sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A primeira, a segunda e a bilionésima impressao



Quarta à noite tive a minha primeira saída nocturna. Fomos a um bar de música latina. Têm as mesmas músicas que os bares portugueses "movimento sexy" e a do touro enamorado por la luna!
Conheci tanta gente internacional: franceses, espanhóis, italianos,macedónios, romenos. Alguns sao voluntários nalguma coisa outros estudam ou trabalham em organismos públicos e privados.
Talvez um dia destes o Embaixador de Espanha ou alguns funcionários venham cá a casa. Aqui o meio social é tao pequeno que este tipo de informalidades acontecem com naturalidade.
Falei com um belga, Professor de Francês na Universidade de Skopje,que me contou que costuma ver o Embaixador da Bèlgica em conferências formais, com gravata e postura de grande respeito. Há dias entrou num Pub, aqui em Skopje, e o respeitável Embaixador estava tao bêbedo e feliz que ele próprio distribuía as cervejas pela "malta"!
Apresentaram-me,em inglês, uma francesa chamada Beatriz. De repente, em português do Brasil perfeito, disse-me "Entao, vamos falar em português?". Fiquei tao feliz que nao resisti a um gritinho e a um pulinho de felicidade. Demos um abraço de irmandade. A Beatriz esteve no Brasil há 4 anos a fazer voluntariado e, ficou tao encantada, que quando voltou para França decidiu fazer uma Licenciatura em Português. Adora Eça de Queirós e Lobo Antunes.
Fomos para casa de tàxi por volta da meia-noite, depois dos bares fecharem. Aqui podemos chamar os táxis com o dedo como em Nova York. Aliás, nao me lembro de ter visto uma Praça de Táxis.
Quando chegámos à praçinha perto da minha casa a mercearia ainda estava aberta e comprei uma beringela lindìssima e gigante por 20 Denares.
Ontem foi o meu primeiro dia sózinha na cidade. Estava muito ansiosa por atravessar a velha ponte e conhecer o lado albanês-mulçumano (eu vivo do lado ortodoxo).
Quando cheguei ao outro lado senti imediatamente diferença na arquitectura dos edifìcios e na fisionomia dos transeuntes. Nao tinha mapa comigo portanto decidi caminhar sem destino e, simplesmente, sentir as ruas. Automáticamente senti a agressividade e falta de classe com que os homens mulçumanos olham as mulheres ocidentais.
Comprei um gelado óptimo (só 10 denares) e fui ter a um mercado central com tudo e mais alguma coisa, talvez comparável com a Praça de Espanha, em Lisboa.
Caminhei, caminhei, caminhei e de repente estava perdida no meio do mercado, em ruas estreitas, numa espécie de medina. Nao encontrava a saída para as ruas.
Ali, no meio das bancas com trajes femininos mulçumanos, sózinha e insultada pelo olhar daqueles homens e mulheres cobertas com lenços, senti uma fragilidade muito grande.
Encontrei a saída e apressei-me a caminhar para o meu lado da cidade.
No meu primeiro dia na Macedónia disseram-me para nao ter medo porque podemos andar a qualquer hora na rua porque ninguém rouba ninguém. Em casa, as nossas portas estao sempre abertas. De facto sente-se uma segurança incrível porém, admito que possa estar a ser preconceituosa, mas hoje senti um nervosísmo incómodo quando estive naquele lado da cidade. Provavelmente, enquanto me lembrar desta sensaçao, nao volto lá sózinha.

(fotos da ponte velha e das ruas da cidade velha)

1 comentário:

Anónimo disse...

Adoro as tuas descrições.. são tão realistas... dá para imaginar tudo! :D

Quando dzs: "No meu primeiro dia na Macedónia disseram-me para nao ter medo porque podemos andar a qualquer hora na rua porque ninguém rouba ninguém. Em casa, as nossas portas estao sempre abertas." fez-me lembrar a mha terra, mas isso na minha infancia!

Essa segurança e essa confiança é do melhor...

Alentejana**