sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Sónia em Sofia









































21 de Dezembro de 2008

Estou sentada num mercado coberto em Sofia, Bulgária.
Nesta cidade as fatias de pizza são enormes e custam menos de 2 BLG (cerca de 1€). São boas e reforçam a minha teoria de que as piores pizzas do mundo comem-se em Itália.
Gosto de Sofia. Confesso que o meu coração está dividido entre Sofia e Belgrado.Ambas são as cidades mais interessantes que visitei nos Balcãs.
A Bulgária tem caracterísiticas de um país em desenvolvimento. Entrou na União Europeia em 2007 e isso é visível no poder de compra: os carros, as lojas, as roupas, as obras públicas. Enfim, a confiança dos cidadãos. Desde 2007 sabem que nada de muito mau lhes poderá acontecer porque terão sempre o suporte da UE. Claro, um dia quando os campos estiverem desertos, quando a sociedade for predominantemente terciária (em prole da agricultura nos países ricos e fortes e da indústria implementada em países onde a mão-de-obra é barata)os búlgaros vão provar o fel da UE. Ainda assim acho preferível pertencer a esta grande união que nos protege com uma mão e nos empurra para o precipício com a outra. As vantagens sobrepõem-se e, talvez, a tão aguardada 1ª geração europeísta nunca sofra as consequências nefastas.
É interessante ver a evolução destes novos países-membros.Como se sabe é característica dos países em desenvolvimento a ostenção de bens materiais. Em Portugal também passámos por este processo, nos anos 80. Inicialmente não comprávamos porque não tínhamos dinheiro. Depois começámos a comprar mais porque tínhamos mais dinheiro. Quando começámos a ter ainda mais dinheiro, deixou de ser suficiente para os nossos hábitos de consumo e começamos a usar cartões de crédito. Agora já não usamos dinheiro porque estamos cerca de 115% endividados mas contínuamos a gastar, talvez até um pouco mais.
A grande diferença em relação a estes novos países reside no processo de adaptação ao mercado capital. Talvez porque a sociedade de massas fosse bastante mais humilde e naquela altura tínhamos como veículos de informação o rádio, a televisão e as revistas que chegavam de Espanha e traziam notícias com algumas semanas de atraso.
Lembro-me que quando era mais miuda (ainda sou miuda) tinha de escolher: se quisesse os ténis de marca tinha de me contentar com as Levis dos ciganos e as blusas do continente.Não existia a urgência de comprar que se verifica hoje.Agora a MTV, a internet não permitem atrasos. Aqui em Sofia não se vêm Zaras ou Bershkas. Não existe o meio-termo. As grandes avenidas estão recheadas de lojas caras como Miss Sixty, Calvin Klein, Stella McCartney, Lee Cooper e todo um cardápio de consumo topo de gama. Os búlgaros já não precisam esperar e tudo isto está espelhado nas ruas. As pessoas têm uma excelência aparência.
Não os invejo, nem os condeno. É tudo uma questão de auto-valorização. E de verdade que gosto de olhar para estes povos no Balcãs e vê-los sempre tão produzidos, como se estivessem sempre prontos para irem para uma festa de Sábado à noite. It´s evolution, baby!
Sofia é uma cidade lindíssima, com grandes monumentos e avenidas a perder de vista. Merece gente bonita, actualizada e com charme.
Nota-se que há Europa nesta cidade. Ao fim de 3 meses e 1 semana nem imaginam como é reconfortante encontrar "semelhantes sociais" e rever notas de Euro.
Dentro de 4 horas apanho os aviões para Lisboa. Estou ansiosa por namorar outra vez a minha cidade e ver o que mudou. Ver a evolução e comparar.
Não é pecado comparar. Quero que o mundo que tenho visto me torne uma portuguesa construtiva. Não somos melhores, nem piores, somos apenas diferentes. Temos a nossa cultura. Por vezes gostava que Portugal tivesse gerido melhor a oportunidade europeia porém encontro nos outros países mais ricos as mesmas dificuldades e a mesma dependência chocante do cartão de crédito.
No fundo não nos saímos assim tão mal e...todos gostam de nós.

Até já Portugal.

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