segunda-feira, 1 de março de 2010

Confissão de uma queda e/ou de uma porta check-in errada



Há pessoas de quem gostamos que surgem nas nossas vidas como as pedras da calçada portuguesa: estão soltas e são incomodas porque nos fazem tropeçar sem querermos. Quando a queda não é forte, inicialmente ficamos envergonhados e de mau humor a olhar para os joelhos esfolados e a pensar "como é que isto me foi acontecer?? não estava nada à espera, raios!!!?" porém, passado o nervosismo inicial, rimos de nós próprios e contamos aos amigos "epá, nem sabes o que me aconteceu hoje...". Bom, este parêntesis comparativo para partilhar convosco que ( e este é um momento inédito porque, salva uma rara excepção, nunca escrevi sobre a minha vida pessoal/íntima e hoje preciso fazê-lo) pelas ruas de Madrid já tropecei na minha "pessoa-pedra-da-calçada-portuguesa", esfolei os joelhos e não me consigo rir.
Por momentos pareceu-me vislumbrar a companhia perfeita para viajar pela vida sem medo do voo, contudo, sem que tenha acontecido nada que o justifique, o sexto sentido diz-me que me enganei na porta de check-in ou no voo ou no raio que o parta.
Não entendo porque acreditamos sempre que desta vez vai ser diferente. Sei que faz parte do sonho (e olha quem...)mas...

E não tenho nem a delicadeza do Tejo, nem o açucar de um Pastel de Nata para me aconchegar. E o optimismo que resvala e eu que paro, pela primeira vez em 26 anos, para pensar sobre tudo isto. Dou-me conta que nunca levei verdadeiramente estas coisas das relações a sério (embora me parecesse que sim) e, ao longo destes anos todos parti, involuntariamente, alguns corações e agora é o meu que está partido.

Resta-me acreditar que amanhã acordo com melhor pinta, saio para trabalhar e depois o mesmo todos os dias, até que um dia me dê conta que já não tenho os joelhos esfolados e, que as pedras da calçada, se desviam gentilmente para a senhorita passar rumo à porta de check-in correcta.




Há musicas que têm um grande timming (pontualidade da poesia, diria eu!)




Chegaste a horas como é costume
Bebe um café que eu desabafo o meu queixume
Na minha vida nada dá certo
Mais um amor que de findar me está tão perto

Leva-me aos fados

Onde eu sossego
As desventuras do amor a que me entrego
Leva-me aos fados

Que eu vou perder-me
Nas velhas quadras que parecem conhecer-me

Dá-me um conselho que o teu bom senso
É o aconchego de que há tempos não dispenso

Caí de novo mas quero erguer-me
Olhar-me ao espelho e tentar reconhecer-me

1 comentário:

Anónimo disse...

http:/www.youtube.com/watch?v=8Xwjyd2yFng