domingo, 30 de novembro de 2014

Feijoada brasileira num Irish Pub

Na Estauce Street, no coração do Temple Bar, há um típico irish pub que esconde um “segredo” no seu interior. Entramos e imediatamente apertamos os olhos na expectativas de que se acostumem à tipica penumbra que caracteriza os pub irlandeses. As paredes estão forradas com velhos flyers de bandas rock n´roll old school. Logo à entrada há um enorme dos Guns n´Roses, por debaixo de um espelho posto gentilmente para que as senhoras se possam admirar e repintar os lábios (digo eu que é com esse propósito). À esquerda está um palco e logo depois um balcão enorme com cadeiras de pele dispostas a toda à volta. Por detrás um barman, um jovem roqueiro com barbas à zztop. À altura da cabeça dele há uma corda onde estão pendurados uma centena de soutiens que as clientes gentilmente cedem para a decoração do espaço.

Aos fins-de-semana não se ouve rock neste típico irish pub, nem se tomam guiness e quase não se ouve falar inglês. As guitarradas são substituitas pelo forró, o duro inglês pelo doce sotaque do português do Brasil e as Guiness por um prato de feijoada com farófia com sabor a comida de mãe. Um dos segredos mais bem guardados de Dublin é, afinal, conhecido por todo o mundo, sobretudo pela comunidade brasileira. Ao fundo do pub há um cantinho dedicado a um buffet de feijoada brasileira. Custa 6 euros o prato servido pelo próprio consumidor ou 8 euros com direito a repetir até rebentar. A bebida não está incluída e pode ser pedida ao simpático barbudo de sotaque impenetrável, mas tudo aquilo a que os admiradores da feijoada brasileira têm direito está lá: feijão preto, feijão manteiga, carnes, arroz no ponto, farófia, legumes, salada e pão.

Segundo as minhas “investigações”, a pessoa responsável por este sucesso, um brasileiro radicado em Dublin, há alguns anos decidiu começar a cozinhar  a feijoada aos fins-de-semana no seu apartamento e a convidar os amigos e os amigos dos amigos. O preço era simbólico e a qualidade boa e rápidamente o passa a palavra começou a atrair mais amigos de amigos de amigos. Uma colega de trabalho brasileira a quem comentei o caso contou-me que ela chegou a ir a casa desse tal patricio, sem o conhecer de lado nenhum. Havia uma fila grande nas escadas do prédio onde ele vivia e a feijoada era comida no colo, nos sofás ou nas cadeiras da sala de estar entre molduras com fotos de família e almofadas decorativas. Depois a coisa foi crescendo até chegar ao The Mezz, no centro de Dublin.

Recomendo vivamente pela qualidade e porque é muito mais barato que a maioria dos restaurantes dublinenses, muitos com um menú bastante mais pobre.

Na mesma rua aos fins-de-semana há também um mercado de comidas do mundo e uma loja vintage que eu adoro e que tem os vestidos de festa mais incrivéis.

a feijoada

o palco ao fundo com música ao vivo

o balcão e os soutiens 



sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Outra forma de maus-tratos sobre as crianças


Li no blog da famosa Pipoca a história do Miguel, um pai que está impedido de ver o filho, porque a mãe da criança entendeu que deveria ser assim.
Todas as histórias têm duas ou mais versões, segundo o número de intervenientes. Talvez o Miguel não seja tão inocente como à primeira vista deixa transparecer, no entanto, a menos que seja um potencial perigo para o filho, não existe nenhum motivo aparentemente plausível que justifique o comportamento da mãe. Aparentemente este pai é um “gajo normal”. De qualquer forma, mesmo que este pai não seja tão “normal” como aparenta, o filho de sete anos é que sofre o efeito borboleta da relação entre os pais desavindos. E este comportamento entre casais divorciados repete-se demasiadas vezes. Ora por uns motivos, ora por outros, a criança é que paga as favas. Segundo especialistas, a infância é a fase mais importante na formação do carácter, assim como é a fase onde se fomentam os pilares que vai ter quando se tornar adulta. Nem é preciso ser assim tão especialista para perceber que é tal e qual. A cabeça das crianças é uma esponjinha que absorve o que lhe vamos dando. Então porquê é que lhes damos coisas más?

Aos trinta e um anos já passei pela fase dos casamentos, i.e, dos amigos que se casaram ao dois e três durante meia dúzia de verões. Depois veio a fase do babyboom e por aí ainda andamos. Infelizmente, já tenho também alguns amigos que passaram a uma das fases seguintes, que obviamente não é uma fase de passagem obrigatória, o divórcio.
Bom, este caso do Miguel chamou-me muito a atenção por uma situação que vivi há cerca dum ano. Um amigo de infância com quem falava frequentemente por telefone, durante meses foi-me contando o dia-a-dia numa família à beira da separação, a dele. Nalgum momento ele sentiu que já não estava a conseguir conectar com a esposa. Segundo ele, tentou falar com ela várias vezes sobre a forma como se sentia. Parece que as coisas continuavam sem funcionar e ele percebeu que já não gostava dela, a filha que ambos têm era pequena mas já começava a perceber muitas coisas, ele não queria que ela crescesse num lar sem amor e decidiu pedir o divórcio. Para ele a família é o mais importante, portanto foi uma decisão dificil.
A esposa recusou-se a aceitar, embora pouco ou nada fizesse para conquistar o amor dele (nestas situações in extremis muitas mulheres recorrem ao golpe da barriga...foi mais ou menos o que poderia ter acontecido). O ambiente foi ficando cada vez mais dificil e o final era quase previsível. Não vou entrar em detalhes mas as coisas não acabaram bem entre ambos. Por fim, estava cada um para seu lado, em casas separadas, cada um com o seu sofrimento. Não a conheço e não sei qual é a versão dela. Com certeza tem uma e sei também que o meu amigo não é um santo. Mesmo assim, ao longo do ultimo ano, de todas as vezes que falei com ele e perguntei pela filha a resposta era sempre idêntica. Penso que vocês já sabem qual é.  A ex-mulher não só não assinava os papéis do divórcio, como também não o deixava ver a filha. Ou deixava muito raramente mas na presença de terceiros, ou deixava falar ao telefone umas vezes sim, outras vezes não, ou fazia ameaças etc...
Há dois meses que não tenho notícias. Nessa altura o meu amigo estava contente porque podia falar com a filha ao telefone todos os dias. Durante todo este tempo não houve uma ordem do tribunal que o impedisse de estar com a filha, mas ele não quis forçar a situação para que tudo não ficasse pior. Na minha opinião, o pior que poderia acontecer numa situação destas seria que eles se reconciliassem como casal. Por muito boa vontade que tenham, dúvido que seja possível perdoar algo assim. Mas a verdade é que estou sempre à espera que ele me escreva a contar que as coisas se “recompuseram”. Sinceramente, oxalá que não. Nem eles se merecem um ao outro, nem nenhuma criança merece ser tratada como bola de ping-pong ou arma de arremesso entre dois adultos que padecem dos mais variados problemas, tais como auto-estima. 

Sei o que é levar com os pés e sei que doi muito e abala de todo o amor própio, sobretudo quando ainda gostamos e queremos mais. Não sei o que é ser mãe, ter à minha responsabilidade uma criança e achar que tenho o  poder de decidir se está ou não com o pai. Sei o que é crescer numa familia com pais divorciados. Os meus pais divorciaram-se quando eu tinha cerca de quatro anos. Nunca os vi juntos. Ouvi-os queixaram-se um do outro algumas vezes (e com razão). Senti o sofrimento do meu pai por não poder ter a custódia partilhada. Naqueles tempos os juízes davam a custódia total às mães e o meu pai vivia no estrangeiro, portanto nem sequer se punha essa questão. Nunca a minha mãe nos impediu de passar as férias com o meu pai. Ele só precisava avisar quando chegava e lá estávamos nós, de vestido bonito à espera dele. Não ouvi gritos, nem vi empurrões entre os meus pais (talvez os houvesse mas eu não me lembro). Naõ foi sempre tudo pacifico. Na esponjinha duma criança com pais divorciados há sempre “purpurinas” e perlimpimpins familiares que nunca chegam a ser absorvidos. Falta alguma magia, muitas vezes responsável pelos tropeções que damos em adultos. Parece que procuramos sempre alguma coisa, alguma emoção que perdemos algures e que jamais vamos encontrar, porque só se é criança uma vez. É a derradeira oportunidade para aqueles que nos fizeram, nos criaram e nos amam, fazerem de nós gente boa, sólida e segura, independentemente da confusão que possa ser a vida dum casal em conflito.


Não sei porque vim com este tema aqui para o blog. Não sei se o meu amigo me lê. Se lê talvez fique chateado por contar a história dele. Não me importa. Só desejo que o Miguel e o meu amigo se possam reunir com os filhos que amam e que os deixem ser pais dessas duas crianças. Que a vida não lhes poupe mais a magia da purpurina. Eles e todos os outros, pais e filhos, que se encontrem na mesma situação...


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Spotify

OMG! Existe uma "coisa" chamada Spotify e eu não sabia...
Trata-se duma aplicação para ouvir música. A música pode ser ouvida gratuitamente, mas nesse caso só em áreas com wi-fi e temos de levar com publicidade de cinco em cinco faixas, ou mediante pagamento podemos adquirir o Premium e nesse caso a música fica gravada no dispositivo e sem publicidade pelo meio.
Eu ainda não decidi se vou pagar ou não a mensalidade. Por enquanto oiço a música em modo "Aleatório", ou seja, aquilo que o Spotify bem entender. Não posso escolher eu a faixa que me apetece ouvir. Mesmo assim estou a adorar e já conheci uma série de novos artistas.
Deixo-vos a minha playlist do momento:

- The Black Mamba;
- Suzanna Owiyo (aiii gosto tanto);
- Os Tubarões (este Ildo Lobo acaba com o meu coração);
- Kalevala (da Macedónia);
- Joe (R&B)

fonte:facebook.com

domingo, 23 de novembro de 2014

Papa Francisco

Ay Dios que estoy viciada en él. 
Ojalá no sea sólo más de lo mismo, pero hasta a una no creyente es capaz de dejarle con los pelos de punta. 

Es que le quiero con locura a este viejo boludo. Escuchad lo que dice:



"Las instituiciones son para salir, sino salen la Iglesia se convierte en una ONG"

"Esta civilización mundial se pasó de rosca"

"Espero lío"

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Festa do cinema espanhol volta a Lisboa


Sou descaradamente uma entusiasta de Espanha. Embora seja de todo contra esse sonho esquiziofrénico chamado União Ibérica, acho fantástico cada passinho dado no sentido das duas culturas tão pluripintas, mas ao mesmo tempo tão gémeas entre si, se aproximarem. É tão bom quando Portugal e Espanha se deixam seduzir entre si sem preconceitos e sobranceirismo ou sentimos de inferioridade.

Foi há cinco anos quando assisti à primeira mostra de cinema espanhol, no Cinema São Jorge. Naquele ano “Ay Carmela” e “14 Kilómetros” ficaram gravados na minha retina, creio que para sempre.
Estava a pouco mais de dois meses de partir para Espanha e, nas horas vagas, dedicava-me a ser autodidata e a aprender espanhol por minha conta, com a preciosa ajuda do Sabina e do Fito. Vivia no Largo de São Carlos e partilhava casa com a Denise, a Sónia, a Lisa, o Mimi e um rato não convidado. A Bea tinha partido depois do DocLisboa dedicado aos nossos amados Balcãs. Quando perguntava aos meus amigos espanhóis referências cinematográficas de cinema espanhol todos me diziam que me deixasse disso, que o cinema espanhol era só mamas, cús e drogados, em suma, nada digno de memória.
Não foi exactamente o que senti naquela noite lisboeta de Outono quando me dirigi à minha casa no Chiado abalada pela perfomance da Carmen Maura e uma abordagem tão directa à Guerra Civil Espanhola. Nessa noite acenderam-se vários interruptores na minha alma que até hoje, felizmente, continuam acesos, tais como a minha paixão legionária pelo cinema espanhol.
Mais tarde, já em Madrid e com o cartão da biblioteca municipal, requisitei dezenas de filmes. Escolhia ao calhas e, como os espanhóis, não consomem cinema nacional, normalmente tinha todos os filmes disponivéis para mim. Alguns foram autênticas banhadas, outros fomentaram a minha fidelidade. Arrisquei-me fora de Espanha, experimentei o cinema hispânico e tropeçei no Ricardo Darín: “El secreto de tus ojos”, “El baile de la Victória”, “Kamchatka” e “El hijo de la novia”, este último aborda o Alzheimer e, por razões muito pessoais, fez-me chorar o tempo todo. Mas há tantas referências e tão bons actores. “Lunes al Sol”, com o Bardem e o Luis Tosar. “Los santos inocentes” e “Las verdes praderas”, com Alfredo Landa etc...

O cinema espanhol está de volta a Lisboa. Este ano não vou estar lá mas deixo-vos aqui o link do anúncio, porque o site ainda não está disponível. Vai decorrer entre os dias 5 e 9 de Dezembro, em Lisboa e no Porto, e este ano há muitos mais filmes que nos certames anteriores.
Felizmente, nesse fim-de-semana, vou receber em Dublín a visita dum amigo lisboeta, também ele entusiasta da cultura espanhola. Somos tão cromos que muitas vezes falamos em espanhol e, portanto não dúvido que faremos uma homenagem à nossa maneira a esse mundo que tanto nos apraz.



"3 bodas de más": vi este filme no festival do ano passado e posso afirmar que a história dessa muchacha podia muito bem ser a minha...muito resumidamente, ela tem muitos namorados, todas as relações acabam e ela vai-se tornando amiga e confidente de todos. Vai sendo convidada para ir aos casamentos deles e parece que a felicidade insiste em não lhe bater à porta, até que...



segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Dress Code

Uma das cláusulas do meu contrato diz respeito ao dress code. Supostamente a aparência deve ser cuidada e formal e, nas alíneas, referem-se expressamente ao tipo de roupa que devemos utilizar. Também por essa cláusula, antes de começar a trabalhar, eu, a rapariga informal, fui a correr a Lisboa buscar alguns blazers e comprar coisas novas. Contudo, acho incrível o conceito de formalidade e elegância de alguns colegas. Vi mamanas moçambicanas com a capulana amarrada bastante mais formais e bem parecidas quando comparadas com aquilo que vejo diáriamente lá no escritório. E olhem que eu estou logo à entrada duma sala onde trabalham mais de cinquenta pessoas, por isso vejo muita coisa...




domingo, 16 de novembro de 2014

Começou a temporada gastronómica




Para mim um novo capítulo não está ainda sobre carris até ter a minha cozinha a funcionar, com as minhas receitas das quais só eu entendo e que improviso no momento. Posso, pois, anunciar que este fim-de-semana iniciei definitivamente uma nova fase da minha vida: novo trabalho, nova língua, nova cidade, novos vizinhos, novos amigos e nova cozinha. Deixo-vos a receita do primeiro prato inventado:

Nuevo Pisto Dublinense:
- refogado com azeite e muita cebola;
- adicionei, depois, pimento vermelho e courgette picadinhos;
- mais tarde, cogumelos também picadinhos;
- deixei suar bem e, entretanto, adicionei alho em pó. Nunca ponho sal;
- juntei grão;
-à parte cozi massa integral durante 9 minutos para ficar al´dente;
- cortei beterrada em vacum às rodelas;
- queijo feta em cubinhos;
-Hummus que já estava a ponto de passar de prazo;
- fiz chá verde (que deve ser bebido morno);
-acendi uma vela e ouvi isto com muito gosto.

E tudo isto com um sorriso não forçado na cara :)

sábado, 15 de novembro de 2014

Playlist ÁFRICA

Enquanto conto os dias para voltar a esse lugar mágico chamado África vou desfrutando da minha nova playlist:



sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Cheers

Chegou ao fim a minha primeira semana de trabalho na Irlanda. Foi óptima e promete ser a primeira de muitas semanas dinâmicas e atarefadas. Para mim e por mim, um presente de Sexta-feira  à noite:

Kaki, coconut rolls e Ribera del Duero

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Lisboa nunca é demais...

Praça da Figueira 6.11.14
Volto e parto outra vez e de cada vez que volto sinto que sou um vaivém espacial mal sucedido porque por muito que tente levantar voo, cada vez que dou de caras com Lisboa, espatifo-me toda no chão.

Talvez fosse o ar Outonal que a acompanhava reverendamente, deixando-a perdida entre o fumo das castanhas, como uma miragem, o certo é que assim que saí pela porta da Estação do Rossio, pensei “Oh my God és tão linda Lisboa”. Bom, não seria por algo tão concreto como a estação do ano, porque eu tenho sempre essa mesma sensação mesmo que seja no pico do Verão. Lisboa continua a ser a cidade mais bonita onde vivi e que visitei. É majestosa sem que seja necessário ser imperial. Uma metáfora do próprio fado do povo, dos bairros pobres.

E à noite, depois de ter passado o dia entre conversas e bicas com amigos que tiraram preciosos minutos dos seus dias para me verem, caminhei desde as Portas de Santo Antão até ao Cais e subi pelo Alecrim, baixei o Chiado e fui dar ao Rossio, com a mesma sensação de estupefação que Lisboa me provoca sempre, quando vivo e não vivo nela. Na última temporada que passei em Portugal, quando me aborrecia de ver o Tejo e o Panteão da minha janela da Penha de França, descia à cidade e passava longas horas a caminhar por essas ruas, sem jamais me aborrecer. Sou uma frikie de Lisboa e, até hoje, só encontrei um frikie como eu, que me acompanhava mano a mano nessas deambulações citadinas e sem horas( Diogo, o que será feito de ti louco?)

Casa do Alentejo

Com a Ruth tomei um moscatél na Casa do Alentejo, nas Portas de Santo Antão. Já não ia lá há alguns anos e encontrei algumas novidades. A lojinha continua lá, assim como o toucador, aka, W.C feminino no seu melhor estilo frou-frou. Contudo, parece que o restaurante do primeiro andar está fechado, tendo sido substítuido por uma tasquinha que está no R/C à direita, assim que terminamos de subir as escadas.
Não vou falar outra vez da minha congénita paixão pelo Alentejo. Embora ache que este antigo palacete estilo mourisco fica muito aquém das pobres casas de adobe das minhas tias velhinhas, a intenção é a melhor e desde os cantares alentejanos que dão a música ambiente ao edifício, até aos queijinhos conservados em azeite (como deve de ser), a Casa do Alentejo é o sítio perfeito para se ter uma conversa em sussurro com a mais genuína intenção de mudar o mundo, sabendo à partida que não o mudaremos. Mas as mulheres somos assim, quando nos juntamos, sem nos darmos conta, já estamos a fazer a diferença.


fonte: manuelacolaco.blogspot.ie
Descontos no cinema

No Sábado foi a vez de me dedicar às minhas pessoas preferidas. Perguntei o que queriam fazer no meu último dia  e sugeri que fossemos ao teatro. Qual não foi o meu espanto, quando muito encabulados, acabaram por admitir que não gostam nada de teatro. Fiquei com o coração partido porque adoro teatro e gostava que eles adorassem também, mas ao mesmo tempo agradeci a sinceridade. A sinceridade é sempre a melhor recompensa e o melhor remédio para tudo. Por isso, e depois de pormos os pontos nos is, dedicámo-nos a uma tarde de cinema no Cascaisshopping.
Não sei se sabem, mas há uma série de cinemas que fazem desconto no segundo bilhete ou até o oferecem mediante apresentação do cartão Nos ou do cartão da CGD. O cartão do Sporting também dá direito a 50% de desconto num bilhete. Como as três entradas foram tão baratas, comprámos um grande balde de pipocas e um IceTea gigante e divertimo-nos como loucos a ver “Os Monstros dasCaixas” e a fazer  blhherk de cada vez que o “Larápio” inchava. Para aqueles que não querem gastar dinheiro nos extras, sugiro que comprem as pipocas doces do Pingo Doce. Custam uma pechincha e são muito melhores que as dos cinemas.

Para aqueles que gostam de levar as crianças ao teatro, sugiro que consultem aqui a agenda do grupo de teatro Chão do Olivo, em Sintra.


E ainda...

1. Já há algum tempo que me perguntava porque chamam Terreiro do Paço à Praça do Comércio. Descobri que antes do terramoto de 1755, os reis habitavam os edifícios amarelos e, portanto, era o Paço. Depois do terramoto, foi construído um palacete provisório na Ajuda, ao qual chamaram "a real barraca" por o mesmo ser de madeira. Mais tarde, "a barraca" ardeu, e os reis com receio dum novo terramoto e, não querendo misturar-se com a plebe que negociava com os barcos de comérico chegados ao Terreiro do Paço, decidiram fixar residência oficial em Queluz ou Mafra. Assim, o espaço ficou reservado às transações comerciais e, daí, passou a designar-se Praça do Comércio.  Mais tarde, já no século XX, albergou diferentes ministérios públicos. Hoje em dia é um espaço de consumo(para ricos) e lazer. A nossa Praça do Comércio é um espaço metamórfico e uma espécie de museu a céu aberto. Estando debaixo do Arco a olhar para o rio como se a Praça fosse um quadrado, sugiro que visitem os cantores inferiores esquerdo e direito. Vão tropeçar na História...

2. Na Culturgest começa dia 19 deste mês a Festa do Cinema Romeno. Não sei se todos podem entender o humor balcânico e surreal dos filmes romenos, mas um olhar sem preconceito pode revelar uma grande e divertida surpresa. Vejam aqui a programação. Adoro este filme, que embora não sendo romeno, foi gravado na Roménia e vai muito ao encontro do tipo de filmes que se fazem por lá.

Praça do Comércio 6.11.14


domingo, 9 de novembro de 2014

Alguém consegue partir sem olhar para trás?


Portela, 9 de Novembro de 2014
Hoje enquanto esperava na fila do check-in pude observar dois tipos de passageiros que iam subir ao mesmo avião que eu. Por um lado os irlandeses a quem se acabavam as férias, já àquela hora da manhã a cheirarem a alcóol, de calções curtos e chinelos (não todos). Por outro lado os portugueses que emigram. Embora a comunicação social insista que são os jovens recém-licenciados os que mais emigram, isso não é certo. Eu vi algumas pessoas com mais de quarenta anos na fila do check-in, com a já costumada mala de medidas exactas, com um ar pouco animado de quem não vai de férias.

De uma forma geral o discurso é o mesmo, independentemente da idade. E vai mais além do lírico queixume lusitano. Hoje dizia uma rapariga com uns 35 anos, emigrada na Escócia "A mim o que mais me custa é deixar este clima maravilhoso e ir para o meio daquele nevoeiro"
Quem me conhece e quem me lê sabe que sou emigrante por opção, que adoro a minha mochila e as minhas aventuras, mas cada vez mais me custa partir. Talvez por cansaço de andar para cá e para lá, talvez por tantas coisas, mas cada vez é mais complicado. Ao contrário do que alguns amigos me dizem quando me vêm mais desanimada "tu vais mas podes sempre voltar que aqui é a tua terra", a verdade é que não é bem assim. Quem está fora, sabe que a opção in extremis não é voltar. Voltar é para ficar pior. Mesmo que o trabalho que nos espera no estrangeiro esteja desenhado para mão-de-obra não-qualificada, sempre permite ter uma vida mais digna do que aquela que teríamos no nosso Portugal a exercer funções para as quais nos preparámos numa universidade. E os que somos solteiros vemos o panorama ainda mais negro porque não temos com quem partilhar nem as misérias, nem as contas.

Quanto mais viajo, mais reparo no potencial do país. E fico triste por saber que dificilmente voltarei à minha terra. Mesmo que o meu exílio não se faça nestas terras de nevoeiro (e não se fará com toda a certeza), creio que não estou destinada ou preparada para viver a minha vida nessa miséria consentida. 

Então, por agora só nos resta viver reféns no estrangeiro. Portugal é o nosso inimigo, o nosso carrasco, liderado por um "cascais" que andou na faculdade até aos quarenta sem jamais ter trabalhado, esteve indiciado por crime de violência doméstica e passou por clínicas de desintoxicação...Visto de fora o quadro é desmotivante.

eu e a minha mãe estamos na parte branca :)

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Insólitos Irlanda #7

Depois das sanitas aquecidas no Qatar, agora é a vez do aeroporto de Dublín ter placas alisadoras de cabelos nos W.C. de Senhoras.


quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Pongamos que hablo de Madrid

Cibeles e Correos
"Estás en mi lista de sueños cumplidos" 
Boa Mistura

Quantas vezes vos falei de Madrid? Acredito que a maioria dessas vezes tenham sido coisas boas, maravilhosas, embora me lembre de uma vez ter passado por aqui e ter dito que algo de estranho me passava porque eu não me estava a divertir em Madrid. Hoje em dia já sei qual era o meu "problema" e Madrid, óbviamente, não era a culpada.
E de pensar que Madrid foi um imprevisto na minha vida...a Bolsa já estava ganha, estava tudo pensado para eu ir para Sevilha e aquele e-mail inesperado onde me informavaram que "ah..pois..afinal..não pode estagiar no Consulado de Portugal...". Depois de meses a correr atrás dessa oportunidade não a ia deixar escapar. Faltei ao trabalho e sentei-me toda a tarde no Costa, da Baixa ( e nesse dia conheci uma das minhas almas gémeas, o meu amigo Jan). Enviei centenas de e-mails a centenas de fundações espanholas. Recebi alguns feed-backs e foi a Guadalupe, da África Directo que me convenceu a ir para Madrid. Pensei que as coisas fossem mais dificiéis. A bolsa era de 600€ e metade ia para a renda. Tinha tudo para dar errado mas Madrid facilitou tudo...

A relação que me une a esta cidade inesperada é diferente da que me une a Lisboa. Madrid é ritmo, Lisboa é poesia...Madrid é ruído e movimento, Lisboa é serenidade e delicadeza. Lisboa sofreu e é hoje uma boémia madura. Madrid nem por isso. O melhor de tudo é que uma não substitui a outra, portanto posso estar apaixonada pelas duas sem que se considere infidelidade.

Voltei, pois, a Madrid. Embora saiba que Madrid, reflexo metafórico do seu ritmo alucinante, passa quase directamente do Verão para o Inverno, esperava ainda assim encontrar algum vestígio do Outono. A cidade recebeu-me com vinte e tantos graus e ter-me-ia zangado com ela, não fossem as noites um convite a sair sem casaco. E saí.

Encontrei-a mais fashionista e, reflexo da "crise mentirosa" que levou à ruina tantos empresários de toda la vida, com menos bares castiços e sujos, substituido por outros que deturpam a alma madrileña e, entre outras coisas, cobram 3,50€ por um Rioja servido numa taça-espécie-de-cinzeiro sem tapa, sequer umas míseras batatas fritas de pacote embebidas em óleo rasca. La Latina foi invadida por este espírito. Menos mal que ainda existem tavernas como "El Diamante", mesmo à saída do metro.


bar altamente NÃO-RECOMENDADO na La Latina


Mercado de San Fernando

Tapapiés, SanFernando
O espírito do mercado de bairro tem tudo a ver com os tempos de (suposta) crise que vivemos. Num mundo onde há escassez de alimentos é quase um crime ir ao supermercado e comprar um tabuleiro de seis bifes quando sabemos à partida que só vamos comer quatro; comprar queijo embutido e deixar que crie bolor num canto do frigorifico. O mercado de bairro apresenta-se assim como uma alternativa à compra massiva e despersonalizada. Supõe-se que só compramos o que realmente precisamos e fazemo-lo de forma personalizada e humana. No mercado do meu bairro, em Madrid, a vendedora oferecia-me as ervas aromáticas e ensinava-me receitas de cozinha.

O Mercado de SanFernando encontra-se em processo de abrir portas hà dois anos,i.e, aos pouquinhos vai-se rehabilitando, enchendo de espaços, ideias e caras novas que convivem com as caras de sempre, e sempre ao melhor estilo de Lavapiés. Ao contrário do  primo chique (e óptimo) Mercado de SanMiguel, este novo/velho mercado está pensado para as gentes daquele bairro e o ambiente, como seria de esperar, é bastante alternativo.
Faltou-me tempo para visitar as instalações porque tinha muita fome, muitas conversas para pôr em dia e o dia estava tão agradável que nos convidou descaradamente a ficarmos sentados na escadaria frontal com as tapas no colo (só por este detalhe já podem ver a diferença SanFernando vs. San Miguel).
Mesmo assim investiguei um bocadinho e sei que há uma livraria na qual o preço do livro é estabelecido de acordo com o peso do mesmo. Uma livraria daquelas típicas de Lavapiés para espíritos que sonham diferente e que acreditam nessa tal Liberdade...
E há também uma inovadora loja de coméstica natural criada e gerida por uma botânica e uma química. Não só ajudam a fazer um diagnóstico das necessidades da nossa pele, como criam uma fórmula específica para cada pele que permite desintoxicar a pele das porcarias que nos pomos e hidratar de acordo com as características da mesma.

O Mercado de SanFernando tem força para ser um espaço in alternativo. Eu adorei e dou nota 10!

Madrid das pastelarias: bom ou mau?


Bica e Pastéis de Nata na Plaza Mayor
Quando vivía em Madrid sentia sempre saudades dos encontros nas pastelarias. Ao contrário dos portugueses, que se encontram para "tomar um cafezinho", os espanhóis encontram-se para "tomar una caña". Ao pequeno-almoço comem porras com café e o mais próximo ao bolo de pastelaria que têm são as napolitanas de chocolate e donuts cheios de açúcar. As coisas mudaram e desta vez encontrei Madrid com novas pastelarias que ocupam espaços que outrora foram bares de toda la vida.
Por um lado fiquei satisfeita de ver que os hábitos mudam, por outro lado sinto certa nostalgia desses lugares que deixaram de existir, cheios de papéis e caroços de azeitonas no chão, agora substituídos por sumptuosas montras cheias de luz artificial, brilho e açúcar refinado. Por exemplo, na Plaza Mayor abriu uma sucursal do "Melhor Pastel de Nata do mundo" e, por fiiiiim, Madrid tem uma bica decente e a um preço normal (nunca tão barata como em Portugal).

Resumindo, Madrid continua igual a si própria. Não tive oportunidade de conhecer muitos espaços novos, mas adorei rever amigos e sentir a energia pujante dessa aldeia castiça. Sol contínua a parir gente, o "Tio Pepe" continua lá apesar de ter mudado de casa, os empregados do El Corte Inglés continuam a achar que são parentes da Rainha Sofia, as tapas continuam a fazer arder o estômago e uma clara será sempre uma clara, mas só se for em Madrid.

O calor dos amigos de verdade

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

un libro es un amigo de todas las horas


"Tenéis que estudiar y que aprender para poder llegar a vuestras proprias conclusiones sobre la Historia y sobre todo lo demás, pero no podéis llegar a conclusiones si tenéis la mente vacía. Amueblaos la mente.Es vuestro tesoro, y nadie en el mundo puede entrometrerse en ella. Si os tocase la lotería y os compraseis una casa que necesitase muebles,¿la llenariais de trastos viejos de la basura? Vuestra mente es vuestra casa, y si la llenais de basura de los cisnes se os pudrirá en la cabeza.Podéis ser pobres, podéis tener rotos los zapatos, pero vuestra mente es un palacio"

domingo, 2 de novembro de 2014

Fito tiene un color especial...

Soube há pouco que um dos meus poetas favoritos voltou a pegar na guitarra e a compôr lições de vida.

"Soy el autor de mis heridas, que me importa si es mentira la verdad es que me hacen daño si el corazón se te hace migas, la tristeza cada día, viene y come de tu mano.
Se que tengo que olvidar este frío mes de enero, luego volveré a brillar de nuevo."
Pájaros dicecados

Fito e os Fitipaldis têm um novo disco e, em apenas meia dúzia de dias, já o devorei duma ponta à outra e já tenho as minhas preferências. Às vezes tenho a presunção que ele escreve inspirado na minha vida.

"No encontrar el equilibro Y agarrarse 
Lo contrario de vivir es no arriesgarse"
Entre la espalda y la pared

Obrigada Álvaro por há muitos anos teres partilhado no FB "Catorce vidas son dos gatos".

sábado, 1 de novembro de 2014

O dia do pai é quando um Homem quiser

Tenho saudades desses olhos grandes, cheios de emoções, que se enchiam de lágrimas com uma gargalhada e me diziam "és a minha luz"...

E que me perdoem a ingenuidade mas um dos Direitos Universais das Crianças devia ser ter um pai com olhos bonitos.