Na
Estauce Street, no coração do Temple Bar, há um típico irish pub que esconde um
“segredo” no seu interior. Entramos e imediatamente apertamos os olhos na
expectativas de que se acostumem à tipica penumbra que caracteriza os pub
irlandeses. As paredes estão forradas com velhos flyers de bandas rock n´roll
old school. Logo à entrada há um enorme dos Guns n´Roses, por debaixo de um
espelho posto gentilmente para que as senhoras se possam admirar e repintar os
lábios (digo eu que é com esse propósito). À esquerda está um palco e logo
depois um balcão enorme com cadeiras de pele dispostas a toda à volta. Por
detrás um barman, um jovem roqueiro com barbas à zztop. À altura da cabeça dele
há uma corda onde estão pendurados uma centena de soutiens que as clientes
gentilmente cedem para a decoração do espaço.
Aos
fins-de-semana não se ouve rock neste típico irish pub, nem se tomam guiness e
quase não se ouve falar inglês. As guitarradas são substituitas pelo forró, o
duro inglês pelo doce sotaque do português do Brasil e as Guiness por um prato
de feijoada com farófia com sabor a comida de mãe. Um dos segredos mais bem
guardados de Dublin é, afinal, conhecido por todo o mundo, sobretudo pela
comunidade brasileira. Ao fundo do pub há um cantinho dedicado a um buffet de
feijoada brasileira. Custa 6 euros o prato servido pelo próprio consumidor ou 8
euros com direito a repetir até rebentar. A bebida não está incluída e pode ser
pedida ao simpático barbudo de sotaque impenetrável, mas tudo aquilo a que os
admiradores da feijoada brasileira têm direito está lá: feijão preto, feijão
manteiga, carnes, arroz no ponto, farófia, legumes, salada e pão.
Segundo
as minhas “investigações”, a pessoa responsável por este sucesso, um brasileiro
radicado em Dublin, há alguns anos decidiu começar a cozinhar a feijoada aos fins-de-semana no seu
apartamento e a convidar os amigos e os amigos dos amigos. O preço era simbólico
e a qualidade boa e rápidamente o passa a palavra começou a atrair mais amigos
de amigos de amigos. Uma colega de trabalho brasileira a quem comentei o caso
contou-me que ela chegou a ir a casa desse tal patricio, sem o conhecer de lado
nenhum. Havia uma fila grande nas escadas do prédio onde ele vivia e a feijoada
era comida no colo, nos sofás ou nas cadeiras da sala de estar entre molduras
com fotos de família e almofadas decorativas. Depois a coisa foi crescendo até
chegar ao The Mezz, no centro de Dublin.
Recomendo
vivamente pela qualidade e porque é muito mais barato que a maioria dos
restaurantes dublinenses, muitos com um menú bastante mais pobre.
Na
mesma rua aos fins-de-semana há também um mercado de comidas do mundo e uma
loja vintage que eu adoro e que tem os vestidos de festa mais incrivéis.
a feijoada |
o palco ao fundo com música ao vivo |
o balcão e os soutiens |
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