quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Ébola e a discriminação


"dis·cri·mi·na·ção 
(latim discriminatio-onisseparação)

substantivo feminino

1. .Ato ou efeito de discriminar (ex.: o exercício envolve discriminação visual). = DISTINÇÃO

2. .Ato de colocar algo ou alguém de parte.

3. Tratamento desigual ou injusto dado a uma pessoa ou grupocom base em preconceitos de alguma ordem.notadamente sexualreligiosoétnicoetc."

Fonte:priberam.pt


Esta história do vírus da Ébola começa a ganhar contornos assustadores, não só por questões óbviamente sanitárias, mas também por questões relacionada com os Direitos Humanos.

Vi esta foto no Expresso e não pude evitar ficar chocada, não pelo facto do presumível infectado ter dado à sola para procurar comida, mas pela forma como foi resgatado pelas autoridades sanitárias. Isto é um homem ou um animal? Se fosse loiro de olhos azuis seria tratado desta forma?

Fonte: expresso.pt

Lembro-me de há bem poucos anos se ter criado um histerismo absoluto em relação a uma gripe que já nem recordo como se chamava exactamente porque teve duas variantes, cada uma com o seu código. Uma dessas variantes vinha das aves e, portanto, cada vez que víssemos um pombo morto na rua, tínhamos como bons cidadãos de ligar para uma linha 24horas criada para o efeito e um grupo de astronautas recolhia o pombo e analisava-o em laboratório para descobrir se era ou não um foco de contaminação. As televisões acampavam em frente aos hospitais e às casas dos infectados e os telejornais abriam com um circo montado à volta dessa palhaçada.

Depois, veio a outra variante da gripe e não havia nem cão, nem gato que não tivesse à mão uma embalagem de alcóol em gel para desinfectar tudo e mais alguma coisa. Era a loucura...
Na ultima empresa onde trabalhei queixei-me por escrito às chefias do facto de o WC comum estar recorrentemente sem papel higiénico e sabão dias e dias a fio. E na altura lembro-me de pensar que isso há uns anos atrás seria impensável, caso contrário a M#p*$% poderia bem ser alvo de inspecção e visita dos astronautas de laboratório.

Agora o que eu nunca vi foi um mal trato humano tão descarado como vejo nesta nova crise sanitária. Nunca vi um português ser metido assim à força numa ambulância, muito menos um francês ou um americano. O primeiro espanhol contaminado com o vírus da Ébola, Miguel Pajares um missionário na Libéria, chegou a Espanha com toda a pompa e circunstância. Depois, coitado, acabou por morrer, mas dúvido que em algum momento o tenham tratado como gado.

Missionário Miguel Pajares à chegada a Madrid
Vejam as diferenças e tirem as vossas próprias conclusões...


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