No outro dia uma amiga amiga de infância pôs no muro do FB
dela a seguinte frase "Pessoas caladas têm mentes
barulhentas". Não podia estar mais de acordo. Acho que por vezes nos
sentimos parcos em palavras porque cá dentro está tudo de pernas para o ar. As
ideias e os sentimentos estão todos misturados e, os problemas de expressão
tornam-se mais evidentes se cá dentro se sente o peso de uma rocha em dor e
tristeza.
Viver o fim de uma relação à qual se deu muito implica uma
grande capacidade de gerir e canalizar sentimentos para o caixote do lixo.
Depois da confusão inicial e de ultrapassada a fase de negação, acredito que
ninguém gosta de carregar no peito a sensação de frustração, ciúme, injustiça e
precipício. O segredo está em saber manter o equilíbrio e reaprender a andar
sózinho, sem aquela querida companhia ( e isto não é pêra doce).
Por isso, quero partilhar convosco que a vida me
presenteou um final de relação 2 em 1.
No dia 2 de Outubro disse adeus a Moçambique. Ficaram na
calha tantos sonhos por cumprir e tanto por conhecer, dar e receber. A terra
das capulanas e dos sorrisos maningue tranquilos ficará para sempre a palpitar
no meu coração. Sei que não tarda nada vou começar a padecer do mal de
África- impossível esquecer aquele chão cor de fogo- e, portanto não ponho de
parte um regresso.
Quanto ao outro final, embora tenha tido muitos meses para
crer no que os meus olhos viam, o meu coração pressentia e o meu corpo doía,
ainda estou atónita.
A minha cabeça cansada já assume o final mas a minha
saudade ainda não consegue perceber em que momento é que a minha artéria aorta
portuguesa sofreu um corte daquela artéria aorta espanhola.
Acabou-se, pois, a união ibérica mais linda que o mundo
jamais havia visto. Tenho o meu coração inteiro para aqui a sangrar por ter
perdido a melhor, mais querida e mais amada metade de coração a quem se tinha
dado. Nunca tinha dado tanto a
ninguém e aceitado com tanto altruísmo as dificuldades inerentes a uma relação,
mas há muito tempo que uma das patas coxeava insistentemente e para mim deixou
de ser suportável ter a coluna em diagonal.
O pior já passou. Posso aceitar que chegou o fim. Agora,
cada dia é dia de ir ao posto socorro fazer o curativo. E um dia, quando menos
esperar, voltarei a encontrar a minha meia tortilha que me há-de fazer feliz (
ou o meio azulejo, ou a meia chamussa, ou a meia pizza, ou a meia
fish&chips, ou sei lá...).
E a vida não é mais que isto: sorrir, cair, sofrer até
voltar a sorrir novamente.
Obrigada por terem acompanhado a minha vida em
Moçambique. Brevemente tratei detalhes da minha volta à Lusolândia,
que não cessa de me dar as boas-vindas com um sol maravilhoso.
Ele tem sempre as palavras que eu preciso numa voz que me marea |
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