No outro dia uma pessoa bastante mais velha
perguntou-me se eu queria ser mãe. Eu respondi-lhe que sim, que tenho muita
vontade de o ser. Disse-lhe também que acho que a minha idade é ideal para se
ter um filho, mas que no meu caso ainda não tenha acontecido porque não encontrei
uma pessoa com quem partilhar esse desejo/projecto. Então, ela disse-me
taxativamente que a culpa disso era minha porque ando sempre a mudar de destino
final. Eu concordei em parte, mas acrescentei alguns pontos de vista.
É certo que o facto de ter mudado de país
cinco vezes nos ultimos seis anos, não abona a favor do meu desejo de ser mãe,
mas será que ficando estática no mesmo sítio, eu iria conseguir “pescar” um
fazedor de filhos? Aliás, só há cerca de dois ou três anos é que comecei a
pensar nesse assunto mais a sério e comecei a ouvir o meu corpo e a minha
mente. Até então vivia plácidamente e até dúvidava do meu instinto maternal.
Estabilizando a minha vida num só sítio com
esse propósito só vai provocar que eu encontre um “gajo” que me faça um filho,
que provavelmente “viva lá em casa” e que divida as contas da electricidade
comigo. Só isso.E não é isso que eu quero. Prefiro ter uma produção
independente e dividir as contas da electricidade com amigos. Também me tem
ocorrido que secalhar hà vidas que não são para ser vividas por mim e que
talvez o meu destino não passe por encontrar alguém ou ser mãe. Infelizmente
essa é uma realidade que pondero cada vez mais contra toda a minha pena se isso
for realmente assim.
Depois também penso que ficando parada, as
probabilidades de encontrar uma pessoa parada são muito altas. Poderei ser
feliz ao lado duma pessoa que nunca saiu da sua zona de conforto? E se sei que
não posso ser feliz com essa pessoa, para quê ter um filho com ela?
De amores e paixões tenho mil e uma
histórias. A questão não vai por ai. Se ainda não lançei a minha âncora em
terra firme é porque ainda não encontrei ninguém capaz de me ajudar a lançá-la
e uma âncora tem um certo peso que eu sózinha não aguento. Tropeçei em muita
gente mas só isso. Tive muita companhia, mas companheiros...são mais raros que
um trevo de quatro folhas. Quem os tem que os estime.
1 comentário:
E eu achava que raras eram mulheres descomplicadas
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