Andei em Viagem...
Depois de Lisboa estive em Belgrado num intercâmbio sobre linguagem corporal/slapstick. Estavam lá macedónios, bósnios, islandeses, suecos, portugues, croatas, romenos e sérvios, muitos sérvios. Como representante da Macedónia senti um grande prazer por poder observar o grupo português de um novo ponto de vista. Observei muitas coisas tipicamente portuguesas e confesso que alguma delas me irritaram e entristeceram. Não quero falar disso aqui. Não sou o Velho do Restelo.
Durante os intercâmbios sinto sempre vontade de voltar para casa. Não consigo adaptar-me aquele novo ambiente intensivo, cheio de pessoas, de diferentes países e culturas. Sinto sempre que há uma certa imposição para fazer amigos e chorar de alegria. Esse não é o meu estilo. Normalmente opto por ir mais cedo para o quarto e ficar por lá sossegada a ler ou a escrever. Depois, com o passar dos intensos dias de intercâmbio, surgem algumas pessoas com quem sabe bem conversar e partilhar ideias. Depois quando até já não está a ser assim tão mau é hora de voltar para casa.
No ultimo dia fomos para a praça principal da cidade e fizemos uma Peça de rua. Foi muito interesse e libertador. Senti que voei.
É um prazer regressar a Belgrado. Definitiamente é a minha cidade preferida nos Balcãs. É grande, tem energia e desta vez tinha muita neve e frio. Há sempre vida e gente nas ruas. Há sempre um café interessante onde ir beber um chá e comer uma fatia de bolo vindo directamente do paraíso.
Agora estou novamente em Skopje. Não ficarei por cá muito tempo: Sofia, Istambul,Ohrid, Kosovo. Há sempre mais sítios para conhecer mas mesmo assim é bom voltar aos amigos que já fiz aqui e à minha cama com uma colcha amarela. Ultimamente sinto-me particularmente feliz porque descobri mais um português a viver neste fim do mundo. É o André, tem vinte e poucos,esteve cá há 2 anos na minha ONG num projecto relaccionado com cinema. Apaixonou-se por uma rapariga macedónia e resolveu mudar-se para cá. Quando nos encontrámos pela primeira vez falámos muito e foi muito agradável comentar a Macedónia,com o mesmo ponto de vista e herança cultural.
De Portugal tenho tido poucas notícias mas fiquei triste por saber que o vocalista d´Os Sitiados, João Aguardela, morreu. “A vida de marinheiro” é um clássico na vida de todos nós.
Quando estava em Belgrado terminei de ler “Os cus de Judas”, de Lobo Antunes. Já li muitos livros que abordam a temática da Guerra Colonial mas mesmo assim nunca consigo ficar insensível à destruição de 2 gerações de portugueses. Não apenas dos soldados que partiram para África mas também as famílias que se destruíram mesmo quando os bravos voltaram vivos para Portugal.
Sugiro a leitura do livro. Se, com razão, não estiverem interessados em gastar 16€ num livro sugiro que leiam as crónicas semanais do mesmo autor, na revista Visão www.visao.pt (lado direito, em baixo)
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