Desci pela Avenida Samora Marchel e na Avenida 25 de Setembro virei à direita. Queria comprar algumas capulanas portanto entrei na famosa Casa do Elefante. Infelizmente achei tudo demasiado caro (>160 meticais). Vi tecidos lindos mas fica para outra ocasião. A conselho de uma amiga que me acompanhava subi pela agitada Avenida da Guerra Popular. Após muito lutar para passar entre a multidão que se acumula nas ruas e que olham, tocam, tentam vender, entrei em várias lojas de venda de capulanas. Comprei duas muito bonitas e coloridas que custaram no total 140 Meticais. Adoro lojas de capulanas. Que cor, que vida!
Depois fui até à imponente e romântica estação de comboios, construída em aço e madeira. Os planos iniciais do actual edifício datam de 1904 desenhados pelo arquitecto Mário Veiga e pelo empreiteiro italiano Maroni. Em 1908 iniciou-se a construção e, por fim, a 19 de Março de 1910 foi inaugurada no entanto, já em 1895 exisita uma estaçao contruída com zinco e madeira. Pouco restou da agitada e cosmopolita estação de comboios de outrota. Não há vivalma nas plataformas e, as carruagens estacionadas, são velhas. Existe um horário mas, ao não existirem passajeiros, não me parece que passem demasiados comboios. A estação é, portanto, um Museu onde é possível dar uma volta, tirar umas fotos a 2 antigas locomotivas e aos cerca de 10 segurança que estão sentados nos bancos a olhar para a solidão dos carris.
Mesmo em frente à estação dos comboios, na Praça da Vitória há uma estátua gigante que presta homenagem aos combatentes africanos e europeus da Grande Guerra porém, como é sabido a cultura moçambicana está profundamente marcada por tradições ancestrais e pelas religiões animistas. Assim, o que parece ser uma estátua de homenagem a heróis de guerra para os moçambicanos transforma-se numa lenda, num mito. Ora, dizem por aí que no local onde está erguida a estátua em tempos houve uma árvore onde vivia uma cobra muito má que costumava comer os meninos e as mulheres que iam à fonte buscar água. Um dia, uma das mulheres mais velhas, fartou-se da situação e decidiu cozinhar uma papa muito forte dentro de um caldeirão. Quando a papa ainda estava muito quente a mulher pôs uma capulana na cabeça e em cima equilibrou o caldeirão. Ao passar por debaixo da árvore, a temível cobra que já ia lançada para picar na mulher, teve uma desagrádavel surpresa ao encontrar-se com o preparado a ferver e morreu abrasada. Por isso, a estátua que está no centro da praça está acompanhada por uma cobra.
E destes passeios se faz o meu dia a dia em Maputo e destas estórias se faz a História de Moçambique.