sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A Hora do café



O “tomar cafézinho” tornou-se imprescindível em diferentes contextos e culturas.
É um gesto que, desde há séculos, é sinónimo de cortesia, hospitalidade e saudade acompanhado do prazer que o sabor e cheiro do café provocam,com a mais-valia de ser uma industria ainda bastante artesanal. Tudo no café me agrada.
Em Portugal gosto sobretudo do preço e qualidade. Se posso consumo café dos CPLP. São óptimos e permitem-me contribuir para a ecónomia de países que gosto particularmente e com os quais me identifico.
Contam-se pelos dedos das mãos as vezes em que pedi 1 café ao balcão e o digeri num trago. Não gosto desse gesto. Demonstra alguma falta de auto-estima. Sentarmo-nos a tomar café deve ser aproveitado como espaço de reflexão estejando sós ou acompanhados.

A maioria dos post que publiquei neste blog foram escritos em cafés.
Tenho saudades do Ethnic Café. Sempre que me sentava, o Matheus vinha ter comigo e desenrolava um festival de simpatia e hospitalidade. Sentava-se na minha mesa e expressava-se com as mãos. Ali, eu observava a vida, via entrar e sair gente. Se algum dia escrever um livro, por certo, terei como inspiração alguns dos personagens reais que por lá vi desfilarem(que será feito do arqueólogo aventureiro??).
Também o mercado barulhentno de Sofia de onde vos escrevi (quando ainda gostava de Sofia) e um outro em Madrid onde me inspirei em ideias de apaziguamento ibérico, em parte inspiradas nuns quantos abraços desfeitos.




Em Portugal tenho descoberto nos últimos meses uma série de espaços interessantes onde nos podemos sentar e usufruir do espaço envolvente.
Há pouco tempo entrei pela primeira vez n´A Brasileira. É um sítio onde se deve ir mas não é obrigatório. Vale a pena pelas cadeiras lindíssimas e velhas.
E o meu tempo, leituras, escritas e conversas são passados entre as máquinas de costura d´O Fábulas, junto à rua Ivens(embora me canse horrorores os critérios de utilização livre de Wi-Fi e a forma como o chefe da sala trata os colegas ); na Travessa do Carmo perco-me entre sonhos, cafés e letras no Vertigo Café, uma antiga mercearia transformada num espaço acolhedor; na Panificação do Chiado, na Calçada do Sacramento, compro bolinhos de canela que tanto me lembram a minha especial e doce avó; no Il Café di Roma dos Armazéns do Chiado perco-me com a vista para a Encosta do Castelo, Rio e Castelo de Alcácer do Sal enquanto me delicio com um “soberbo”(gelado com café); do Terraço da Polux fico deslumbrada com a proximidade com o Elevador de Santa Justa, as Ruínas do Carmo, os telhados cheios de pormenores e, entre eles, a cabeça do D.Pedro IV a espreitar até ao Terreiro do Paço.
Junto ao Largo de S.Carlos existem 2 espaços óptimos: o café austríaco que vale a pena pelo espaço amplo e tranquilo e, do outro lado do Largo, a esplanada do Auditório Mário Viegas. Este é também, na minha opinião, um dos cantos mais bonitos e românticos de Lisboa. Adoro a escadaria (quase) limpa, com floreiras a cair das janelas, o candeeiro clássico e a vista para o histórico teatro e para a casa onde nasceu o Pessoa (transformada em escritório de advogados).
Na Rua da Vitória, na baixa, há A Outra Face da Lua. Um espaço vintage, onde se pode tomar café num cenário de anos 50/60 e/ou espreitar as “novidades” das roupas em 2ºmão que o pronto-a-vestir, no mesmo espaço, tem. A sensação é de estarmos numa peça de teatro ou numa viagem ao tempo do Estado Novo.
Ainda na onda vintage,junto ao Beco do Quebra-Costas, nas traseiras da Sé, há o Pois Café, decorado com candeeiros de largos abajours floridos e sofás que lembram as alcatifas dos anos 80.

Desde as sugestõs que vos apresentei passando pela esplanda com chair-longs do Campo Pequeno ao Chill-Out em puffs, na Enconsta do castelo, tudo vale a pena. O que não vale- e está OUT- é ficar em casa a pensar como a vida é triste e que as coisas boas só acontecem aos outros.
É verdade que como seres humanos, somos institivamente ambiciosos e invejosos mas a vida é, sobretudo, feita de pequenas delícias e momentos que, todos juntos, formam um Moisaico incrível.
Aproveitem os últimos cheiros de Verão, os últimos sorrisos dos portugueses e enchentes de turistas bonitos. O Outono, felizmente, já está ai à porta. Trará as folhas tricolor desmaiadas na Calçada, a vontade dos casacos de lã, as idas ao teatro, os serões caseiros e,acima de tudo, a Nostalgia portuguesa.

Deixem-se levar. Ponham um Fado no vosso MP3 e aproveitem esta cidade tão linda, tão feminina e jovial, tão senhora de si e dona de encantos mil.

1 comentário:

lolita disse...

olha...fiquei com vontade de ir beber café a cada um desses sítios.
Mas vou antes ali ao café da frente beber um chá, que o meu pequeno apendice que trago pendurado na mama gosta mais!
bj