quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Serviços de Migrações = Odisseia Homérica: Parte I


A odisseia para conseguir visto de entrada em Moçambique começou há vários meses. Depois de muito esperar por uma carta de convite que vinha e voltava a vir com erros incompreensivéis de redação finalmente conseguimos reunir toda a documentação (Certificado de Registo Criminal assinado pelo Ministério de Justicia e Ministério de Asuntos Exteriores e bilhetes de avião) e fomos à Embaixada de Moçambique em Espanha. Pagámos uns incompreensíveis 80€, esperámos 12 dias e, por fim, devolveram-nos os nossos passaportes com um visto de entrada.

O visto estabele um prazo de 30 dias para começarmos a tratar do DIRE ( Documento de Identificação do Residente Estrangeiro). Assim, ao 5º dia dirigimo-nos às instalações dos Serviços de Migrações (SM). Por ser Segunda-feira estava à pinha e decidimos voltar noutro dia. Como somos Missionários Leigos aproveitamos para pedir uma papelada necessária à Arquidiocese de Maputo. Burocracia para cá, burocracia para lá, uma série de fotocópias e uns quantos meticais e hoje voltámos aos SM. Aparentemente os formulários estão bem preenchidos, só faltam mais umas fotocópias e pasmem-se, uma fortuna que temos de pagar!! No total os dois vamos pagar quase 1500€. Como eu sou CPLP pago menos cerca de 5000 Meticais. E quando dinheiro e papéis estiverem entregues vamos passar largos meses à espera que nos estreguem o nosso cartão de residentes para 1 ano. Dentro de 1 ano começa novamente a papelada e teremos de voltar a pagar o mesmo ou mais dinheiro. Há casos em que os cooperantes são sujeitos a toda esta confusão e quando se vão embora do país nem sequer chegaram a receber o cartão de residente...

Como podem imaginar hoje não estou de muito bom humor. Posso até compreender a burocracia e as filas mas não posso jamais compreender a quantidade de dinheiro que nos pedem para a nossa legalização. É um assalto à mão armada com a conivência do Estado.
Fico particularmente chocada pelo facto de sermos cooperantes. Deixamos os nossos países, família e amigos e partimos. Somos confrontados com o desconforto do desconhecido com o único  intuito de ajudar Moçambique a ser um país mais desenvolvido e próspero. Educamos crianças  e proporcionamos cuidados de saúde à população abandonada pelo sistema. Construímos poços para que possam beber água salúbre e movemos consciências na Europa para que sejam feitas donações para podermos continuar a fazer o nosso trabalho em prole da sociedade moçambicana. Muitos de nós, apesar de termos comida, cama e roupa lavada, recebemos salários locais ( ou nem isso) que não chegam, afinal, para pagar os valores do visto de residência.

To Be continued....

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