Maputo visto do ar |
Depois de uma larga viagem, com escala em Doha, onde fomos muito bem tratados pela companhia Qatarairlines, por fim chegámos a Moçambique, dia 12-12-12 às 12h e algo da manhã. O primeiro choque cultural sucedeu no aeroporto: um segurança "tá-se bem" que nos disse "oi, tudo bem?" mas que não nos disse qual a fila que deveríamos ocupar. Depois de mudar para aqui e para ali tivémos de preencher um papel com os nossas dados, onde, entre outras coisas, nos perguntavam o motivo da nossa estadia e a morada do sítio onde íamos ficar instalados. A funcionária do Serviço de Fronteiras era um amor. Falou conosco e riu-se de coisas, tudo na boa, sem parecer minimamente stressada com o tamanho da fila atrás de nós. Quando recolhemos a bagagem tivemos de passar por um control Raio-X que se avariou e as pessoas que ocupavam a longa fila passaram todas para cá e para lá e foi a loucura. Os funcionários levaram tudo "na boa" mas eu, sinceramente, fiquei um bocado desesperada com tanta anarquia!
Enfim, cumprimentámos os amigos que tínhamos à nossa espera e entrámos na pick-up conduzida pelo lado direito (os primeiros carros a serem comercializados em Moçambique foram trazidos pela comunidade britânica por isso, agora, conduz-se pelo lado direito). O trânsito é caótico e desorganizado e assim que saímos do aeroporto entrámos por uma avenida larga e comprida cheia de casas pobres pintadas com cores muito garridas. Algumas por auto-recreação, outras suponho que serão patrocinadas pelas marcas que promovem. Muita gente na rua com um aspecto bastante pobre. As mulheres vestidas com cores alegres e a transportarem os filhos às costas, os homens para cá e para lá num frenesim contínuo. Por todos os lados há venda ambulante: roupa em 2ª mão, acessórios para os carros, óculos de sol, fruta, batatas, bolsinhas de acajú e por aí fora. Fomos ao Mercado do Peixe comprar o nosso almoço. Todos os vendedores nos tentaram impigir o seu produto mas quando diziamos que não estavamos interessados eles deixavam-nos em paz.
Mercado do Peixe |
Mercado do Peixe |
Mercado do Peixe |
Como já disse as ruas são caóticas. O asfalto mistura-se com a areia cor-de-laranja tão característica dos postais africanos. Os passeios estão destruídos e é impossível caminhar sem encontrar obstáculos. O lixo está por todas as partes, mesmo nos bairros ricos e as pessoas convivem normalmente com esse facto.
Ao fim da tarde fomos dar um passeio pela vizinhança. Entrámos pelo "Parque dos Namorados"e caminhámos junto ao mar. Podemos apreciar um pouco da imensidão da Baía de Maputo e adorámos. Estava calor. O tipo de calor que aí costuma estar nos dias de Verão em que sabemos que vai trovejar. Depois contínuamos sei lá por onde, encontrámos um mercado de artesanato com coisas maravilhosas e, por fim, perdemo-nos. Andámos talvez 1 hora às voltas. Já era de noite quando, por fim, encontrámos a nossa casa. Há muita gente nas ruas e a maioria dos edíficios publicos e privados, bares e cafés, têm um segurança à porta. Parece-me que isso é um indicador de insegurança e vandalismo. Assim, pelo menos ao princípio, evitaremos passeios nocturnos.
Vista do Parque dos Namorados para a Baía de Maputo |
Mercado de Artesanato |
A nossa casa temporal é mesmo ao lado da Embaixada de Portugal e do Instituto Camões. Há muitos portugueses e grande parte dos produtos são portugueses. Nesse sentido acho que não vou ter problemas de adaptação mas...quem me conhece sabe que eu gosto mesmo é de me misturar com a gente portanto, troco todos os sumos Compal e as Água das Pedras por uma manga moçambicana ou por peixe fresquinho comprado no mercado.
Ainda não me apaixonei perdidamente por Maputo. Estou perdida com a informação que recebo através da observação mas sinto-me a pessoa mais feliz do mundo. É importante lutarmos pelos nossos sonhos e ouvir sempre a voz chata e pretensiosa que cada um de nós leva dentro. Essa voz que nos alerta para as a existência das coisas que nos preenchem (apesar de eu achar cada vez mais que é impossível sentir-se 100% preenchido).
Fim do 1º capítulo. Até breve.
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