sexta-feira, 1 de maio de 2009

Passeio à Grécia










O coração bateu mais depressa quando a minha amiga Sara, com uma excitação infantil e contagiosa, me bateu no ombro energicamente e me disse “Está ali, Está ali. Eu vi!”Fiquei desesperada porque tive de esperar pela próxima abertura entre os prédios para poder contemplar a beleza, a magia e a imponência da Acrópole de Atenas.
Já depois de me ter deitado a pele continuava arrepiada e eu sentia um estado de felicidade incontrolável, que me transcendia. É inexplicável a sensação de estarmos num sítio que só vimos em imagens de Enciclopédia, filmes e Canal História. Normalmente colocamos este tipo de destinos no pacote mental dos “um dia hei-de ir lá..um dia” não porque seja caro, não porque não tenhamos vontade mas porque são locais tão apetecíveis que nos parecem um sonho e apenas isso.
Bom, voltando atrás na história da minha decisão de ir a Atenas, foi assim que aconteceu:
estava no sofá da minha casa, em Skopje, com os queridos nuestros hermanos Guillermo, Laura e Sara. A Sara queria viajar para Montenegro e Albania com a Carmen. Falámos de Tesalónica e por fim disse-lhes que se fossem a Atenas iria com elas. Em Ohrid tomámos a decisão de ir juntas.
Todo o caminho entre Tesalónica e Atenas tem uma paisagem mágica repleta de montanhas, água e verde, infinito verde. Os gregos são bastante simpáticos (tinha outra ideia)e têm uma língua muito bonita. Quando falam inglês têm um sotaque muito acentuado como os espanhóis. Claro que fui vendo bastantes narizes gregos. Não tantos como tinha imaginado mas eles existem de verdade e tornam os rostos muito bonitos e personalizados. Aliás, os homens gregos são bonitos, atraentes e charmosos. Verdadeiros homens do Sul.

Dedicámos o primeiro dia a visitar a Acrópole, Templo de Zeus, Estádio Olimpico, Anfiteatros etc...Para entrar na Acrópole é necessário pagar 16€ porém com Cartão de Estudante é gratuito(uauu). Nos outros dias dedicámo-nos às praias de Atenas, aos estádios do Panatinaikos e Olimpiakos, às compras de última hora.
Encontrei bastantes portugueses e brasileiros. Numa lojinha de souvenirs estàvamos a falar com o vendedor, um senhor velhinho e fofinho. Quando já estavamos a dizer “Bye, Bye” descobrimos que ele era brasileiro. Demos um abraço forte e sentido de Lusófonia, de amizade, de irmandade sem rancores coloniais. Mais tarde vi um grupo de velhotas muito fofas e chiques, brasileiras, disse-lhes que era de Portugal e elas gritaram em coro “Portugal é Lindo”.
De noite saímos com a nossa anfitriã Hanna, de Castella y la Mancha, antiga Erasmus em Coimbra.Fomos a um bar muito interessante, no 10º andar de um edifício normal. O Bar estava cheio de gente e era muito in. Tinha uma vista soberba para a Acrópole. Ás 3 horas da manhã, ao som de um House soft, vi a Acrópole adormecer. Gradualmente as luzes foram-se apagando e ficou só a sombra...Conseguem imaginar?
Bom,mas o mais fora do normal estava para acontecer. Lembram-se dos confrontos entre polícias e manisfestantes,há cerca de 2 ou 3 meses , com as ruas de Atenas a arderem, depois da polícia ter matado um miudo de 15 anos?
Pois estávamos tranquilamente com um grupo de amigos, num jardim público, a comer uma maravilhosa Pitta, quando começamos a ouvir gritos e muitos jovens a correrem pelas ruas. Atrás deles vinha a polícia de choque. Mesmo ao nosso lado-20 metros-a polícia começou a disparar um gás qualquer.Começamos também a correr mas decidimos parár para não sermos confudidos com os revoltosos. Isto é a vida real!
A comida na Grécia é simplesmente deliciosa. Quando provei o primeiro pão regado com verdadeiro azeite medirrânico e oregãos quase chorei. Há meses que não comia nada assim.
As saladas e as pittas são bastante baratas e de extrema qualidade( muito distante do fast-food grego/turco que temos em Portugal) mas tudo o resto é extremamente caro.
No regresso a casa, no comboio, tive o prazer de ficar sentada ao lado de um senhor com cerca de 50 anos, Professor universitário de Engenharia Têxtil. Conversámos muito sobre a cultura grega e sobre o conflito diplomático entre a Macedónia e a Grécia.
Claro que a magia da Grécia foi completada com a maravilhosa companhia das nuestras hermanas Sara,Carmen, Hanna e Rocío e de muitos outros nuestros hermanos que fui conhecendo. Nos últimos meses tenho eliminado todos os preconceitos estúpidos que tinha contra os espanhóis. Mais, estou encantada com a cultura deles e fico cada vez mais surpresa com as similariedades culturais entre Portugal e Espanha. Não sou apologista da União Ibérica mas sem dúvida que eles são óptimos parceiros culturais, económicos e políticos (sugestão: vejam o filme Volver, de Pedro Almodovar e verifiquem as semelhanças entre o papel da mulher em ambas as sociedades).
Não deixem de visitar a Grécia. É harmoniosa, bonita, cheira bem e tem alma.
Se vos interessar visitar mais do que uma cidade ou país da região sugiro que comprem o Balkan FlexiPass.Custa 51€ até aos 25 anos e 81€ a partir dos 26. É uma espécie de InterRail para a zona dos Balcãs(Bulgária, Macedónia-Fyrom,Grécia,Serbia,Montenegro, Roménia e Turquia). Tem a validade de 1 mês e pode ser usado durante 5 dias consecutivos ou alternados. Se iniciarmos a viagem depois das 19horas conta como o dia seguinte( o que é óptimo pois podemos dormir no comboio e poupar no hotel). Há ainda a vantagem de muitas vezes os revisores não assinarem. Podemos fazer batota e alterar a data e viajar mais 1, 2, 3,4 ou 5 dias com o mesmo passe. Eu fiz isto, confesso. Estou a transformar-me numa balcanica!
Convenci-vos a ir?

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