sexta-feira, 1 de maio de 2009

O Sol também é uma estrela:o que é a Macedónia?

Para muitos é uma mistura de legumes que usamos para fazer Salada Russa (que por sua vez é conhecida como Olivier na Russia), para outros é uma salada de frutas, para outros, é ainda, um fenómeno linguístico.
Conhecida por ser a terra Natal de Alexandre,o Grande, a Macedónia é uma vasta região, na região dos Balcãs dividida, actualmente, em 3 áreas distintas: a Norte da Grécia, na actual República da Macedónia(ou Fyrom) e parte Oeste da Bulgária.
Entre batalhas, conquistas e reconquistas dos Turcos, sérvos, gregos é importante referir que em 1941 a R.Macedónia foi anexada à República Socialista Federal da Jugoslávia, do grande General Tito. Em 1991 tornou-se independente e, desde, então a R.Macedónia tornou-se famosa pelo diferento com a Grécia em torno do nome oficial do país.Segundo os gregos, a Macedónia é uma vasta região que apenas ocupa 1% da actual República da Macedónia.
Após mais de 7 meses de convívio com ambas as nações confesso-vos que não cheguei a nenhuma conclusão.
Costumava apoiar a Macedónia, que me parecia ser ostracizada pelos gregos, porém após começar a ouvir também a versão destes mudei bastante a minha opinião.
Ambos têm razão e a conclusão a que chego é que, embora os gregos tenham uma certa tendência para menosprezarem as minorias, acho justo que a R.Macedónia, como país, não seja detentora da utilização exclusiva do nome que diz respeito não só ao actual país- Republica da Macedónia ou Fyrom- mas também a uma vasta região no Norte da Grécia.
Imaginem que os espanhóis decidiam chamar Républica da Peninsula Ibérica à actual Espanha. Como nos sentiriamos nós que também fazemos parte da Peninsula Iberica? Certamente começariamos a chamar-lhes Antiga Républica Espanhola da Peninsula Ibérica.
Embora esta seja uma questão bastante quente para os macedónios parece-me que, sendo a Grécia um país da União Europeia, provavelmente a situação manter-se-à apenas no âmbito da diplomacia. Já a relação com os albaneses tem contornos muito mais graves. Fiquei sempre com a sensação de estar a viver numa Guerra-Fria e que a qualquer momento pode começar uma guerra sem razão, como aconteceu em 2001. É óbvio o conflito étnico. Está em todas as conversas, ruas e estética do país.
Como em todos os balcãs, na R. Macedónia,o Nacionalismo é um tema muito forte. Os políticos jogam muito com os sentimentos dos cidadãos. Ficamos com a sensação que estamos num teatro de marionetas. É dificil encontrar pessoas com ideias não formatadas e,isto, foi o que mais me entristeceu e aborreceu nos meses que passei lá. Os macedónios são usados e manipulados. Justificam-se com o facto de não poderem viajar pela Europa sem visto (esta é uma das realidades mais duras e que mais me custou entender) porém eu penso que não há vontade da parte deles de impulsionarem uma mudança.
Contudo fiquei com a sensação que a pobreza traz dignidade e humildade. Nunca esperei encontrar um povo tão acolhedor, tão desligado dos bens materias. Aliás, ainda me questiono como conseguem (sobre)viver. O ordenado médio são 150/200€, 40% está oficialmente desempregada, há excepção da comida, todos os bens de consumo são extremamente caros.
São de verdade autênticos campeões e caminham sempre com um sorriso nos lábios e o coração aberto mesmo quando a vida lhes corre tão mal.
A beleza do país é indescritível.Em todas as linhas do horizonte há montanhas. Agora na Primavera, o verde invade-nos a vida. É impossível ficar indiferente.Sente-se nas veias.No Inverno fica tudo cheio de neve. Algumas regiões mais baixas ficam de tal maneira cobertas que precisamos olhar fixamente para perceber que estão ali casas e ruas e carros.
Quando surgem os primeiros raios de sol após um nevão vêm-se em todas as direcções, montanhas que parecem fantasmas a apontar para o céu. É bonito.
E, porque há excepção de Ohrid, a Macedónia não é um país de turismo, fiquei com a sensação que tudo está tão virgem e intocável como no tempo do Alexandre, o Grande.
Se decidirem visitar não esperem algo fantástico. Não é um país de massas. É um país para ser aproveitado como um bom vinho:não é percéptivel a totalidade do conteúdo mas sabe bem e deixa memórias.
Dá prazer!

2 comentários:

Anónimo disse...

queremos fotos :)

D

André disse...

é pá, mas que texto tão bonito! :) tenho de o traduzir para a vesna, ela vai adorar, mas para ela deixo de fora a parte dos gregos! ;) besos luso-macedónios***