Sou
descaradamente uma entusiasta de Espanha. Embora seja de todo contra esse sonho
esquiziofrénico chamado União Ibérica, acho fantástico cada passinho dado no
sentido das duas culturas tão pluripintas, mas ao mesmo tempo tão gémeas entre
si, se aproximarem. É tão bom quando Portugal e Espanha se deixam seduzir entre
si sem preconceitos e sobranceirismo ou sentimos de inferioridade.
Foi
há cinco anos quando assisti à primeira mostra de cinema espanhol, no Cinema São
Jorge. Naquele ano “Ay Carmela” e “14 Kilómetros” ficaram gravados na minha
retina, creio que para sempre.
Estava
a pouco mais de dois meses de partir para Espanha e, nas horas vagas,
dedicava-me a ser autodidata e a aprender espanhol por minha conta, com a
preciosa ajuda do Sabina e do Fito. Vivia no Largo de São Carlos e partilhava
casa com a Denise, a Sónia, a Lisa, o Mimi e um rato não convidado. A Bea tinha partido depois
do DocLisboa dedicado aos nossos amados Balcãs. Quando perguntava aos meus
amigos espanhóis referências cinematográficas de cinema espanhol todos me
diziam que me deixasse disso, que o cinema espanhol era só mamas, cús e
drogados, em suma, nada digno de memória.
Não
foi exactamente o que senti naquela noite lisboeta de Outono quando me dirigi à
minha casa no Chiado abalada pela perfomance da Carmen Maura e uma abordagem tão
directa à Guerra Civil Espanhola. Nessa noite acenderam-se vários interruptores
na minha alma que até hoje, felizmente, continuam acesos, tais como a minha
paixão legionária pelo cinema espanhol.
Mais
tarde, já em Madrid e com o cartão da biblioteca municipal, requisitei dezenas
de filmes. Escolhia ao calhas e, como os espanhóis, não consomem cinema
nacional, normalmente tinha todos os filmes disponivéis para mim. Alguns foram
autênticas banhadas, outros fomentaram a minha fidelidade. Arrisquei-me fora de
Espanha, experimentei o cinema hispânico e tropeçei no Ricardo Darín: “El secreto de tus ojos”, “El baile de la Victória”, “Kamchatka” e “El hijo de la novia”, este
último aborda o Alzheimer e, por razões muito pessoais, fez-me chorar o tempo
todo. Mas há tantas referências e tão bons actores. “Lunes al Sol”, com o
Bardem e o Luis Tosar. “Los santos inocentes” e “Las verdes praderas”, com
Alfredo Landa etc...
O
cinema espanhol está de volta a Lisboa. Este ano não vou estar lá mas deixo-vos
aqui o link do anúncio, porque o site ainda não está disponível. Vai decorrer
entre os dias 5 e 9 de Dezembro, em Lisboa e no Porto, e este ano há muitos mais
filmes que nos certames anteriores.
Felizmente,
nesse fim-de-semana, vou receber em Dublín a visita dum amigo lisboeta, também
ele entusiasta da cultura espanhola. Somos tão cromos que muitas vezes falamos
em espanhol e, portanto não dúvido que faremos uma homenagem à nossa maneira a
esse mundo que tanto nos apraz.
"3 bodas de más": vi este filme no festival do ano passado e posso afirmar que a história dessa muchacha podia muito bem ser a minha...muito resumidamente, ela tem muitos namorados, todas as relações acabam e ela vai-se tornando amiga e confidente de todos. Vai sendo convidada para ir aos casamentos deles e parece que a felicidade insiste em não lhe bater à porta, até que...
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