Portela, 9 de Novembro de 2014 |
Hoje enquanto esperava na fila do check-in pude observar dois tipos de passageiros que iam subir ao mesmo avião que eu. Por um lado os irlandeses a quem se acabavam as férias, já àquela hora da manhã a cheirarem a alcóol, de calções curtos e chinelos (não todos). Por outro lado os portugueses que emigram. Embora a comunicação social insista que são os jovens recém-licenciados os que mais emigram, isso não é certo. Eu vi algumas pessoas com mais de quarenta anos na fila do check-in, com a já costumada mala de medidas exactas, com um ar pouco animado de quem não vai de férias.
De uma forma geral o discurso é o mesmo, independentemente da idade. E vai mais além do lírico queixume lusitano. Hoje dizia uma rapariga com uns 35 anos, emigrada na Escócia "A mim o que mais me custa é deixar este clima maravilhoso e ir para o meio daquele nevoeiro".
Quem me conhece e quem me lê sabe que sou emigrante por opção, que adoro a minha mochila e as minhas aventuras, mas cada vez mais me custa partir. Talvez por cansaço de andar para cá e para lá, talvez por tantas coisas, mas cada vez é mais complicado. Ao contrário do que alguns amigos me dizem quando me vêm mais desanimada "tu vais mas podes sempre voltar que aqui é a tua terra", a verdade é que não é bem assim. Quem está fora, sabe que a opção in extremis não é voltar. Voltar é para ficar pior. Mesmo que o trabalho que nos espera no estrangeiro esteja desenhado para mão-de-obra não-qualificada, sempre permite ter uma vida mais digna do que aquela que teríamos no nosso Portugal a exercer funções para as quais nos preparámos numa universidade. E os que somos solteiros vemos o panorama ainda mais negro porque não temos com quem partilhar nem as misérias, nem as contas.
Quanto mais viajo, mais reparo no potencial do país. E fico triste por saber que dificilmente voltarei à minha terra. Mesmo que o meu exílio não se faça nestas terras de nevoeiro (e não se fará com toda a certeza), creio que não estou destinada ou preparada para viver a minha vida nessa miséria consentida.
Então, por agora só nos resta viver reféns no estrangeiro. Portugal é o nosso inimigo, o nosso carrasco, liderado por um "cascais" que andou na faculdade até aos quarenta sem jamais ter trabalhado, esteve indiciado por crime de violência doméstica e passou por clínicas de desintoxicação...Visto de fora o quadro é desmotivante.
eu e a minha mãe estamos na parte branca :) |
1 comentário:
Não te preocupes em ser uma cidadã do mundo, em pensar se voltas ou não, se vais ficar aí, aqui, ou acolá. Simplesmente APROVEITA, VIVE, mais nada.
Até porque a nossa casa é onde o nosso chocolate quente está, de resto nada mais importa.
Enviar um comentário