quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Crónicas do Porto II: Galeria de Paris, Livraria Lello & Irmão, Jardins do Palácio de Cristal e outras tretas...

Tal como Almeida Garrett, cidadão portuense, poderia começar esta crónica com a célebre frase das Viagens na Minha Terra Abalam-me as instâncias de um amigo porque foi um simpático conhecido que me sugeriu que visitasse a cafeteria Galeria Paris, na Rua Galeria de Paris, perto dos Clérigos e da livraria Lello & Irmão.

O verdadeiro conceito vintage espontâneo de bom gosto está revisitado neste discreto espaço. Desde fora apenas desconfiei que era a cafeteira que procurava pelas sumptuosas janelas e portas de madeira. À parte isso só a pequena chapa de metal à entrada e algum ou outro cliente que se deixa ver através da penumbra da janela me fez atrever-me a entrar.

De entrada fui recebida por uma simpática jovem italiana que se esmera por falar bom português e com sotaque do Norte, que merece o prémio Nobel da simpatia, sorriso bonito e amabilidade. Depois, além de desfrutar de um magnífico pequeno-almoço pela módica quantia de 1,80€ com direito a bolo de chocolate caseiro que, aliás,  perfuma o ar da cafetaria tive permanentemente a sensação de dejá-vu já que a decoração é feita com objectos antigos: brinquedos, balanças, placas de informação, máquinas registadoras muito antigas etc...
Como era Sábado dei um saltinho à rua de baixo, a Cândido Reis e passeei na feira de artesanato e artigos de 2ª mão.

Salão da Cafetaria Galeria Paris

Detalhe da Galeria Paris

Pequeno-Almoço Galeria Paris 1,80€


Livraria Lello & Irmão

Segundo o meu amigo André, a Livraria Lello & Irmão é a mais antiga do Porto quizás de Portugal. Nos últimos anos tornou-se internacionalmente conhecida por ter sido palco de gravações da saga Harry Potter (para quem não sabe J.K.Rowling viveu no Porto e escreveu as primeiras páginas de Harry Potter sentada numa cafeteira da cidade).
É considerada a 3ª livraria mais bonita do Mundo mas poderia perfeitamente ser a livraria mais bonita de todas. As paredes estão cobertas de prateleiras de madeira maciça. Na parte superior há livros antigos cobertos de pó e na parte inferior livros modernos. No andar de cima há um discreta cafetaria onde vi um romântico senhor de chapéu de feltro a tomar um vinho do Porto, porém o ex-libris da livraria é a escadaria central. Nunca tinha visto nada assim! Para que fosse ainda mais inesquecível comprei "O conto do vigário", de Pessoa (e como não?!).

Tenho apenas a apontar negativamente o comportamento aberrante do senhor que estava na caixa. Um homem com cerca de 60 anos que cheirava muito a álcool e que, além de trabalhar na livraria, se dedica a fazer figuras tristes em frente aos clientes. Toma a confiança de dizer baboseiras de teor sexual a gente que não conhece de lado nenhum. A mim, por exemplo, quando elogiei o excelente trabalho e atenção de um jovem funcionário da livraria começou com insinuações despropositadas sobretudo, tendo em conta que sou cliente e que nunca me tinha visto mais gorda!!! Uma livraria tão bonita merece outro cartão de visita.

Interior Livraria Lello & Irmão

                                                                        Fonte: Google.pt


Jardins do Palácio de Cristal

Ai...suspiro...Já tinha estado nos jardins o Palácio de Cristal e já sabia que são uma das 7 maravilhas do mundo. O El Retiro bem pode ter inveja destes jardins tripeiros. E o mais impressionante é que quando pensava que não pode haver maior beleza, mais frescura, tanto romantismo percebo que, afinal, há mais jardim mesmo ali ao fundo na esquina. E sigo pisando o manto de folhas- crrrá, crrrrá, crrrá- e eis que ainda há muito mais por ver. Ao lado esquerdo o rio Douro e ao fundo a Foz. Pelo meio esse velho casario que se estende até ao mar. E, ainda mais na próxima esquina, o Museu do Romantismo que nem precisava de ter um Museu entre 4 paredes porque o jardim que o rodeia já é o elogio ao Amor: pelas vistas, pelas flores de cores quentes e pelos casalinhos de apaixonados que embelezam a paisagem.



Para comer, recomendo, como não poderia deixar de ser, Francesinhas. Dizem que as melhores são as do Restaurante Afonso, na Rua da Torrinha. A preguiça de andar e a chuva lá fora "obrigaram-me" a comer na Via Catarina. Estava boa a Francesinha mas como seria de esperar fiquei com o estômago rebentado. No outro dia apetecia-me mesmo, mesmo, mesmo um peixinho fresquinho. Assim, em Gaia, um simpático rapaz sugeriu-nos o S.Gonçalo mesmo em frente ao rio. Estava tudo muito bom e os preços também. De qualquer forma se procurarem bem, no meio do bairros há boas ofertas de menú. Atenção aos buffets. Normalmente não compensam muito menos num país onde se come muuuito bem!

Montra de bolos na Rua dos Clérigos

Padaria no Mercado do Bolhão

Mista de Peixe no S.Gonçalo

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