Detalhe de portas em Galway |
Cartão
de visita da Dublin, as portas coloridas não são um exclusivo da capital
irlandesa. Também noutras cidades, vilas e aldeias, as portas dos irlandeses são
coloridas e, geralmente, de madeira, de estilo georgiano.
Existem
várias motivos e lendas urbanas que justificam esse facto. Eu andei a
investigar na internet e, embora tenha encontrado algumas justificações
bastante plausíveis, decidi quebrar o gelo e perguntar directamente a quem
melhor me saberia responder: os irlandeses.
Infelizmente,
a resposta não foi tão romântica como eu esperava. Primeiro pareciam estranhar
o facto da Irlanda, sobretudo Dublin, ser conhecida pelas portas coloridas. Depois
disseram-me que não era por motivo nenhum em especial. A escolha da
cor das portas tinha a ver com o gosto pessoal do dono da casa.
Não
satisfeita, continuei à procura de mais explicações e, consegui que as memórias
ou conhecimento, fossem rebuscar informações mais elaboradas. Soube que as
portas são coloridas porque as pessoas as pintavam segundo o Condado
(distrito) do qual eram provenientes. Por exemplo, portas verdes para as
pessoas de Cork. Assim, a tradição foi-se mantendo até aos nossos dias. Embora,
a maioria da gente desconheça esse motivo, há uma espécie de lei municipal que
impede os donos das casas de mudarem a cor das portas.
Mas, será
só esse o motivo?
Um amor muito real
Bom,
vou então repetir as lendas urbanas que vi repetidas em enúmeras páginas da
internet. Parecem-me bastante mais interessante e, segundo as minhas pesquisas,
são essas lendas e teorias misturadas com factos históricos mas sem fundamento cientifico,
que são apresentadas aos turistas nas visitas guiadas em Dublin.
Diz-se,
pois, que a apaixonada Rainha Victória ficou devastada com a morte do seu
Principe Albert, em 1861. Até aqui tudo coincide com a História. Aliás, o amor
da Rainha Victoria pelo seu primo e marido Alberto é bem conhecida e costuma
fazer parte dos livros que relatam as mais belas histórias de amor. O imponente
Albert Memorial, em Londres deixa patente a devoção que a essa mulher tinha por
esse hmem. E foi essa devoção e amor que a internaram num luto tão profundo que
a afastou da vida pública e fez com que na época a monarquia perde-se
bastante popularidade e os republicanos ganhassem terreno.
Voltando
às portas irlandesas, na época da morte do Rei Alberto, a Irlanda estava
anexada ao Reino Unido. Ora, isso era algo que desagradava muito aos
irlandeses. Assim, quando a Rainha Victoria mandou que todas as portas fossem
pintadas de negro como sinal de luto e respeito pela morte do seu amado, os
irlandeses como protesto, fizeram exactamente o contrário e pintaram as portas
o mais colorido que lhes foi possível para a época (reparem que então ainda não
existia o rosa fuschia, o verde petróleo nem o azul klein).
Na minha cama com ela
Mas
a minha teoria preferida tem a ver com esse costume tão irlandês de beber até
cair para lado.
Parece
que muitos vizinhos, ao regressarem bêbedos, não conseguiam distinguir qual a
sua casa e, por isso, repetidas vezes, se metiam na casa do vizinho. Conta a
lenda que essa confusão de portas iguais e mulher-do-vizinho-
com-direito-a-bastardos acabou numa recambolesca noite em que um irlandês,
ao chegar a casa bêbedo, encontrou a mulher na cama com outro e os matou ali
mesmo. O sanguináreo crime foi fruto da confusão das portas monocolor, porque
em realidade, a mulher do bêbado –e agora- assassino dormia plácidamente numa
casa ao lado, servida por uma porta normal e corrente, igualzinha à dos
vizinhos assassinados.
Assim,
as mulheres irlandesas, acostumadas ao assédio dos vizinhos que lhes irrompiam
em casa a meio da noite e assustadas com esse terrível facto, decidiram pintar
as portas de cores diferentes, para que os seus maridos bêbedos não se
confundissem na hora de entrar em casa e não se pusessem para ali a esquartejar
gente.
Como
sempre as mulheres são a pedra e a cal das grandes decisões que se tomam neste
mundo. Agora, a minha pergunta imediata ao ler esta última teoria lendária que
justifica a palete de cores das portas irlandesas, foi “ Mães de Bragança,
porque é que vocês não pensaram numa coisa assim, em vez de irem chorar a
dignidade dos vossos pacatos maridos para as páginas da Time?”
Capa da Time, Outubro de 2003 |
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