terça-feira, 18 de maio de 2010

Viagem a Lisboa


pormenor de uma rua da Baixa-Chiado

Até fazer a última viagem a Portugal eu achava que os milagres eram coisa de beatas, cubanos e subconscientes tendenciosos. Agora estou convencida que se operou um milagre na minha vida. Talvez, também eu, esteja a ser tendenciosa mas não duvidem que vos escrevo em plena posse das minhas faculdades mentais.

Estava triste, cinzenta, aborrecida, sem ânimo, sem vida, sem caminho e sem luz e eis que uma viagem ao El Dorado da Melancolia* mudou tudo...

Tinha saudades de me encontrar num tesouro ao ar livre, de um país cheio de gente com alma e exaustão emocional.Foi mesmo bom rever tudo e todos. Abraçar os meus sobrinhos e dar-lhes doces às escondidas, pedir-lhes segredo e ele irem imediatamente e cheios de auto-confiança, a correrem com a boca aberta "oh vóóóóó a teté deu-me uma cobla encanada"!!!

Estar sentada à mesa com a minha família e comer comida com sabor da comida da mãe e, ainda, desfrutar de discussões políticas, futebolísticas, sociais com verdadeiros experts da filosofia "se eu mandasse..." mantidas num tom de voz elevado, acesso porém mais doce e respeitador que a algazarra espanhola.

Perder-me em conversas super interessantes com alguns dos meus amigos interessantes, de sempre e, espero, para sempre. Daqueles amigos com quem se pode partilhar sem termos receio de sermos rotulados...com quem se pode discutir e sentirmos, que independentemente da orientação social/ideológica de cada um, somos aceites e falamos a mesma língua: a da amizade-porque-sim. (um dia, com mais tempo, movida por algum ímpeto emocional, falar-vos-ei do meu amigo António que me via como uma pseudo-revolucionária de esquerda e a quem eu via como um conservador de direita...só nos víamos assim mas,felizmente, somos muito mais ).


Electrico 28

Passear pelas ruas pequeninas e velhinhas. Subir às 7 colinas e sentir que subi ao paraíso. Comer pastéis de nata com canela às carradas sem ter medo de morrer de colesterol. E pela noite escalar ao bairro mais alto que os sonhos e perder-me pelas "avenidas" de 4 metros de largura, empurrar este e aquele, para poder chegar ao destino que não é nenhum porque este bairro é assim...sem destino "vou deixar a rua me levar, ver a cidade se acender,a lua vai banhar esse lugar e eu vou lembrar você". Ficar deslumbrada com a quantidade de charme masculino que se produz na Lusofonia e, por fim, rumar a casa, exausta mas feliz, cansada mas com vontade de ver o Sol nascer e reflectir-se nas águas do namorado de Lisboa: o Rio Tejo.

Bom, agora que vos contei tudo isto posso admitir que talvez não tenha sido um milagre,porque afinal de contas eu não acredito mesmo nessas coisas, estava só armada em diferente. Parece-me talvez que estivesse a padecer do mal necessário chamado SAUDADE.

E agora que saciei a minha SAUDADE, a minha ânsia de estar naquele que considero o país mais interessante da Europa, sinto que já estou melhor, Obrigada.


*acabei de criar esta expressão. os direitos de autor são meus!!!

Eléctrico 28

2 comentários:

Anónimo disse...

Ya estás mejor, y hasta está escrito en las calles.

Me alegro.

Besos.

D.

António V. Dias disse...

Os Milagres acontecem quando menos esperamos... um contacto com uma pessoa ou um local, sem querer, pode mudar a nossa perspectiva da vida.
Ainda em que as coisas mudaram. Fico feliz por ti ;)