segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Genética mania de escrever

Caros Leitores

É só "manientos" na família por isso publico agora o Conto que a minha MamaMia escreveu para um concurso da Radio Sim.
Chama-se "Conto de Primavera" e, juntamente com outros contos que concorreram, está publicado aqui.






Conto de Primavera



Já está aí mais um Ano Novo. Chama-se 2010 vai andar por cá 12 meses. Festejaram-no beberam-no, juntaram-se todos, viajaram etc…etc…tudo por algo que tem tão pouca duração, sendo que o somatório de vários pode traduzir-se numa vida e várias primaveras.

Sou uma andorinha nasci no campo num qualquer beiral de telhado escrupulosamente caiado, conheci o amanhecer dos meus pais que se deslocavam em voos de muitos km, todos os dias, para um ganha pão transportado no bico, que vinham amorosamente depositar nos nossos pequenos bicos.
A paisagem ao redor era deslumbrante, tanto o fascínio das águas da Ribeira de Tera, como o Monte onde mãos hábeis de trabalhadores incansáveis construíram a bela Torre de Évora-Monte, cujo céu é povoado pelas mais belas e raras aves de entre as quais as andorinhas: as minhas irmãs, as minhas primas e toda a minha família que voa por aí anunciando a liberdade e causando inveja aos seres humanos por não poderem voar também.
O que vos quero contar é sobre uma outra andorinha , uma pequena e irrequieta andorinha que nasceu num qualquer beiral de telhado, duma casinha branca com listas azuis em redor das janelas, no campo onde o sol ganha um brilho tão intenso quase insuportável. Vemo-la alegre, esvoaçando em círculos, elegante e esbelta, sempre de negro vestida mas com uma alegria tão grande que diria que nos convida a participar dessas correrias. Esta andorinha que vos dou a conhecer é uma andorinha especial. Ainda anda lá para África onde agora está mais quentinho. Chega sempre a meio do mês de Fevereiro, pouco antes do nascer da sua prima, a Vera, quando os rebentos começam a surgir nos galhos das árvores de folha caduca e os barros ainda estão frescos, de forma que possam ser moldados com o pequeno bico para construírem ou reconstruírem as suas pequenas e acolhedoras casinhas.
Já sei que quando chegar trará consigo a alegria do costume e os dias tristonhos de chuva e frio já estarão longe das nossas lembranças.
Apaixonar-se-á ao encontrar o companheiro ideal com quem formará uma família de pequenos andorinhos. Todos juntos, ficarão por aqui a alegrar os nossos dias.

Quando lá para Outubro nos apercebermos que estão de partida começar-nos-emos a preparar novamente para a época de festas que agora terminou, aguardando outro ano com uma certeza: que se mais nada de bom o 2010 nos trouxe, as andorinhas, pelos menos essas, não nos faltaram, e voltarão para renovar a esperança em todos os corações humanos que de alguma forma a perderam . Oxalá consigam aperceber-se da sua presença.

Adelina Trindade

1 comentário:

Anónimo disse...

Deita cá para fora!!!