terça-feira, 11 de novembro de 2008

Jugoslavia bonita





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Jugoslavia bonita, filha da Europa, fronteiras malditas, que o odio devora, Sarajevo, Sarajevo" UHF


Esta curta viagem de 11 dias por alguns dos países Balcãs foi uma escola de vida!
Muitas coisas me impressionaram e mudaram alguma coisa dentro de mim. Espero que para sempre.
Sinto que levei um banho de Historia, de vida, de Humanidade.
Tenho tanto de que falar. Quero partilhar tudo o que observei sem falhar nada.
A primeira constatação de que estava fora do meu mundo confortável e conhecido ocorreu nas fronteiras terrestres. Todas elas.
Vêm policias com cara de maus, levam o nosso passaporte, voltam passado algum ou bastante tempo. As vezes levam alguém para revistar e interrogar " o que e que vais fazer?", "Onde moras?", Porque e que estas a entrar/sair deste pais?"
500M mais a frente, na outra fronteira,a historia repete-se: policias com cara de maus, passaportes,1 desgraçado que e revistado, tensão, tensão. E assim a vida segue fora do Espaço Schengen.
A seguinte e muito forte constatação de que estava fora do meu mundo de sempre ocorreu na bonita e sofrida Sarajevo.
Os edifícios antigos são lindíssimos. Alguns com influencia Otomana, outros com influencia AustroHungara porem, toda a cidade- e por todo o pais que vi- há marcas de guerra.Muitos, muitos buracos, buraquinhos e buracoes nas paredes, que espelham disparos, talvez intimidadores, talvez contra alguém que, por fim, morreu contra aquelas paredes.
Memoriais a civis que morreram em atentados. Montes a volta da cidade,mesmo perto,minados. Não podem, pois, ser usufruídos por todos.
Talvez para os habitantes da Bósnia e Herzegovina estas sejam marcas de um quotidiano que eles não querem esquecer. Simbolizam ódios seculares, que, por razoes históricas, insistem em perpetuar.
Para mim,portuguesa de um Portugal com mais de 800 anos de fronteiras fixas e mais de 150 anos sem guerra em território nacional, foi um choque.
Nunca tinha estado tão próxima de um cenário de evidencias de guerra. Parece-me, ate, que imaginei tudo aquilo. Olhava para os rostos dos mais velhos e pensava "Concerteza viveram tudo isto. Perderam familiares, quem sabe os filhos...".
Ainda na BosniaH, já de regresso a Servia, no meio do nada, o revisor percebeu que tinha apanhado o autocarro errado. Disse-me, numa língua estranha para mim, que teria de sair para apanhar o autocarro certo na Estacao Central. Estava sozinha. Entregue a minha capacidade de resistência e negociação. Comecei a chorar incontrolavelmente. Mostrei-lhe o Passaporte e fi-lo perceber que estava assustada. Não queria sair ali.Vendeu-me um bilhete por 39MK e olhou-me com ternura.Talvez tenha pensado nos filhos.
Quando passadas 5 horas de uma interminável viagem entrei na Servia suspirei de alivio e pensei "Aqui tenho um Sr.Embaixador que me vai defender".
Não posso deixar de me sentir grande por tudo o que vi. Oxalá, vocês em Portugal tivessem oportunidade de ver todos estes sinais de violência e multi-etnicidade.
Apercebi-me que nos, portugueses, criamos os nossos próprios problemas étnicos porque...não os temos.
Somos um fantástico pais que vive em Paz. Os Mirandenses nunca reclamaram Independência porque, calculo,sabe mesmo bem ser do pais do FADO. Ate o Alberto João Jardim, fala,fala,fala mas não o vemos a fazer nada. E bem melhor comer Bacalhau a Traz que Banana da Madeira a Bulhão Pato.
Perante tanta calmaria inventamos ódio aos pretos, aos brasileiros, aos espanhóis, aos ingleses, aos gregos (desde o Euro'2004).
Porque não canalizamos a nossa privilegiada situação para o entendimento da Historia de Portugal, do Mundo e dos portugueses com o Mundo?
Seria bom estudarmos Historia de África e percebermos que embora os africanos não sejam santos, nos dividimos-lhes a terra, a família e a Vida no maldito Mapa Cor-de-Rosa. Talvez devessemos sair de Africa, para sempre, e não usarmos mais a anti-pedagógica Ajuda Humanitária como desculpa para continuarmos a explora-los .
Aos 30% que desejam ser espanhóis sugiro que parem para pensar. Será que querem pertencer a um pais dividido em 7 ou 8 Identidades diferentes?Será que e bom viver com medo da ETA? E os 900E que eles recebem, em media?
Vale a pena vender a alma por isto? E como pensam gerir as Saudades?(se tiverem alguma estratégia comuniquem-me.Preciso muito.)

Não obstante todo este cenário pouco perfeito quero dizer-vos que não presenciei qualquer violência física nos Balcãs. Tudo o que vi são marcas de uma guerra que, enfim, acabou.
Conheci gente da Bósnia, da Herzegovina, da Servia. A maioria bastante agradáveis.E todo este tempo senti saudades da Macedónia. Começo a acha-los cada vez mais parecidos com "o meu Sul". Poleka, Poleka, que com o tempo isto vai la!!

1 comentário:

Anónimo disse...

Há quem aos 25anos pense em casar e ter filhos ou muitas vezes com uma boa cunha arranjar um bom emprego que lhe venha a garantir um bom futuro enfim é o que se chama livre arbitrio o que vemos fazer esta nossa amiguinha que com a mesma idade procura emoções de outro genero povoadas de sonho por acreditar na humanidade que outros fazem crescer casando e tendo filhos o que ela conta que vive por esse mundo maltratado são decerto experiencias de vida que todos nós no mais secreto do nosso ser tambem gostariamos de viver mas não nos atrevemos a confessar .Por isso e porque sei o ser humano que ela é so lhe desejo coragem e que continue a creditar no seu projecto de vida pois assim decerto acabara por arrastar consigo outros para as causas perdidas a partida e que ela e felizmente muitos outros como ela acreditam.La diz o Pedro Barroso
(VIVA QUEM SONHA QUE QUEM SONHA É QUEM DIZ QUEM O QUE VAI NO PEITO NO PEITO VAI-LHE UM PAIS).