terça-feira, 18 de novembro de 2014

Festa do cinema espanhol volta a Lisboa


Sou descaradamente uma entusiasta de Espanha. Embora seja de todo contra esse sonho esquiziofrénico chamado União Ibérica, acho fantástico cada passinho dado no sentido das duas culturas tão pluripintas, mas ao mesmo tempo tão gémeas entre si, se aproximarem. É tão bom quando Portugal e Espanha se deixam seduzir entre si sem preconceitos e sobranceirismo ou sentimos de inferioridade.

Foi há cinco anos quando assisti à primeira mostra de cinema espanhol, no Cinema São Jorge. Naquele ano “Ay Carmela” e “14 Kilómetros” ficaram gravados na minha retina, creio que para sempre.
Estava a pouco mais de dois meses de partir para Espanha e, nas horas vagas, dedicava-me a ser autodidata e a aprender espanhol por minha conta, com a preciosa ajuda do Sabina e do Fito. Vivia no Largo de São Carlos e partilhava casa com a Denise, a Sónia, a Lisa, o Mimi e um rato não convidado. A Bea tinha partido depois do DocLisboa dedicado aos nossos amados Balcãs. Quando perguntava aos meus amigos espanhóis referências cinematográficas de cinema espanhol todos me diziam que me deixasse disso, que o cinema espanhol era só mamas, cús e drogados, em suma, nada digno de memória.
Não foi exactamente o que senti naquela noite lisboeta de Outono quando me dirigi à minha casa no Chiado abalada pela perfomance da Carmen Maura e uma abordagem tão directa à Guerra Civil Espanhola. Nessa noite acenderam-se vários interruptores na minha alma que até hoje, felizmente, continuam acesos, tais como a minha paixão legionária pelo cinema espanhol.
Mais tarde, já em Madrid e com o cartão da biblioteca municipal, requisitei dezenas de filmes. Escolhia ao calhas e, como os espanhóis, não consomem cinema nacional, normalmente tinha todos os filmes disponivéis para mim. Alguns foram autênticas banhadas, outros fomentaram a minha fidelidade. Arrisquei-me fora de Espanha, experimentei o cinema hispânico e tropeçei no Ricardo Darín: “El secreto de tus ojos”, “El baile de la Victória”, “Kamchatka” e “El hijo de la novia”, este último aborda o Alzheimer e, por razões muito pessoais, fez-me chorar o tempo todo. Mas há tantas referências e tão bons actores. “Lunes al Sol”, com o Bardem e o Luis Tosar. “Los santos inocentes” e “Las verdes praderas”, com Alfredo Landa etc...

O cinema espanhol está de volta a Lisboa. Este ano não vou estar lá mas deixo-vos aqui o link do anúncio, porque o site ainda não está disponível. Vai decorrer entre os dias 5 e 9 de Dezembro, em Lisboa e no Porto, e este ano há muitos mais filmes que nos certames anteriores.
Felizmente, nesse fim-de-semana, vou receber em Dublín a visita dum amigo lisboeta, também ele entusiasta da cultura espanhola. Somos tão cromos que muitas vezes falamos em espanhol e, portanto não dúvido que faremos uma homenagem à nossa maneira a esse mundo que tanto nos apraz.



"3 bodas de más": vi este filme no festival do ano passado e posso afirmar que a história dessa muchacha podia muito bem ser a minha...muito resumidamente, ela tem muitos namorados, todas as relações acabam e ela vai-se tornando amiga e confidente de todos. Vai sendo convidada para ir aos casamentos deles e parece que a felicidade insiste em não lhe bater à porta, até que...



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