Situada
a Noroeste da ilha, Galway é uma cidade jovem e estudantil devido às duas
universidades aí instaladas, que atraem jovens de todas as partes do mundos
(cheguei num Sábado cedinho e pude comprovar que efectivamente é assim).
Não
tenho demasiados dados históricos sobre a cidade e, de pouco adianta fazer um
copy/paste da wikipédia porque vocês também podem fazer a façanha, no entanto
posso adiantar que é uma cidade que tem cerca de 70.000 habitantes, a maioria
jovens e é a quarta maior cidade da Irlanda. Foi em tempos um grande porto
comercial que manteve estreitas relações com Espanha, devido sobretudo à
familia Lynch. Para a maioria dos irlandeses com quem tenho falado, Galway é
uma das cidades mais lindas e que todos ABSOLUTELY me recomendam.
Caçadores de Salmão
Pareceu-me
uma cidade viva, com uma energia particular e com uma beleza natural impossível
de ignorar. Por isso, decidi escrever-vos sobre ela, sem fazer menção
pormenorizada a dados históricos.
Ao
longo das margens do rio Corrib, que atravessa a cidade dando-lhe um ar fresco
e clean, há vários pescadores a
capturarem salmão. Segundo pude entender através de uma breve conversa que
mantive com um deles, para poder pescar é necessário pagar um preço diário que
ronda os 90Euros. Contudo, o mais curioso é que é possivel encontrar estes
pescadores não só nas margens, mas também no próprio rio. Aliás, segundo eles,
esta é a forma mais eficiente de conseguir pescar o salmão.
Para
que vocês possam compreender o “amor profundo” que os irlandeses sentem pela
coroa britânica,em frente ao sítio exacto onde eu parei a falar com o pescador,
o rio tem uma forma geofísica curiosa à qual os locais chamam “Queen´s Ass”, ou
seja, “O cú da Rainha”. Assim, depreendo que frequentemente uma mãe irlandesa
de um pescador que pergunte ao seu filho onde é que ele vai com a cana, pode
obter como resposta “Vou com a cana ao cú da Rainha”.
pescadores de salmão no rio Corrib |
Spanish Arch
Aí,
aí, aí que estes espanholitos estão por t-o-d-a a parte.
Por
todas as ruas desta pequena e bonita cidade se ouvem magotes de espanhóis a
falarem alegremente (e ruidosamente) entre si, como é seu apanágio. Aliás, na
Primark local acompanhei a acessa discussão dum grupo de jovens espanhóis que
iam dum lado para o outro, a falar alto e bom som entre eles - como se fossem
os únicos hispanohablantes do
mundo- e que estavam indecisos entre
roubar ou não roubar uma camisa que um deles gostava. Toda a gente ouviu a
discussão. Só não entendeu quem não podia mesmo entender.
Mas
parece que esta já é uma tradição antiga, que vem desde o tempo do nosso “dear”
Filipe I (Felipe II para os espanhóis). Os negócios entre os espanhóis e os
locais começaram por volta do século XVI. O
Spanish Arch, junto à Spanish Parade, era o sítio exacto onde os navios
espanhóis atracavam quando chegavam à cidade para efectuar trocas comerciais.
Traziam sobretudo vinhos entre outras mercadorias.
Hoje
em dia o Spanish Arch é um local de encontro, junto ao movimentado bairro
latino e ao museu da cidade. Quando eu passei por lá era um local de reencontro
de concretamente uns dez bêbados irlandeses.
Musicos callejeros e a Baia de Galway
Para
mim os dois pontos fortes desta pequena mas maravilhosa cidade são:
os músicos de rua, que estão em cada esquina e oferecem espéctaculos
improvisados de qualidade impressionante. Aliás, segundo pude averiguar, as
ruas são o melhor centro de casting do país. É muito comum os típicos Irish
Pubs recrutarem os musicos residentes depois de os ouvirem por aí em actuações
improvisadas.
E,
claro, a enorme Baía de Galway,
rodeada de montanhas e dumas pequenas ilhas que agora no Verão são um forte
atractivo turístico do pais. Ao longo das praias que compõem a Baía, há uma praia só
para crianças. Não entendi muito bem qual é a dinâmica porque o guia tinha um
forte sotaque, mas promento averiguar a próxima vez que voltar à cidade.
Quando
estive havia bastante buliço no Bairro Latino, um bairro cheio de bares e com
esplanadas montadas debaixo de alpendres de madeira, típicos da paisagem irish,
assim como um mercadinho de artesanato, que está lá todas as semanas.
Baía de Galway ao fim da tarde, com a maré vazia |
"We
are all in the gutter...but some of us are looking at the stars." O. Wilde
“Estamos todos na sarjeta...mas alguns
olhamos as estrelas”, do polémico e
fascinante escritor irlandês dublinense Oscar Wilde. Outro ponto forte da
cidade é a estátua de Wilde com o estónio Eduard Vilde. Embora sejam contemporâneos,
nunca se conheceram pessoalmente. A estátua representa um encontro imaginário
com conversas que ficam à consideração de quem por ali passa. Em 2004 a Irlanda presidia a UE quando a Estónia se incorporou como
membro da comunidade. A estátua é o obséquio que os estónios ofereceram aos,
então, anfitriões.
Também,
bem no centro da cidade, encontra-se o parque Eire Square/Keneddy Park,
com três ou quatro atrações, nomeadamente a estátua de Padraic O´Conaire, um
escritor local e excelente contador de história de encantar, que morreu em
Dublin em 1928.
A
Eire Square é, também denominada Keneddy´s Park, porque quando o malogrado
presidente dos EUA visitou o país, proferiu nessa mesma praça um inflamado
discurso que fazia menção de honra aos seus antepassados irlandeses. Aliás,
basta olhar para as fotos do sr. Keneddy e perceber, através daquele faustoso
cabelo ruivo, que ali havia genes celtas.
Fica, pois, por escrever na rúbrica Da Irlanda para o mundo algo sobre Oscar Wilde e John F. Keneddy.
Por
agora, espero que tenham desfrutado do altamente recomendado passeio a Galway.
Irish breakfast |
Eu e um desconhecido junto à estátua de Wilde/Vilde |
detalhe rockeiro na parede dum bar local |
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