Não
sei se vou encontrar o pote de moedas de ouro no fim do arco-iris, o qual a
Irlanda reclama ser a única detentora. Não sei se os deuses Celtas, os magos e
os duendes do bosque me vão proteger nesta minha nova empreitada. A única coisa
que sei é que preciso mesmo dum bocadinho de sorte para não voltar a ter a
tentação de perder o meu sorriso.
Escolhi
a Irlanda porque desde a distância já me pareciam ser uma gente muito nobre,
com uma herança cultural ímpar e com uma forte Identidade. Senão, vejam como é
que um país consegue ser uma república e ter uma lingua própria, depois de
séculos e paredes meias com o poderoso Reino Unido. Essa preserverança que eles
tiveram para lutar contra o gigante britânico sempre me fez admirá-los. É
preciso ter um grande par de tomates...
Além
disso, os irlandeses (a par com os polácos) eram conhecidos como os “negros” da
Europa, i.e, nas vagas de emigração para os EUA, eram contratados para os
piores e mais mal pagos trabalhos. Eram recorrentemente escravizados à maneira moderna.
Depois,
como é que é possível resistir a estas pessoas com o cabelos mais cor-de-laranja
que as laranjas de Valência e os narizes todos pintalgados de sardas? Mesmo
tratando-se de senhoras de 80 anos, não posso deixar de sentir carinho por
elas, porque me recordam ou a Pipi das Meias Altas ou o Tom Sawyer.
À
parte questões de ordem intelectual e do imaginário romântico, a Irlanda,
apesar de ser um dos países que fez parte da ultima tournée do circo europeu
chamada Troika, está em
crescimento. As grandes empresas já estão sediadas aqui e
muitas outras estão a chegar: Inditex, Microsoft, Apple etc...Tudo porque o
governo tem uma política fiscal liberal(desleal) e as grandes empresas que vêm
para cá têm uma taxa de impostos muito vantajosa. Também, os salários em
trabalhos remunerados, são muito atractivos e, por ultimo, a Irlanda não sofreu
um boom imobiliário tão forte como os países do Sul, portanto os preços de
aluguer dos apartamentos, são preços justos e adaptados à realidade do país.
Estes
são os três principais motivos que me fizeram escolher a Irlanda e não outro
país qualquer. Foi uma ideia madurada durante muitos meses, uma decisão
ponderada, uma aventura medida.
Cheguei
à 4 dias e já meio mundo tem o meu CV. Ainda não tive qualquer feed-back mas,
como sempre, vejo o copo meio cheio. Tenho a certeza que algo bom vai acontecer
e, se tudo correr dentro do previsto, a Irlanda há-de ser a minha casa nos
próximos anos porque me parece um sítio que me pode dar os pózinhos de
perelimpim que eu preciso para pôr em prática um série de projectos pessoais. E
o que é da vida sem sonhos e projectos?
Em
troca, a Irlanda pode estar segura que acaba de chegar a pessoa mais curiosa de
todas, capaz de convencer o mundo inteiro que este é o sítio mais incrivel do
mundo, que dentro de alguns meses já vou espontâneamente dizer com sotaque
daqui “é que NÓS os irlandeses...”.
Como
dizia o melhor português que Portugal já pariu “a minha casa é onde eu deixo o
meu chapéu...”
E
se os deuses Celtas que me quiserem dar um empurrãozinho eu também vou gostar
muito....
1 comentário:
Mulher, como é possível eu não sabia que tinhas ido para a Irlanda.....
Devo andar mesmo bazaroca que não fazia a mínima, se não tivesse vindo ler o teu blog ficava na ignorância.
Espero que esteja a correr tudo bem
Vai pondo posts para sabermos de ti
beijos
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