Depois a coisa foi crescendo até chegar ao The Mezz, no centro de Dublin.

Recomendo vivamente pela qualidade e porque é muito mais barato que a maioria dos restaurantes dublinenses, muitos com um menú bastante mais pobre.

Na mesma rua aos fins-de-semana há também um mercado de comidas do mundo e uma loja vintage que eu adoro e que tem os vestidos de festa mais incrivéis.

a feijoada

o palco ao fundo com música ao vivo

o balcão e os soutiens 



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