quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Maningue Kanimambo*: apadrinhar e ajudar as meninas da Mãe Clara

Primeiro passo: a reportagem

Comecei a pensar o que é que estava ao meu alcance para ajudar um pouco mais e melhor as irmãs e as meninas do orfanato. Pensei que a melhor maneira seria pôr-me em contacto com alguém que tivesse certa visibilidade para que pudesse divulgar o projecto de apadrinhamento.

Eis, senão quando me lembrei que a Cocó na Fralda tem uma rúbrica dedicada à realização de sonhos e iniciativas de cariz social.  Contactei com ela e imediatamente interessou-se não só pelas meninas, mas também pela minha história pessoal e motivações que me levaram a Moçambique. Assim, num belo dia de Setembro- que eu ainda não descobri qual foi- saíu no Jornal de Noticias  uma reportagem sobre mim e sobre o programa de apadrinhamento das meninas da Casa Mãe Clara.

E a Codil leu a reportagem

Alguns dias volvidos da publicação da reportagem, ligou para o orfanato um senhor muito simpático chamado Vitor Mota, director da Codil, uma empresa portuguesa que fabrica soluções em plástico., com sucursal em Maputo. Contou-me que o chefe dele tinha lido a reportagem e, desde Portugal, lhe tinha pedido que nos contactasse e auscultasse as necessidades da casa.
Assim, numa bela manhã de uma Sexta-feira o nosso D. Quixote apareceu acompanhado de outros dois colegas, o João e o Mauro, e trouxe-nos 100 pratos de plástico, 100 copos de plástico, 100 jarras de plástico, 60 pratos de plástico para pic-nic e um alguidar gigante onde a pequena Jeni pode fazer de conta que está na piscina.

Não me importa estar descaradamente a fazer-vos gramar com publicidade. A Codil preocupou-se e decidiu compromoter-se socialmente com um projecto. Podiam estar-se marimbando para a pobreza dos moçambicanos e manter-se à margem na borbulha sediada nos bairros de Sommerchield e Polana. Não foi isso que aconteceu, por isso, o meu desejo é que a Codil cresça em força, que todos os que me estão a ler comprem plásticos fabricados por eles e que eles continuem a ajudar as “minhas” crianças.



Apadrinhar crianças da Mãe Clara

Bom, mas como o meu ego não aguentou o facto de ter saído uma reportagem com a minha história e a minha foto num dos jornais de maior tiragem de Portugal, decidi enviar um e-mail a todos os meus contactos da Peninsula Ibérica. Quase me mijava nas calças de tanto orgulho!

Os apoios começaram a chegar, sobretudo de Espanha. A Rosa, minha amiga, enviou uma ajuda para comprar fruta ( Rosa es la dueña del establecimiento de estética donde yo hice la depilación  y me auto-regalé unos mimitos durante los tres años que viví en Madrid, el Beauty-Zen, en Paseo del Molino, Legazpi).

Depois a Mónica, luso-espanhola e minha antiga companheira de trabalho, decidiu apadrinhar uma criança. “Impingi-lhe” a Vanessa, uma menina linda de 11 anos que ficou orfã este ano e, portanto, ainda não tem padrinhos a quem escrever e que a cuidem, mesmo à distância.

Se vocês estiverem interessados em apadrinharem alguma das nossas crianças podem consultar as condições e procedimentos na página do Lar http://casamariaclara.no.sapo.pt/ ou contactem a Madre Superior, Irmã Ana Paula paulinhaartur@gmail.com

À parte a informação institucional, garanto-vos que a Casa Mãe Clara é um dos projectos mais sérios que conheci. Durante todos estes meses em que estou a colaborar com as irmãs, percebi que todo e qualquer tostão que lhes chega através de ajudas é canalizado prioritáriamente para a alimentação e educação das crianças que elas se comprometeram a criar.
Não ponho em causa a gestão e acção das outras instituições, sejam fundações ou ONG´s, mas a minha experiência em Moçambique e o contacto mais que directo com maneiras de trabalhar que deixam tudo a desejar, levam-me a aconselhar aqueles que querem ajudar a pensarem muito bem antes de entregarem os seus recursos financeiros a qualquer entidade. Infelizmente, há uma grande falta de valores no meio. 

Sintam-se, pois, convidados a ajudar. Parafraseando a própria Mãe Clara "Fazer o bem onde há bem a fazer".



*Muito obrigado

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