quinta-feira, 10 de outubro de 2013

La perdida+ a despedida: o mais triste 2 em 1

No outro dia uma amiga amiga de infância pôs no muro do FB dela a seguinte frase "Pessoas caladas têm mentes barulhentas". Não podia estar mais de acordo. Acho que por vezes nos sentimos parcos em palavras porque cá dentro está tudo de pernas para o ar. As ideias e os sentimentos estão todos misturados e, os problemas de expressão tornam-se mais evidentes se cá dentro se sente o peso de uma rocha em dor e tristeza.

Viver o fim de uma relação à qual se deu muito implica uma grande capacidade de gerir e canalizar sentimentos para o caixote do lixo. Depois da confusão inicial e de ultrapassada a fase de negação, acredito que ninguém gosta de carregar no peito a sensação de frustração, ciúme, injustiça e precipício. O segredo está em saber manter o equilíbrio e reaprender a andar sózinho, sem aquela querida companhia ( e isto não é pêra doce).

Por isso, quero partilhar convosco que a vida me presenteou um final de relação 2 em 1. 

No dia 2 de Outubro disse adeus a Moçambique. Ficaram na calha tantos sonhos por cumprir e tanto por conhecer, dar e receber. A terra das capulanas e dos sorrisos maningue tranquilos ficará para sempre a palpitar no meu coração. Sei que não tarda nada vou  começar a padecer do mal de África- impossível esquecer aquele chão cor de fogo- e, portanto não ponho de parte um regresso.

Quanto ao outro final, embora tenha tido muitos meses para crer no que os meus olhos viam, o meu coração pressentia e o meu corpo doía, ainda estou atónita. 
A minha cabeça cansada já assume o final mas a minha saudade ainda não consegue perceber em que momento é que a minha artéria aorta portuguesa sofreu um corte daquela artéria aorta espanhola. 
Acabou-se, pois, a união ibérica mais linda que o mundo jamais havia visto. Tenho o meu coração inteiro para aqui a sangrar por ter perdido a melhor, mais querida e mais amada metade de coração a quem se tinha dado. Nunca tinha dado tanto a ninguém e aceitado com tanto altruísmo as dificuldades inerentes a uma relação, mas há muito tempo que uma das patas coxeava insistentemente e para mim deixou de ser suportável ter a coluna em diagonal.
O pior já passou. Posso aceitar que chegou o fim. Agora, cada dia é dia de ir ao posto socorro fazer o curativo. E um dia, quando menos esperar, voltarei a encontrar a minha meia tortilha que me há-de fazer feliz ( ou o meio azulejo, ou a meia chamussa, ou a meia pizza, ou a meia fish&chips, ou sei lá...).

E a vida não é mais que isto: sorrir, cair, sofrer até voltar a sorrir novamente.

Obrigada por terem acompanhado a minha vida em Moçambique. Brevemente tratei detalhes da minha volta à Lusolândia, que não cessa de me dar as boas-vindas com um sol maravilhoso.



Ele tem sempre as palavras que eu preciso numa voz que me marea

Sem comentários: